Sete dicas para ser mais feliz em Israel
Por Hayim Makabee
Fazer aliá é um enorme desafio. Para a maioria dos olim, provavelmente a aliá é a coisa mais difícil que eles já fizeram em suas vidas. Apesar disso, muitos olim afirmam que estão felizes aqui em Israel, e que se arrependem por não terem vindo antes. Qual o segredo dessa felicidade?
Neste artigo quero compartilhar dois princípios e sete dicas, baseados na minha experiência pessoal, acompanhando dezenas de famílias de olim nos últimos anos. Com certeza existem muitas formas de ser feliz, de acordo com os interesses e prioridades de cada um, mas espero que minhas observações abaixo sirvam para todos como fonte de inspiração.
Princípios
Abaixo, dois princípios gerais que eu acredito que se aplicam à grande maioria dos olim.
Foque na qualidade de vida e não no padrão de vida
A grande maioria dos olim experimenta uma queda de padrão de vida quando faz aliá. Isso significa que vão morar em Israel em um apartamento menor do que o que tinham no Brasil, que não vão mais ter uma diarista fazendo a faxina e agora serão obrigados a limpar a casa, que não vão mais usar serviços privados de saúde e de educação, e passarão a usar os serviços públicos. Como escrevi em outro artigo, os olim viram povo e deixam de ser elite.
Porém muitos olim experimentam uma melhoria da sua qualidade de vida. Isso significa que aqui em Israel eles não têm medo de sair na rua de noite, podem deixar os filhos irem sozinhos à escola, sabem que os seus impostos estão sendo bem utilizados, e de uma maneira geral se sentem mais seguros com relação ao futuro e acreditam que seus filhos aqui terão mais oportunidades. Em um artigo anterior eu escrevi mais sobre as importantes diferenças entre padrão de vida e qualidade de vida.
Na prática, o olê que lamenta a perda do seu padrão de vida vai se sentir infeliz. Em contraste, aquele que foca no que ganhou em qualidade de vida vai se sentir mais feliz.
Foque nas novas possibilidades e não naquilo que você deixou
É normal os olim pensarem muito na vida que deixaram no Brasil. Naturalmente sentem saudades da família e dos amigos, mas também sentem falta dos lugares que frequentavam, das comidas que comiam, dos seus antigos hábitos e rotinas. Para alguns olim essas saudades são tão fortes que eles chegam a ficar deprimidos e questionam sua aliá.
Porém muitos olim se entusiasmam com o universo de possibilidades que existe aqui em Israel. Eles fazem novas amizades, descobrem lugares diferentes, experimentam comidas exóticas, adquirem novas habilidades e finalmente recriam os seus hábitos e desenvolvem novas rotinas. Esses olim realmente recomeçam suas vidas com muita energia e motivação.
Na prática, o olê que pensa constantemente naquilo que ele deixou no Brasil vai se sentir infeliz. Em contraste, aquele que foca nas novas possibilidades que tem agora em Israel vai se sentir mais feliz.
Dicas
Abaixo eu compartilho sete dicas, baseadas nos dois princípios acima.
1) Faça novas amizades
O olê, quando chega a Israel, deve o mais rápido possível fazer um novo círculo de amigos. Naturalmente, na maioria dos casos esses amigos são novos olim como ele, até porque em geral os recém-chegados não falam hebraico suficiente para poder desfrutar de uma amizade com os sabras.
Mas deve-se notar que muitas vezes a amizade entre os olim é diferente daquela que eles tinham no Brasil. Não se trata apenas de se reunir para se divertir. Não são somente amigos para momentos felizes. Aqui em Israel os amigos servem de apoio, trocando experiências e dando conselhos importantes. Uma pessoa que permanece isolada não tem muitas chances de que sua aliá seja bem-sucedida.
2) Viva em modo turista
Viver em “modo turista” significa buscar constantemente explorar novos lugares, conhecendo os inúmeros pontos turísticos em Israel, visitando os parques e os museus, aprendendo sobre história e geografia, admirando a surpreendente diversidade de paisagens em um país que tem um território tão pequeno.
Uma característica do “modo turista” é estar sempre tirando fotos, registrando nossas descobertas, para depois compartilhar com nossos amigos. Se um olê publica entusiasmado uma foto de flores em um jardim, com certeza se sente feliz aqui. Eu, depois de 30 anos em Israel, ainda me emociono cada vez que visito Jerusalém.
3) Tenha experiências gastronômicas
A vida em Israel nos oferece a oportunidade de experimentar muitos novos pratos que nem poderíamos imaginar antes de fazer aliá. Imediatamente aprendemos a gostar do Shawarma e do Falafel, e aos poucos vamos descobrindo a Shakshuka e o Chraime do Norte da África, o Malawach dos iemenitas, o Khachapuri dos Gruzinim, e muitos outros.
A próxima etapa é aprender a preparar esses pratos. Eu acredito que aqui em Israel, por questões práticas, é absolutamente necessário saber cozinhar. Mas também acho que o desenvolvimento dos nossos dotes culinários é uma enorme fonte de prazer. Preparar um jantar e convidar os amigos pode ser muito mais divertido do que ir a um restaurante.
