Sinagoga ARI contribui para a História do Brasil
Por iniciativa e articulação de Heritage & History (Zurique), a Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro (ARI) entregou um porta-etrog em doação para o acervo do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, em maio de 2022.
Assim, o Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro (MNH) passa a ser um dos primeiros museus sobre a história nacional de um país fora de Israel, quiçá o primeiro, a incluir a imigração e a presença dos judeus em seu acervo e programa institucional.
Museus judaicos registram e expõem a imigração e a presença judaicas em vários países do mundo. Contudo, os museus sobre a história nacional não incluem a história dos judeus daquele país em sua narrativa ou exposições. A entrada do porta-etrog no acervo do MNH retrata a inserção da comunidade judaica no Brasil e celebra a forma hospitaleira com a qual os judeus foram recebidos no país.
De prata prensada, repuxada e cinzelada com motivos florais, a peça é provavelmente de meados do século XX e remete a um estilo estético usado desde o século XIX pela Escola de Artes Bezalel, em Jerusalém. O porta-etrog traz inscrições em hebraico (Levítico 23:40: “Vocês colherão os frutos da cidreira amarela”) e em português (“No quadragésimo jubileu rabínico do Dr. Lemle. Dos cariocas em Israel à ARI 1-4-1973”), que explicitam seu uso e a ocasião em que foi dedicado na Sinagoga.
O etrog é a fruta da cidreira amarela usada simbolicamente na liturgia da festa de Sucot, que recorda as tendas (sucot, em hebraico) que os israelitas construíram e habitaram no deserto do Sinai após a libertação do Egito. Nessa festa, quatro espécies vegetais simbolizam, por seu sabor e/ou aroma ou pela ausência deles, a diversidade dos indivíduos que formam a comunidade judaica. O etrog tem tanto aroma como sabor e, por isso, é associado à plenitude e à integridade de caráter.
A sucá do deserto serviu de inspiração para o arrojado projeto arquitetônico da Sinagoga da ARI na rua General Severiano, no Rio de Janeiro, construída em 1961. A ARI foi fundada em 1942 por refugiados judeus alemães do regime nazista, sob a liderança espiritual do Rabino Dr. Henrique Lemle.
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Dr. Lemle assumiu seu primeiro cargo como rabino na sinagoga liberal de Mannheim no dia 1º de abril de 1933, dia do boicote a estabelecimentos comerciais e consultórios médicos de judeus na Alemanha. Naquela ocasião, sua investidura ocorreu de forma discreta e sem a devida celebração. Ao completar 40 anos de atuação rabínica em 1973, a ARI, congregação da qual foi co-fundador, rendeu-lhe honrosas homenagens com serviços religiosos festivos de Kabalat Shabat (sexta-feira à noite) e Shabat (sábado) e com a publicação de um boletim especial.
Tal como a incorporação do porta-etrog ao acervo do Museu simboliza a interseção entre as histórias brasileira e judaica, suas duas inscrições simbolizam a interseção entre a tradição judaica e a comunidade carioca, representada pela ARI.
Essa doação restabelece uma parceria entre o MHN e a ARI, que começou com a exposição “Heranças & Lembranças – imigrantes judeus para o Rio de Janeiro”, em setembro de 1989.
Fonte: Heritage & History
Foto (da esquerda para direita): Charles Steiman, diretor de Heritage & History, Zurique; Diogo Tubbs, responsável pelo Setor de Dinâmica Cultural do Museu; Gilberto Lamm, presidente da ARI; Aline Montenegro Magalhães, diretora do MHN; Ana Luiza Grillo Balaciano, Comissão de Identidade e Memória da ARI. Foto do porta-etrog: Jaime Acioli (Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro).
: Shalom Shalom; Boker Tov:
: Há Comunidade Judaica no Brasil(em Especial no Rio de Janeiro), deu uma boa Contribuição para o Museu Nacional no Rio de Janeiro, parabéns(Mazal Tov); Associação Religiosa Israelita – ARI – RJ .