Supremo decide pela convocação de haredim
O Supremo Tribunal de Israel decidiu por unanimidade, nesta terça-feira, que os israelenses ultraortodoxos devem ser convocados para o exército de Israel e que as yeshivot (escolas religiosas) não devem receber financiamento governamental se os seus estudantes não se alistarem.
A decisão, provavelmente, terá um impacto significativo na dissolução da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Na sua decisão, o Supremo escreveu que, “neste momento, não existe nenhuma previsão jurídica que permita a diferenciação entre estudantes de yeshivá e outros elegíveis para alistamento”.
No início deste mês, o Supremo Tribunal reuniu-se, em um coletivo de nove juízes, para discutir petições que exigiam o recrutamento de estudantes de yeshivot devido à falta de legislação sobre o assunto, bem como a revogação de orçamentos de yeshivot que não alistam os seus alunos.
A decisão foi tomada na sequência de uma declaração da Procuradora-Geral de Israel, Gali Baharav-Miara, que alegou que o governo não poderá prestar apoio às yeshivot cujos estudantes não servem no exército, após um curto período de adaptação à nova situação.
Baharav-Miara pediu, também, o cancelamento dos descontos no imposto sobre a propriedade e dos subsídios para creches para as famílias dos estudantes de yeshiva haredi que não serviram no exército.
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A decisão provocou uma onda de indignação por parte de muitos deputados e ministros da coalizão, que classificaram a decisão como um excesso ilegítimo da autoridade do tribunal e que, provavelmente, conduzirá à divisão, agitação civil e dificuldades para a população haredi.
Muitas figuras haredi declararam que a decisão também será ineficaz e que a comunidade haredi não renunciará ao aprendizado da Torá em nenhuma circunstância.
Os líderes da oposição e vários ONGs, algumas das quais apresentaram a petição original, saudaram a decisão, declarando-a um passo histórico em direção à igualdade na sociedade israelense.
Os judeus ultraortodoxos (ou haredi) têm sido isentos do serviço militar obrigatório desde a fundação de Israel (os cidadãos palestinos de Israel também estão isentos). Eles consideram as yeshivot fundamentais para a preservação do judaísmo, tão importantes para a defesa de Israel quanto os militares.
Os partidos haredi têm se oposto firmemente às tentativas de fazer com que jovens ultraortodoxos sirvam nas forças armadas. A frágil coalizão governamental de Netanyahu depende de dois partidos haredi, Judaísmo da Torá Unida e Shas, para governar. Há semanas que ele tenta aprovar uma lei na Knesset, que consagraria um projeto de isenção para os homens haredi.
“A decisão do Supremo Tribunal põe fim a 76 anos de desigualdade e discriminação ilegais”, disse Eliad Shraga, presidente do Movimento para um Governo de Qualidade em Israel, o principal peticionário no caso. “Não vamos mais concordar com a situação absurda em que há quem dá ao Estado, contribui e até arrisca a vida, e há quem não faz nada”.
O partido de Netanyahu, Likud, disse num comunicado, reagindo à decisão, que a aprovação de uma lei continua a ser “a verdadeira solução para o problema do recrutamento” e “não uma decisão do Tribunal Superior”.
Aryeh Deri, líder do partido Shas, condenou a decisão. “Mesmo aqui, no Estado judeu, ao lado dos nossos preciosos combatentes que sacrificam as suas vidas contra os inimigos, continuaremos a proteger aqueles que aprendem a Torá, que preserva o nosso poder especial e cria milagres na batalha”, disse ele, de acordo com o Ynet. “Quem tentou desconectar o povo de Israel da Torá no passado falhou miseravelmente”.
Embora as Forças de Defesa de Israel (FDI) sejam agora legalmente obrigadas a recrutar homens haredi, os líderes militares dizem que ainda não estão preparados para fazê-lo. Os homens ultraortodoxos, que já servem em pequeno número nas forças armadas, têm requisitos religiosos específicos e, por isso, geralmente servem em unidades especiais.
“De acordo com os cálculos do exército, 1.800 foram recrutados no ano passado”, disse Gilad Malach, diretor do programa Ultraortodoxo em Israel do Instituto de Democracia de Israel, após a decisão. “O exército precisa fazer algumas mudanças para recrutá-los. Segundo o exército, no próximo ano o exército poderá receber 4.800”.
Fonte: Revista Bras.il a partir de Israel National News e CNN
Foto: Canva
Finalmente Israel tomou a decisao acertada. Os haredim nao podem ter privilegios na defesa do Estado. Uns batalham para proteger o povo e outros ficam no ar condicionado em suas “rezas protetoras”.