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Vinhos Hitler estão com os dias contados

O herdeiro da vinícola italiana Vini Lunardelli que há muito tempo produz uma “linha histórica” de garrafas com figuras como o líder nazista alemão e Mussolini diz que está farto de toda a controvérsia e, ao assumir a direção da empresa, no início de 2023, acabará com a linha.

Se Lunardelli cumprir sua promessa, isso porá fim a uma linha de três décadas de negócios com temas nazistas para a empresa de sua família e às ondas de críticas, inclusive de grupos judeus.

Vini Lunardelli, localizada em Friuli Venezia Giulia, no nordeste da Itália, apresentou pela primeira vez a série com ditadores e figuras fascistas como Francisco Franco e Josef Stalin em 1995.

Atualmente, o site da empresa possui mais de 37 rótulos diferentes, com dezenas de slogans de glória nazista, como como “Ein Volk, ein Reich, ein Führer!” (“Um Povo, um Império, um Governante”); “Sieg Heil” (“Salve Vitória”) e “Der Prosecco Vom Führer” (“O Prosecco do Führer”). Outra série apresenta símbolos e palavras associadas a Benito Mussolini e seu governo fascista na Itália.

Os vinhos há muito geram indignação e censura oficial. Em 1997, o governo alemão apresentou várias queixas e, 10 anos depois, a polícia italiana apreendeu garrafas em um esforço para “minimizar a propaganda do fascismo”. Mas um mês depois, um juiz italiano determinou a venda era legal.

Em 2012, um casal judeu americano de férias alertou sobre os vinhos, desencadeando um inquérito por promotores italianos. O Simon Wiesenthal Center, organização do memorial do Holocausto e órgão na luta contra o antissemitismo, condenou repetidamente o governo italiano por permitir os itens e, em 2013, pediu um boicote à empresa.

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A última onda de críticas começou no início deste mês depois que um turista em Jesolo, a 32 km de Veneza, encontrou as garrafas em um supermercado e postou sobre elas no Facebook.

“Um choque! Em um supermercado italiano! As garrafas são muito populares entre os turistas alemães, explicou a vendedora com uma risada”, escreveu a mulher, segundo o Heute, um site de notícias austríaco. “Já existe há anos! Mas para mim, era novo, e eu não podia acreditar!”

Os vinhos não podem ser vendidos na maioria dos países europeus, incluindo Alemanha e Áustria, que têm leis rigorosas que proíbem a venda de produtos ou recordações que celebram o nazismo. Mas eles são vendidos em supermercados em toda a Itália e online.

O Sunday Times na Grã-Bretanha seguiu o post viral com uma coluna intitulada “Vine Kampf: vinho de Hitler à venda em supermercados”, uma brincadeira com o título do infame manifesto de Hitler.

A Vice World News também cobriu o episódio, garantindo uma entrevista com Andrea Lunardelli, que disse que os vinhos representavam “uma boa piada” porque Hitler era conhecido como abstêmio.

“Quem compra o vinho de Hitler é um colecionador, ou lembra da história, ou quer o nacionalismo contra as atuais políticas das multinacionais… não contra os judeus”, disse ele ao Vice.

O Fórum Judaico para a Democracia e Contra o Antissemitismo da Alemanha interveio no passado, tentando impedir a venda dos vinhos.

“A estratégia de marketing é desrespeitosa com todas as vítimas do regime nazista e seus descendentes”, disse o grupo judeu em comunicado à Vice World News.

Fonte: The Times of Israel
Foto: Vinícola Lunardelli

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