Sobreviventes voltam à Alemanha, depois de oito décadas
Miriam Mueller, de 81 anos, e outros seis sobreviventes do Holocausto retornaram pela primeira vez à cidade alemã de Farsleben, onde foram salvos por soldados americanos há 77 anos, para inaugurar um memorial colocado perto da ferrovia com a palavra “libertação” escrita em hebraico.
Miriam, então uma menina de 4 anos, estava no trem com sua família. “Quando abriram as portas do vagão, os prisioneiros judeus caíram como sardinhas embaladas em uma lata. Sabíamos que não seríamos libertados. Por que os alemães fariam isso?” disse ela.
“Não sabíamos para onde os nazistas estavam nos levando. Pensávamos que íamos morrer. Eu estava naquele trem com meus pais, avós e meu tio. Sou a única que sobreviveu”.
Cerca de 2.500 judeus estavam no trem que a 30ª Divisão de Infantaria americana libertou. Eles foram transportados do campo de concentração de Bergen-Belsen para o Gueto de Theresienstadt, poucos dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial.
Como nenhum dos soldados que os resgataram estão mais vivos, os sobreviventes encontraram representantes da 30ª Divisão, bem como os filhos de alguns dos libertadores que foram especialmente para o evento.
O encontro entre os sobreviventes e os representantes da divisão e os filhos dos socorristas foi emocionante.
O dia da libertação foi 13 de abril de 1945. O trem estava a caminho do Gueto de Theresienstadt, e os alemães que estavam nele receberam ordens de explodi-lo com todos os 2.500 passageiros a bordo se não chegassem ao seu destino. Após seis dias de viagem, o trem parou perto da vila de Farsleben.
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Naquela tarde, um veículo de patrulha americano, acompanhado por um tanque do Exército dos EUA, chegou das colinas. Eram os soldados da 30ª Divisão. Os nazistas notaram os tanques americanos e fugiram, deixando para trás 2.500 judeus, um terço dos quais eram crianças.
Enquanto os nazistas fugiam, alguns judeus, especialmente mulheres e crianças, se levantaram e correram em direção aos soldados americanos aplaudindo. Só então os soldados perceberam a terrível condição em que se encontravam os passageiros.
George Gross, comandante do tanque americano, descreveu o encontro: “Cada um deles parecia um esqueleto humano, estavam famintos e doentes. E quando nos viram, começaram a rir de alegria, se é que se pode chamar isso de riso. Foi mais um surto, de puro, quase histérico suspiro de alívio”.
Os sobreviventes do Holocausto disseram que, quando viram os americanos, os abraçaram e choraram de felicidade. Um dos soldados americanos, Abraham Cohen, gritou para os prisioneiros aterrorizados “Sou judeu” em iídiche e mostrou-lhes o colar com a Estrela de David.
Na cerimônia, Mueller abraçou os oficiais americanos em lágrimas. Ela até conheceu dois filhos de um comandante de tanque americano, Carol Walsh, que também fazia parte do grupo de soldados que os resgataram. A filha de Carol Walsh disse: “meu pai sempre disse que eles apenas faziam seu trabalho e não eram heróis. Os sobreviventes do Holocausto eram os verdadeiros heróis”.
Apenas alguns dos 2.500 sobreviventes do Holocausto permanecem vivos até hoje, principalmente aqueles que eram crianças na época de sua libertação.
Fontes: Ynet e 13april1945
Foto: Teaching History Matters