IsraelNotícias

Silvester, Novy God, Ano Novo: a passagem do ano em Israel

Celebrar o ano novo do calendário gregoriano sempre foi um tópico controverso em Israel. O calendário judaico, afinal, antecede o cálculo do Papa Gregório XIII em cerca de quatro milênios, e a região funcionou por séculos sob o calendário Rumi do Império Otomano .

No entanto, o calendário gregoriano foi adotado para uso civil com a conquista britânica do Império Otomano, em 1º de março de 1917, e o início do ano foi redefinido para 1º de janeiro em 1918.

Na primeira década do Mandato Britânico, a população cristã ortodoxa local comemorava o ano novo de acordo com o calendário juliano em meados de janeiro, os muçulmanos festejavam o ano novo no verão e a população judaica celebravam Rosh Hashaná no início do outono.

Soldados do Exército Britânico estacionados na região tinham suas grandes festas no Natal, mas em meados da década de 1920, com a oficialidade britânica firmemente instalada, as celebrações de Ano Novo começaram a ser organizadas. Em 1927, há registros de várias esposas de burocratas britânicos baseados em Jerusalém oferecendo um jantar seguido de baile na véspera de Ano Novo.

A população judaica do pré-estado de Israel na década de 1930 não celebrava o Ano Novo Gregoriano e, em vez disso, adotou o Chanucá como sua celebração de inverno.

No início da década de 1930, imigrantes judeus da Áustria e da Alemanha, fugindo da ascensão do nazismo, trouxeram consigo um estilo de vida mais cosmopolita. Isso incluía uma maneira formal de se vestir e falar, pontualidade, danças de chá da tarde de verão e festas de Silvestertag de inverno. E o nome Silvester pegou!

LEIA TAMBÉM

O “baile especial” de Ano Novo de 1932, no Café Vienna de Haifa, prometia dança das 21h às 3h da manhã, além de “atrações, decorações, serpentinas e confetes”.

Houve uma reação do establishment judaico ortodoxo e da intelligentsia judaica, que sentiam que essas festas não estavam de acordo com os bons valores sionistas. Os judeus também se esquivavam do nome alemão para a véspera de Ano Novo, “Silvester”, já que o “Dia de São Silvestre” homenageava o Papa Silvestre, do século III, cujo dia santo cai em 31 de dezembro, considerado pelos judeus como um antissemita.

Silvestre foi papa de 314-335 EC. Ele supervisionou tanto o Primeiro Concílio de Niceia quanto a conversão do Imperador Romano Constantino ao cristianismo. Ele convenceu Constantino a proibir os judeus de viverem em Jerusalém, um ano antes do Concílio de Niceia ser convocado, e durante o concílio, o Papa providenciou a aprovação de várias legislações antissemitas. Ele é considerado um dos papas mais antissemitas de todos os tempos.

Em 1931, um grupo composto principalmente por representantes do Partido Trabalhista Mizrachi alertou contra os bailes. Em 1934, o jornal Doar HaYom relatou que o Conselho Municipal de Tel Aviv aprovou uma resolução para proibir as celebrações de Ano Novo em Tel Aviv.

“Na segunda metade da reunião, conduzida pelo vice-prefeito Sr. Rokach, duas questões foram colocadas para discussão: A) a questão do feriado de Silvester que permeia Tel Aviv e B) o tratamento da língua hebraica pela nova imigração, principalmente, os imigrantes alemães. Uma longa discussão surgiu sobre essas duas questões, em particular a segunda… Em relação à primeira questão, a proposta do Sr. Rokach foi aceita, afirmando que o conselho municipal de Tel Aviv vê esse costume estrangeiro de festas de Silvester como absolutamente indesejável, contrário ao espírito e às tradições do povo de Israel, e solicitando que todos os donos de cafeterias e grandes salões de eventos na cidade não organizem festas de Silvester. Um comitê foi selecionado para abordar o assunto com os donos de cafés, etc”.

Talvez em resposta, a União Central dos Olim Alemães em Jerusalém apoiou uma declaração emitida pelo Rabinato-Chefe e os comitês municipais de Jerusalém, Tel Aviv e Haifa, que dizia, em parte: “À medida que o fim do ano civil se aproxima, para nosso pesar, muitos de nossos irmãos se envolvem na celebração de um feriado da Diáspora que é, tanto em conteúdo quanto em forma, estranho ao espírito de Israel. O costume das celebrações de ‘Silvestre’ organizadas por judeus na Terra de Israel nos invadiu, particularmente no último ano, e de ano para ano mais se envolvem em idolatria”.

“Essa tradição não é mais um ‘assunto privado’ individual, pois casas de entretenimento de propriedade judaica estão anunciando publicamente celebrações especiais em homenagem ao ‘fim do ano civil’… e unindo forças, devemos proteger o nome de Israel, que está sendo manchado por tais atos”.

Estudantes do Technion e da Universidade Hebraica foram mobilizados para manter outros jovens longe das folias de Ano Novo que aparentemente estavam se espalhando pelas ruas.

Apesar das tentativas de proibição – e não está claro se elas foram aplicadas – e ao longo das décadas, israelenses seculares, particularmente aqueles na mídia e nas artes, festejaram na véspera de Ano Novo.

Na década de 1990, imigrantes da antiga URSS trouxeram uma nova tradição para Israel, o feriado soviético de Novy God (em russo, “Ano Novo”).

Concebido pelo regime comunista como um feriado de Ano Novo não religioso, Novy God, no entanto, toma emprestado símbolos tradicionais do Natal: um senhor idoso e barbudo chamado Ded Moroz e sua companheira, a donzela da neve Snegurochka, pinheiros decorados com enfeites e luzes, presentes sob a árvore e jantares em família.

A maioria dos israelenses não tem nenhuma conexão com Novy God, e a festa é celebrada principalmente em comunidades com grandes populações russas de primeira e segunda geração.

De acordo com dados de uma pesquisa, não muito recente, a maior parte dos israelenses é apática ao Ano Novo secular e pouco mais da metade da população israelense estava acordada à meia-noite da virada do ano civil. Além disso, como dia 1 de janeiro não é feriado em Israel, dormir tarde e beber não são as melhores opções para quem vai trabalhar no dia seguinte.

Fonte: Revista Bras.il a partir de The Jerusalem Post, ISRAEL21c e Bein Harim Tourism Services
Foto: Canva

Um comentário sobre “Silvester, Novy God, Ano Novo: a passagem do ano em Israel

  • Gostei muito. É necessário lembrar a cada Judeu os atos de Silvestre, antissemita que proibiu aos Cristãos sentarem à mesma mesa com Judeus, entre outros atos discriminatórios..

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo