Violência doméstica e novos imigrantes
Por Tzvi Henrique Szajnbrum
Esse não é um artigo sobre um tema teorético, não é um artigo de ficção científica e nem mesmo é um assunto simples. Pelo visto, não parece ser um assunto passageiro e vai estar conosco por muito tempo.
Esse é um artigo que trata de uma situação implicando novos imigrantes que chegaram a Israel nos últimos meses. O problema que irei relatar acontece especialmente com brasileiros.
A realidade da imigração
As informações romanceadas da agência judaica, que não fornece as necessárias explicações do que se deve esperar no novo país, as expectativas dos novos imigrantes e a realidade que encontram em Israel logo na sua chegada, esses fatos fazem com que os novos imigrantes se deparem com que eu chamo de “choque de realidade”.
É esse contraste que está causando grandes e sérios problemas aos novos imigrantes – o choque da realidade.
Quando a pressão é demais
Chegando a Israel, muitos fatores contribuem para uma extrema mudança na infraestrutura familiar. Entre as causas encontramos a dificuldade na adaptação a nova mentalidade, a falta de domínio da língua, falta de uma moradia fixa, a necessidade de ser um exemplo para os filhos (quando há menores envolvidos) e a falta de conhecimento dos trâmites básicos da vida em Israel.
Todos esses fatores aumentam a tensão entre o casal ainda mais se eles já tinham suas divergências antes da imigração. Chegando a Israel, essa pressão se torna insuportável e se o casal não conseguir fazer mudanças drásticas de comportamento, a situação chegará ao ponto de ebulição.
Quando a pressão se torna uma explosão
No começo o casal consegue superar as dificuldades, mas com o tempo a fadiga psicológica aumenta assustadoramente. A força de vontade, a perseverança começa a se dissipar e as relações se deterioram e em algum ponto desse processo, o casal ou um dos cônjuges “perde a cabeça” e pode partir tanto para agressão verbal quanto física.
A partir desse momento as chances de recuperar o que existia de bom no casamento, vai se tornando mais difícil até chegar ao ponto que o casal se dá conta que não é mais possível salvar o casamento.
Advogados não realizam sonhos de clientes e nem fazem milagres
Se você chegou perto desse ponto de ebulição, tome uma atitude antes dessa explosão acontecer – seja realista e procure ajuda imediatamente.
O problema é que as pessoas não procuram ajuda quando deveriam e querem alguém que “traga soluções” ou até mesmo realize “milagres”.
Entendam que advogado não opera milagres e mesmo sendo experiente ele não vai achar a solução ideal, mas sim tentar minimizar os danos. Assistentes sociais não fornecem soluções, mas sim primeiros socorros. Psicólogos podem ajudar, mas esse é um processo demorado e não tem a garantia de eficácia.
Não procure ajuda “depois”, mas sim “antes” do ponto de ebulição
São muitos casos dessa natureza, mas o número de novos imigrantes brasileiros que me procuram é muito desproporcional aos casos do direito de família da população em geral.
O problema é que entre os vários que me procuraram, somente uma minoria chegou a mim ANTES, e a grande maioria chegou bem DEPOIS dos estragos feitos. As vezes o que conseguimos fazer é atenuar os danos, porém na maioria dos casos eles serão irreparáveis.
A polícia não vai ajudar e o casal nunca poderá “mudar de ideia”
Se você fez uma ligação para a assistente social, para a polícia ou somente comentou com alguém, “sobre algo que não deveria” relatando por exemplo que está sofrendo violência doméstica, saiba que desse ponto em diante, não poderá mais voltar atrás; não é possível, pela lei israelense, anular uma queixa e tanto a polícia quanto a promotoria NUNCA irão ignorar essa ocorrência.
Sem entrar no mérito se a lei está correta ou não, o fato é que desse momento em diante sua vida vai mudar drasticamente.
Se você realmente está ameaçada, não vacile por um minuto e procure as autoridades e paralelamente procure assistência jurídica imediatamente. Você precisará de um advogado especialista nessa área e vai ser oneroso, mas se você não pode arcar com a despesa, não se desespere e procure a SIUA MISHPATI (veja o vídeo pertinente no nosso canal). Não será uma ajuda muito eficaz e nem será em português, mas sendo a sua única opção, essa representação poderá fazer a diferença entre um novo começo ou um novo desastre para o núcleo familiar, especialmente quando há menores envolvidos.
Casais, namorados e união estável
Quando eu falo de núcleo familiar estou falando de casais, porém existe um outro problema bem comum entre os brasileiros: a OBSESSÃO com o ex-namorado (a).
Essa obsessão está se tornando comum entre casais que tem uma relação tipo união estável ou um namoro intenso e mais longo. Eu quero deixar uma mensagem bem clara para aqueles que tem esse tipo de relação: quando uma relação chega ao fim, não insistam, terminem essa relação e abram um novo capítulo na sua vida amorosa.
Uma palavra de sabedoria
Se o teto está para desabar, não fique esperando que ele caia sobre sua cabeça, tome uma atitude e procure uma solução mesmo que seja temporária.
Comecem a brincar da brincadeira da vida – é um jogo simples e sadio.
Você toma conta de sua vida e ele da vida dele!