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Visita de ministro de Bahrein a Israel

Por David S. Moran

Na última quarta-feira (18), o Ministro do Exterior de Bahrein, Dr. Abed a-Latif a Ziani veio a Israel, a frente de uma delegação de 20 pessoas, dando o sinal do estreitamento das relações entre o Estado de Israel e os países do mundo árabe.

Estes estão acordando, após longos anos de hostilidades, agora reconhecendo as vantagens que estas relações podem trazer a ambas as partes.

O Presidente do Egito, Sadat, quando decidiu fazer o acordo de paz com Israel, em 1979, veio a Jerusalém. Depois do seu assassinato, o seu sucessor, Mubaraq, durante todos os 30 anos de sua presidência (1981-2011), recusou-se a visitar Jerusalém, apesar de que visitou oficialmente o Estado Judeu algumas vezes.

Já o ministro de Bahrein, que passou em Israel, apenas algumas horas, para encontros oficiais, veio a Capital de Israel.

O visitante encontrou-se com seu colega, o Ministro do Exterior de Israel, Gabi Ashkenazi e lhe enfatizou: “o rei e o povo de Bahrein querem paz para todos … nós abriremos Embaixada em Israel … durante todos os encontros que tive aqui, senti que esta paz será calorosa e vai beneficiar os dois povos”.Ashkenazi foi convidado por a-Ziani visitar o Bahrein, daqui a duas semanas, para participar do Congresso Internacional em Assuntos de Segurança. Evidentemente que o ilustre visitante teve encontros com o Presidente de Israel, Rubi Rivlin, que lhe presenteou um Corão traduzido pelo seu pai, Prof. Yossef Yoel Rivlin, conceituado orientalista, que lecionou na Universidade Hebraica de Jerusalém. Pouco depois, teve encontro com o Primeiro Ministro, Benjamin Netanyahu.

As mudanças geopolíticas no Oriente Médio tiveram mais uma evidência no encontro paralelo que o rei da Jordânia, Abdullah fez aos Emirados, encontrando-se com o rei de Bahrein, Hamad Bin Issa Al Khalifa e o príncipe regente dos Emirados, Mohammed Bin Zayed. Os países árabes mais moderados e sunitas receiam, talvez mais do que o Estado de Israel, de que o novo governo, recém eleito, do Joe Biden, não seja tão enérgico contra o Irã quanto as ações efetivas que o presidente Trump adotou. Os três líderes árabes tiveram este item em sua agenda, bem como a sugestão de que Bahrein intermedeia o reinício das negociações entre Israel e os palestinos.

Não só as questões politicas estão em andamento. Delegações de industriais, ciências, agricultura já visitaram os Emirados e Bahrein. Representantes de indústrias tecnológicas e do ramo da aviação e turístico também sabem que os israelenses, na hora que der, avançarão a estes países. A El Al, Arkia, Israair, de um lado e as companhias aéreas Emirates e Etihad já estão negociando voos diretos e de conexão. Espera-se que estas companhias saibam aproveitar o nome, luxo e preços para desbancar a Turkish Airlines da primazia de voos e passageiros, entre Israel e o mundo. Foram assinados acordos entre estes países e Israel, que isentam os seus habitantes de visto de entrada. Além do mais, a América Latina, África e o Extremo Oriente ficaram mais próximos de Israel, ao encurtar em cerca de 3 horas os voos, por voarem acima da Arábia Saudita, Emirados, ou Sudão. Também foi assinado acordo entre o INSS (Instituto de Estudos de Segurança Nacional) e seu homólogo dos Emirados.

Nos países árabes já se levantam vozes questionando o porquê de durante décadas os seus países terem apoiado a “causa palestina”, terem lhes dadod bilhões em ajuda e aonde eles chegaram.

O líder e fundador do Movimento de Libertação do Sudão, Abed al Wahןid al Nur, opositor do regime anterior e ditatorial, já visitou Israel, em 2009 (abertamente). Em recente entrevista a TV France24, em árabe (26.10.2020), critica duramente o pan-arabismo que foi uma mentira. “Nós (sudaneses) temos que cuidar de nós mesmos, antes de cuidar dos palestinos” (MEMRI, 10.11.2020).

