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Só os EUA se importam com os palestinos

Por David S. Moran

As negociações entre os Estados Unidos, Arábia Saudita e Israel continuam, com as três nações com muita vontade de encerrá-las e cada um com a sua razão. Quem mais pressiona para também incluir os palestinos, pasmem, não é a Arábia Saudita, mas são os EUA. Tanto em Israel, como na Arábia Saudita há frustração da importância que o governo americano dá aos palestinos.

A Arábia Saudita está prestes a normalização com o Estado de Israel, sem que este faça concessões aos palestinos. Aí entraria o reino saudita com benefícios econômicos e políticos, deixando de lado os passos para constituir um estado palestino.

Parece que o príncipe regente está mais preocupado em obter logro com Israel, e não para os palestinos.

Mas, como de costume, a fala é de duplo sentido. Enquanto Mohammad bin Salman, Príncipe herdeiro da Arábia Saudita, só trata de finalizar acordo para o bem da Arábia Saudita, o Ministro do Exterior saudita e o embaixador deste país junto a Autoridade Palestina, dizem que não descansarão até que os palestinos obtenham um país próprio.

Muitos em Israel e nos Estados Unidos veem com preocupação o governo Biden trazer ao primeiro plano os palestinos. Estes são ingratos e promovem atos terroristas contra Israel, isto sem mencionar as palavras e atitudes do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud (Abu Mazen) Abbas.

Abbas, que sucedeu a Arafat e está no poder graças a ajuda israelense é um antissemita conhecido. Fez doutorado na Universidade de Moscow, negando o Holocausto. Em recente palestra na Convenção da Fatah alegou que os judeus ashkenazitas, da Europa, não são semitas, nem judeus, sua origem é tártara e kazariana. No início de setembro, soltou a asneira de que Hitler lutou contra os judeus não por antissemitismo, mas devido a sua profissão de banqueiros. Esta alegação antissemita, nem os próprios palestinos aguentaram e cerca de 100 intelectuais palestinos condenaram o dito pelo seu presidente.

Dois altos funcionários americanos do governo Trump criticam o governo Biden por trazer os palestinos para o centro nas negociações pela normalização de relações entre a Arábia Saudita e Israel. Sander Berger disse (05/10) que os palestinos violam cada acordo a que chegam. Líderes do Golfo Pérsico ficaram chocados quando lhes foi apresentado os pagamentos que Israel lhes passa e que são transferidos a terroristas e seus familiares (mais a seguir). Jason Greenblatt disse (04/10) que o presidente Biden devia colocar diretamente Mohammad Bin Salman com Benjamin Netanyahu para dialogar, sem os palestinos.

Mahmoud Abbas entende que Israel está caminhando para a normalização com a Arábia Saudita e isto puxa o tapete debaixo das pernas palestinas. Para tanto, ele não impede os terroristas de combater Israel, para não dizer que os incentiva.

A Autoridade Palestina depende de Israel para a cobrança de impostos sobre as importações. Mesmo que todos saibam que boa parte das importações depois retorna a Israel, isento de impostos. A situação econômica da AP é caótica e por isso Israel é pressionado a lhes ajudar. Paradoxalmente a ajuda econômica de Israel passa em parte para pagar a terroristas encarcerados e ou a familiares de terroristas mortos quando atentaram contra Israel. É um absurdo que persiste apesar das normas internacionais – de não transferir dinheiro a terroristas – e a Lei Taylor Force, que passou no Congresso americano em 23 de março de 2018. Nesta ficou estipulado que a Autoridade Palestina não pode transferir verbas que recebe a quem cometeu atos terroristas. Mahmoud Abbas ri disso e diz que pagará aos “jahidis” até o último centavo que tiver.

Israel não quer ficar com o abacaxi nas mãos e por isso transfere verbas coletadas dos impostos de produtos que vão a AP. Desde o inicio de 2023, já passou a Abbas 350 milhões de shekels (cerca de US$100 milhões). Cortou o imposto sobre combustíveis de 3% para 1,5%, aumentando a verba em mais 80 milhões de shekels. Outros benefícios aumentaram as verbas em 270 milhões de shekels. Essas operações também são feitas por pressões americanas, para que a AP não quebre de vez. Aliás, o governo do Trump parou de transferir assistência econômica à Autoridade Palestina pela razão da lei Taylor Force.

Sander Berger e o ex-Secretário de Estado americano Mike Pompeu escreveram um artigo publicado no magazine The Hill: “será falta de responsabilidade econômica e moral passar verbas através da AP, que é corrupta”. Eles sugerem fazer um fundo, e através dele passar verbas diretamente a organizações palestinas, sem a intervenção da Autoridade Palestina.

Recente pesquisa feita pelo Dr. Shai Farber, da Faculdade de Criminologia e publicada na Studies in Conflict and Terrorism revela os pagamentos que a AP faz a terroristas e/ou a seus familiares. Nela se nota que recebem salários, talvez maiores do que receberiam fora da prisão. Condenados a 30 anos, além de outros benefícios recebem como base, 3.500 dólares mensais. Depende do número de esposas e filhos e onde moram. O Catar passa todo mês ao Hamas, na Faixa de Gaza cerca de 30 milhões de dólares para pagar a população. Quando atrasam o pagamento, o Hamas promove violência junto ao muro da fronteira com Israel.

Estes acontecimentos só podem ocorrer no Oriente Médio. De um lado, países que foram ferrenhos inimigos e querem para benefício mútuo chegar a acordo e do outro lado uma entidade que só sabe pedir ajuda dos outros e nada faz para melhorar sua situação.

A Arábia Saudita, sunita, estabeleceu relações diplomáticas com o Irã, que é rival islâmica xiita. Apesar desse acordo, esta semana iria acontecer um jogo de futebol entre as equipes de Al Ittihad, da Arábia Saudita contra a equipe iraniana de Sepahan, na cidade de Isfahan, pela Liga Asiática. Sessenta mil pessoas lotaram o estádio, onde foram colocadas três estátuas do herói nacional iraniano, Qassem Suleimani, que foi comandante da Forças revolucionárias do Irã e inimigo da Arábia Saudita. Ao notar a provocação, pois o pedido para que não colocassem nada do Suleimani não foi atendido, o time saudita retirou-se do estádio, deixando os fãs desapontados e gritando contra o seu próprio governo. É assim no Oriente Médio.

Foto: Voice of America (Captura de tela)

3 comentários sobre “Só os EUA se importam com os palestinos

  • A eleição fraudulenta de Joe Biden foi uma catástrofe.

    A agenda de sua administração é tóxica, deteriorou o cenário planetário e estimulou os inimigos existenciais de Israel.

    Contando os dias para o retorno de Donald Trump à presidência.

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  • Pasmar? Essa é a obsessão da esquerda no mundo todo.

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  • Seu noticiário e análise são primorosos, David. Parabéns à Bras.Il por acolhê-lo!

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