Viagens do Holocausto incluirão locais poloneses
As viagens escolares à Polônia para estudar o Holocausto agora incluirão um local recomendado pelo governo polonês, esclareceu o ministro do Exterior da Polônia, Pawel Jablonski.
Estudantes israelenses do ensino médio que visitam a Polônia “aprenderão não apenas sobre o Holocausto, cometido pela Alemanha nazista em grande parte na Polônia ocupada pelos alemães”, tuitou Jablonski.
Esses alunos deverão também “ter acesso ao conhecimento de outros crimes da Segunda Guerra Mundial, e de mais de mil anos da história, da nossa cultura e da contemporaneidade”, explicou.
Com este propósito, as partes aprovaram em conjunto uma lista de locais recomendados para visitas.
“O acordo estipula que cada grupo visitará pelo menos um dos locais recomendados e que eles se encontrarão com seus pares”, escreveu Jablonski.
Ele falou depois que um artigo do Haaretz acusou o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de ceder à “propaganda polonesa” ao expandir o currículo dessas viagens para incluir locais que distorceriam a história da Segunda Guerra Mundial.
O acordo firmado entre Israel e a Polônia sobre o assunto, no mês passado, que ainda precisa da aprovação da Knesset e do governo, estipula que os organizadores de cada viagem israelense devem visitar pelo menos um dos locais recomendados pela Polônia. A escolha do local é deixada a seu critério.
Na lista, por exemplo, está o Museu Katyn em Varsóvia, que se concentra no massacre soviético de aproximadamente 22.000 oficiais militares poloneses no início da Segunda Guerra Mundial.
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O Ministério do Exterior havia suspendido as viagens escolares do ensino médio no ano passado devido a uma disputa com a Polônia sobre questões relacionadas ao currículo e à segurança das visitas. Uma medida que prejudicou ainda mais as relações israelense-polonesas.
O chanceler Eli Cohen confirmou no mês passado que as viagens seriam retomadas, durante visita a Varsóvia em que se encontrou com Jablonski. O novo acordo também estipula que os alunos serão acompanhados por seguranças poloneses privados escolhidos por Israel.
O Yad Vashem – World Holocaust Remembrance Center emitiu uma declaração sobre o assunto explicando que as viagens em grupo devem manter “completa precisão histórica, incluindo o papel dos poloneses na perseguição, entrega e assassinato de judeus durante o Holocausto, bem como em atos de resgate”.
“No entanto, o anexo do acordo contém uma lista de lugares, compilada sem a anuência do Yad Vashem, que inclui locais problemáticos que não devem ser visitados em um contexto educacional.
“O Yad Vashem não se envolverá em visitas em grupo a nenhum local suspeito de distorcer os eventos do Holocausto ou apresentar uma narrativa historicamente imprecisa. Acreditamos que todas as visitas educacionais de Israel à Polônia no futuro serão conduzidas de acordo”, acrescentou.
O líder da oposição Yair Lapid, ex-primeiro-ministro e ministro do Exterior, atacou o governo de Netanyahu por ceder à Polônia, afirmando que era uma “desgraça nacional”.
Ele acrescentou que “por anos, os poloneses têm tentado de todas as maneiras esconder e negar a participação de muitos poloneses no empreendimento de extermínio… Eles [Polônia] aprovaram leis que ignoram sua parte na destruição do povo judeu que não podemos aceitar”.
É um sinal de “fraqueza imperdoável” de Cohen enviar estudantes israelenses para locais onde a história é falsificada e os poloneses são apresentados como as principais vítimas dos nazistas, disse Lapid.
A Polônia tentou forçar Israel a se submeter às suas exigências quando ele era ministro do Exterior e depois primeiro-ministro, disse Lapid.
“Como filho de um sobrevivente do Holocausto, estou envergonhado que o governo israelense tenha desistido de seus valores e princípios”.
Cohen twittou que “as viagens à Polônia serão retomadas de maneira semelhante ao que eram no passado, e ninguém será obrigado a visitar os locais comemorativos dos assassinos de judeus.
“Provavelmente há aqueles que estão tristes por termos resolvido a crise política com a Polônia que começou durante a era Lapid”, Cohen acusou no Twitter.
Sobre as declarações de Lapid, ele disse: “Você está mentindo”.
Ele questionou em particular a decisão de Lapid, quando estava no poder no ano passado, de reenviar o embaixador de Israel à Polônia sem garantir um acordo para Varsóvia enviar o seu de volta a Israel. Cohen conseguiu um acordo para o retorno do enviado polonês, mas nenhuma data foi definida.
“Você devolveu unilateralmente o embaixador de Israel à Polônia, o que é uma concessão magnífica e mostrou uma falta de compreensão abjeta nas relações internacionais”, disse Cohen, continuando a fazer acusações contra Lapid.
“Você fez com que a Polônia, que nos apoiou nas instituições internacionais, se tornasse um oponente”, disse Cohen.
Lapid retrucou que obviamente ele havia devolvido o embaixador de Israel à Polônia com a permissão de Varsóvia e, portanto, não era unilateral.
Quanto ao segundo ponto, disse Lapid, ele havia “confrontado” a Polônia sobre suas leis de negação do Holocausto. Um “país orgulhoso com uma espinha dorsal nacional” não se esquiva de sua responsabilidade com o acordo, apenas para garantir apoio em instituições internacionais, disse Lapid.
Ele acusou o atual governo de “mentir descaradamente”, observando que não cedeu de forma alguma à negação do Holocausto.
Jablonski escreveu no Twitter que “alguns políticos israelenses e a mídia atacam o acordo sobre visitas de jovens alegando, por exemplo, que é muito favorável para a Polônia”.
“Confirmo plenamente, o acordo é muito favorável para a Polônia. E para Israel. É por isso que ambos os lados assinaram”, escreveu ele.
“O acordo é muito favorável para AMBOS os lados. Nos traz de volta ao NORMAL em áreas-chave: relações entre jovens de ambos os países. Com isso, nossos jovens poderão conhecer melhor a história, conhecer seus pares e construir relações de futuro por décadas, sem preconceitos. A Polônia não interfere na política doméstica ou no debate público em Israel. No entanto, lamentamos profundamente que algumas figuras públicas tentem prejudicar as relações. Pior ainda, se eles tentarem falsificar ou distorcer a história no processo. Temos o dever comum de preservar a memória dos crimes que nossos ancestrais sofreram e garantir que eles nunca se repitam. Quanto mais fortes forem nossas nações e países, melhor poderemos evitá-lo. Também por isso estamos fortalecendo nossas relações, para nossa segurança conjunta”, afirmou Jablonski
Fonte: The Jerusalem Post
Foto: Canva
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