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União nacional no funeral dos Bibas

Por David S. Moran

Israel está em guerra e muito dividido entre os que aprovam o governo de Netanyahu e os contrários a ele, mas numa coisa, a união dos israelenses é demonstrada. É no desejo do retorno de todos os sequestrados em 7/10/23, os vivos e os mortos, e nos sentimentos com aqueles que são enterrados devido a guerra.

A nação inteira parou (26/02) e baixou a cabeça frente às imagens do caixão que passava pelas estradas do sul do país e ficarão eternamente em nossa memória. A procissão fúnebre foi transmitida pela rádio e TV e ninguém escapou de enxugar as lágrimas. Foi um luto nacional, sem ninguém marcá-lo no calendário.

Na terça feira (25/02), foi realizado o sepultamento de Oded Lifshitz (de 83 anos) do Kibutz Nir Oz, que foi entregue na quinta feira (20/02) junto com os corpos dos três familiares da família Bibas, do mesmo Kibutz. Oded foi um idealista de Haifa, que quando jovem participou de movimento juvenil, serviu numa unidade de kibutznikim e depois foi morar num kibutz, junto à fronteira da Faixa de Gaza, para defender a terra. Oded, que era socialista, há dezenas de anos tratava de ir até a fronteira buscar árabes de Gaza para levá-los, com permissão, para serem tratados em hospitais israelenses. Pensou, como muitos outros, que demonstrando boa vizinhança, traria a paz.

No enterro, sua esposa e companheira Yochevet, que também foi sequestrada e libertada depois de 51 dias, disse: “Nosso sequestro e teu assassinato pelos terroristas da Hamas, me desestabilizam. Lutamos todos os anos pela paz e justiça social. Infelizmente apanhamos forte de pessoas de Gaza que ajudamos. Estou atônita vendo muitos túmulos e a grande destruição promovida por eles”.

Na quarta-feira (26/02), de manhã, uma multidão de dezenas de milhares de pessoas postou se ao longo do trajeto fúnebre dos três assassinados da família Bibas, que saiu de Rishon LeTzion até o cemitério de Tsohar, na vizinhança da Faixa de Gaza. A família, que não recebeu nenhuma visita de autoridade nacionais e nem um telefonema do primeiro ministro, pediu que políticos não comparecessem ao enterro. Os Bibas tornaram se populares no mundo todo, que viu a mãe Shiri segurando seus dois filhos Ariel (4 anos) e Kfir (9 meses), apavorada, sendo levada viva à Gaza. Os familiares se emocionaram vendo a multidão nas estradas portando bandeiras nacionais e balões cor de laranja, em homenagem aos dois filhos ruivos. O pai, Yarden, único sobrevivente dos Bibas pediu, do carro, desculpas por não poder descer do mesmo e abraçar cada um dos que os acompanham.

Na invasão de 7/10 ao Kibutz Nir Oz, eles entraram no “mamad”, o quarto de concreto e segurança. Yarden perguntou a Shiri, lutamos ou nos entregamos? A resposta da esposa foi “lutaremos”. Yarden saiu do mamad com seu revólver, mas não pode conter os terroristas que portavam armas automáticas. Yarden chorou sobre o caixão pedindo desculpas por não conseguir defendê-la. Os três foram colocados, a pedido da família, num caixão “para estarem juntos eternamente”. Yarden declarou: “Shiri, te amo e sempre te amarei, tua presença me faz falta. Quando te encontrei pela primeira vez, te disse ‘mi amor’ e assim a chamei sempre. Saibam Shiri, Ariel e Kfir que penso em vocês a cada minuto”. Sua cunhada, Dana, que também perdeu seus pais no ataque adicionou: “Cuidem de nós lá do céu, meus cinco anjos”. No final, ouviram algumas canções escolhidas por Yarden e terminaram com o Hatikva, hino nacional de Israel.

Hamas usa a entrega dos sequestrados para propaganda

Até agora, foram realizadas sete entregas de sequestrados israelenses das mãos da organização terrorista Hamas. Em todas elas, o Hamas fez uso de propaganda barata para mostrar seu poderio, que pode ser visto como um tiro pela culatra. Nestas entregas – haverá mais uma amanhã – o Hamas monta palanques, sempre perto de ruinas causadas pela guerra e chama a população participar. Os palestinazistas escrevem slogans com mensagens em árabe, inglês e hebraico, para todos entenderem, só que cada um entende a sua maneira. Os árabes veem a humilhação com que tratam os israelenses como uma bravura. Por outro lado, israelenses veem isto como derrota, por ver as casas destruídas e os slogans escritos muitas vezes com erros.

Os slogans são diversos, um dizia “nós somos o dilúvio” (alusão ao nome dado por eles a guerra, o dilúvio de Al Aqsa), “nós somos a grande força” ou “o Sionismo não vai prevalecer”. Outra foi “Gaza é o cemitério do Sionismo criminoso”. Na entrega de quatro sequestrados em caixões, os Bibas e o Lifshitz, o Hamas tentou colocar a culpa da morte da mãe com seus dois filhinhos pequenos nos bombardeios da Força Aérea de Israel. Então, o Hamas escreveu em três línguas e acusou: “Matou-os o criminoso de guerra Netanyahu com misseis de caças de combate”. Banner com três erros. Escrevem “boshea” em vez de “poshea” (criminoso) pois os árabes não sabem pronunciar o “p”. Netanyahu se escreve com um i e não dois e “tilim” (misseis) se escreve com i e isto faltou. Essa escrita ridícula tornou-se alvo de gozações.

Os corpos foram minuciosamente examinados pelos legistas do Departamento de Medicina Legal e foi constatado que a mulher não era a Shiri, mãe das crianças, era de uma palestina. Os bebês foram estrangulados pelas mãos da Hamas e depois lhes quebraram os crânios para parecer como se fosse de bombas. Em resposta ao plano lançado por Trump, os palestinos colocaram uma faixa com os dizeres: “Nenhuma migração (de Gaza) exceto à Jerusalém”.

Não só fazem uso de banners, mas usam as cenas para idolatrar a Hamas e o bom tratamento que deram aos reféns, quando todos sabem a verdade. Eles voltam com uns 30 kg a menos, comeram pão ázimo mofado, beberam água do mar, tomaram banho 1 vez ao mês, não lhes trocaram roupas, privaram-nos de remédios, etc. Quando retornaram as quatro soldadas, fizeram-nas falar no carro de quão bom foi o tratamento delas e que agradecem a Brigada Al Qassam. Quando voltaram quatro jovens israelenses que participaram do festival de música Nova, vê-se claramente o fotógrafo dizendo a Shem Tov para beijar a testa de dois terroristas, um ato de agradecimento de filho ao pai, na cultura árabe. Pensaram que, quando voltassem a Israel, não contariam as torturas que passaram, que a maior parte do tempo estiveram em túneis mofos, acorrentados uns aos outros para não tentarem fugir?

Será que realmente acreditam quando escrevem que “Combatentes palestinos da liberdade, sempre são vitoriosos” ou “A volta a guerra = o retorno dos prisioneiros em caixões”, lhes dará a vitória? Eles obrigaram as FDI (Tsahal) a bombardear e destruir boa parte de Gaza, levando a morte de milhares de seus companheiros e de civis.

As cenas de dar um “presente” aos sequestrados e um atestado de libertação junto a impotente Cruz Vermelha, que em mais de 500 dias não visitou ou tratou de nenhum refém, nada significa aos israelenses. Não se sabe porque o caixão que seria da Shiri Bibas foi trocado por outro corpo, ou toda a vergonhosa cerimônia que fizeram quando da entrega de quatro caixões, montaram um festival com música e multidão presente, mas Israel imediatamente declarou a suspensão da libertação de mais de 600 terroristas condenados na justiça, até Hamas parar de agir desta maneira. De fato, na noite de quarta (26/02) devolveram quatro corpos e, sem cerimônia, os entregaram ao Egito para transportar a Israel. Até o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos criticou (pela primeira vez) as imagens repugnantes do Hamas nesta entrega.

Outro ato de propaganda psicológica, foi na entrega de seis sequestrados vivos. O Hamas levou para o local em carro, dois outros jovens para assistirem à cena e, de acordo com script previamente dado, implorarem para Netanyahu salvá-los e os libertá-los do Hamas.

No sábado (01/03) deverá ocorrer a oitava e última entrega de sequestrados, da primeira fase. Porém os dois lados parecem que querem estender a primeira fase. A segunda fase entraria em efeito com a saída da Faixa de Gaza da liderança da Hamas, a transferência do governo e da área militar para outra alternativa (não definida), a desmilitarizarização de Gaza e a saída das forças israelenses do Eixo Filadelfia e a declaração do fim da guerra. O governo de Israel já comunicou que não sairá do Eixo Filadelfia, que faz fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza.

Foto: Eitan Uner (Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos)

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