O escritor saudita, Abdelhameed al Ghobain (foto ao lado), em entrevista a TV BBC, em árabe, critica os palestinos, “que sempre estão perdendo … não contribuíram em nada … se você for às escolas na Arábia Saudita, os estudantes te dirão que são indiferentes a ‘causa palestina’ … nos últimos dois anos, as pessoas dizem que não mais se importam com os palestinos e os árabes em geral … temos que dirigir nossas relações e cuidar dos nossos interesses estratégicos, futuros interesses econômicos, para manter real relações com o Estado de Israel. Este país é avançado e nós, sauditas, podemos nos beneficiar com isto. A Turquia estabeleceu relações com Israel e prosperou, enquanto a Liga Árabe emitiu notas que não tem que ceder. Temos que lidar com a realidade … relações quentes com Israel”.

Os palestinos criticam duramente os líderes dos países que normalizam relações com o Estado de Israel e ameaçam outros, a não os seguirem. Abbas Zaki, da liderança da Fatah, advertiu (24.10): “se a Arábia Saudita normalizar relações, não terá mais a Kaaba [o lugar mais sagrado ao islão, a pedra negra, em Meca] e não haverá mais a mesquita do Profeta [em Medina] e seu futuro será escuro”. As duras palavras geraram muitas críticas, e até Mahmoud Abbas teve que esclarecer que a declaração do Zaki, não representa a Autoridade Palestina.

Entre os palestinos levantaram-se vozes opostas, como a de Ziad abu Ziad, Abed al Majid e Nabil Amrou, que escreveram que estas ameaças e xingamentos criam antagonismo entre os palestinos e os países árabes, incentivando-os a normalização com Israel.

Nestas circunstâncias e com sua crise política, econômica e pandêmica, mesmo antes de saber o resultado das eleições presidenciais americanas, Abbas, só procurou uma escada para descer da árvore. Pediu a Israel uma declaração que ainda está comprometida a acordos com a Autoridade Palestina. O General Kamil Abu Rukun, comandante da Coordenação das Forças Armadas de Israel com os palestinos, lhes deu esta declaração. Foi o suficiente para Abbas declarar o reinicio da coordenação entre o Exército israelense e a Segurança palestina e que aceita a transferência de cerca de quatro bilhões de shkalim, recolhidos por Israel a favor da AP.

Estas ações foram condenadas pela Hamas e Jihad Islâmica. Só para entendermos as prioridades: a Faixa de Gaza está com alto índice de desemprego, o povo está sofrendo, mas estas organizações terroristas continuam suas ações bélicas. Vinte túneis já foram descobertos e destruídos. Ultimamente foi anunciado, que um novo e mais profundo túnel foi descoberto na Faixa de Gaza em direção a Israel. Comentaristas acreditam que é para testar o muro erguido em volta de Gaza, com instrumentos tecnológicos para descobrir qualquer movimentação subterrânea. Estes túneis custam muito e o povo passa fome.

O Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, veio na quarta, com o seu colega do Bahrein, de Manama a Israel. É uma viagem de despedida do Pompeo a alguns países da região e também gratidão dos governos de Israel e dos Emirados, Bahrein e Sudão ao seu envolvimento em alcançar a normalização entre os países. Num gesto de despedida, Pompeo viajou à vinícola de Psagot, na Judeia, reiterando que não vê a Judeia e Samaria, como territórios ocupados. Os produtos israelenses produzidos nesta região, que eram rotulados como sendo de “territórios ocupados”, serão agora marcados pelo governo americano como “Produzido em Israel”. Mais do que isto. O governo de Trump declarou que o BDS é uma organização antissemita e cortará verbas americanas de qualquer organismo que apoie o BDS.

Evidentemente que o governo Trump deu grande apoio ao Estado de Israel e mudou o paradigma em relação ao país e todos lhe são profundamente agradecidos.

O novo governo de Biden que entrará na Casa Branca em janeiro, certamente está ciente do pavor de seus aliados árabes na região, de Israel e do Mundo, em relação ao Irã e o perigo deste obter material atômico e agirá de maneira diferente do governo Obama, no qual foi Vice Presidente durante duas gestões. Muita coisa mudou desde então e Biden terá que se ajustar.

Foto: Mark Neiman (GPO)

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