Um mês no deserto para se preparar para Marte
Dentro de uma enorme cratera no deserto de Negev, em Israel, uma equipe em trajes espaciais se aventura em uma missão para simular as condições em Marte.
O Fórum Espacial Austríaco estabeleceu uma base de simulação marciana com a agência espacial israelense em Makhtesh Ramon, uma cratera de 500 metros de profundidade e 40 quilômetros de largura. O local foi escolhido por sua semelhança com o Planeta Vermelho em termos de aridez, geologia e isolamento.
Os seis chamados “astronautas analógicos” vão viver isolados na estação virtual até o final do mês.
“É um sonho que se tornou realidade”, disse o israelense Alon Tenzer. “É algo em que trabalhamos há anos”.
Os participantes – da Alemanha, Áustria, Israel, Holanda, Portugal e Espanha – tiveram que passar por exaustivos testes físicos e psicológicos.
Durante a missão, eles farão testes, entre outros, com um drone protótipo que funciona sem GPS e com veículos de mapeamento automatizado movidos a energia eólica e solar.
A missão também terá como objetivo estudar o comportamento humano e o efeito do isolamento nos astronautas.
“A coesão do grupo e sua capacidade de trabalhar em conjunto são cruciais para a sobrevivência em Marte”, disse Gernot Groemer, supervisor da missão austríaca.
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“É como um casamento, exceto que em um casamento você pode deixá-lo, mas não em Marte”.
O Fórum Espacial Austríaco, uma organização privada formada por especialistas aeroespaciais, já organizou 12 missões, a mais recente em Omã em 2018.
O projeto israelense faz parte da missão Amadee-20, que estava programada para começar no ano passado, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19.
O fórum fez parceria com o centro de pesquisa israelense D-MARS para construir a base com energia solar.
A astronauta alemã Anika Mehlis, a única mulher da equipe, disse à AFP que está feliz por fazer parte do projeto.
“Meu pai me levou ao museu espacial quando eu era pequena”, disse ela. “Quando vi que o fórum procurava astronautas analógicos, disse a mim mesma que precisava me apresentar”.
Mehlis, microbiologista de formação, estudará um cenário em que bactérias da Terra infectam possíveis formas de vida que podem ser encontradas em Marte, afirmando que isso “seria um grande problema”.
Visualmente, o deserto ao redor da base lembra o Planeta Vermelho com seu deserto pedregoso e tons de laranja, embora felizmente não em termos de condições atmosféricas.
“Aqui temos temperaturas de cerca de 25 a 30 graus Celsius, mas em Marte a temperatura é de 60 graus Celsius negativos e a atmosfera não é adequada para respirar”, disse Groemer.
O interior da base é austero, com uma pequena cozinha e beliches. A maior parte do espaço é reservada para experimentos científicos.
A NASA prevê que a primeira missão humana a Marte será lançada em 2030.
“O que estamos fazendo aqui é preparar uma grande missão, a maior viagem que nossa sociedade já fez, já que Marte e a Terra estão separados por 380 milhões de quilômetros em seu ponto extremo”, disse Groemer.
“Acredito que o primeiro ser humano a pisar em Marte já nasceu e nós somos os construtores da nave que permitirá esta viagem”.
Foto: Noticias de Israel
Foto: Canva
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