4) Aprenda com todos
De acordo com o Pirkei Avot (A Ética dos Pais), o homem sábio é aquele que aprende de todas as pessoas. Aqui em Israel temos a oportunidade de conhecer e conversar com pessoas que têm uma vivência muito diferente da nossa. São pessoas provenientes de outras culturas, com outras experiências, outros costumes e tradições.
Obviamente essas diferenças podem ser a causa de um enorme choque cultural, gerando conflitos e mal-entendidos. Mas se nós estivermos atentos para a enorme diversidade da população de Israel, e se ajustarmos as nossas expectativas de acordo, podemos ter experiências muito enriquecedoras, aprendendo histórias fascinantes.
5) Reforce sua identidade judaica
Uma maneira garantida de nos sentirmos melhor em Israel é reforçar a nossa identidade judaica. Isso não significa necessariamente ficar mais religioso, ou respeitar a Cashrut e o Shabat. O judaísmo também tem uma literatura riquíssima, tem artes e música, e como falamos acima também tem uma enorme diversidade de pratos típicos.
Existem muitas formas de nos sentirmos mais conectados com os nossos antepassados, e em consequência nos sentiremos mais conectados com Israel. Afinal, estamos aqui porque Israel é a terra dos nossos antepassados. Então, talvez em um primeiro momento, os olim sintam falta do Carnaval e das Festas Juninas, mas com o tempo aprendem a comemorar Purim e Shavuot, e aguardam ansiosos pelos feriados judaicos que em Israel também são feriados nacionais.
6) Seja parte de um projeto
Eu uma vez escrevi que existem dois tipos de olim: os que fizeram aliá para viver em Israel, e os que fizeram aliá para viver fora do Brasil. Os olim do segundo tipo provavelmente pensaram também em emigrar para outros países: EUA, Canadá, Austrália ou Portugal. Mas por algum motivo decidiram vir para Israel, ou pelo menos fazer uma tentativa de aliá.
Em muitos casos esses, olim acabam se apaixonando por Israel. Na minha opinião, existe uma receita para essa paixão. Trata-se de entender que Israel é um país diferente de todos os outros. Em Israel nossa vida pode ter um significado que não teria em outros lugares. Eu diria que Israel não é um país, Israel é um projeto. Quando você faz aliá, você se junta a esse projeto. Você agora pode contribuir para um país que ainda está em construção.
7) Sinta-se um pioneiro
Muitos olim sofrem por estarem tão longe de suas famílias e dos seus amigos. Certamente não é fácil superar as saudades que sentimos de pessoas tão queridas, que estavam tão próximas de nós. Em certos casos também podemos sentir uma certa culpa, como os olim que deixaram no Brasil pais idosos de quem não podem mais cuidar.
Mas eu acredito que os Olim devem se sentir como pioneiros. Não pense que você abandonou sua família, pense que você está abrindo o caminho para que sua família possa fazer aliá no futuro. Não se sinta culpado por estar tão longe dos seus amigos, acredite que você vai poder ajudá-los quando eles também decidirem fazer aliá. Seja um pioneiro.
Em Conclusão
No início deste artigo eu apresentei minha visão dos dois princípios para que os olim sejam mais felizes em Israel:
1. Focar na qualidade de vida (que subiu) e não no padrão de vida (que baixou).
2. Buscar as novas possibilidades que temos em Israel e não pensar demais naquilo que deixamos no Brasil.
Em seguida apresentei sete dicas que estão alinhadas com estes dois princípios:
1. Fazer novas amizades é essencial para nossa qualidade de vida. Aqui em Israel podemos ter amizades baseadas em companheirismo e ajuda mútua.
2. Viver em modo turista torna a nossa vida muito mais agradável. Israel tem lugares fantásticos para serem visitados e explorados.
3. As aventuras culinárias podem ser uma enorme fonte de prazer. Aqui em Israel podemos descobrir novos pratos, temperos e sabores.
4. O aprendizado nos enriquece e nos oferece novas perspectivas. A sociedade israelense é multicultural, cheia de pessoas que têm histórias fascinantes para nos contar.
5. Uma identidade judaica mais forte nos acrescenta um motivo a mais para estar aqui. Em Israel podemos nos sentir mais próximos dos nossos antepassados.
6. Você pode se sentir parte do projeto sionista, que significa muito mais do que ser apenas um imigrante. Israel ainda é um país em construção, e podemos contribuir.
7. Ao pensar que você é um pioneiro, não vai se sentir culpado por ter deixado a sua família. Nossos esforços no presente abrem caminho para os nossos amigos e parentes que se D’us quiser farão aliá no futuro.
Eu não espero que todos concordem com o que escrevi neste artigo. Essa é uma visão baseada na minha vivência pessoal de 30 anos em Israel. Mas acredito que essas ideias possam servir como fonte de inspiração para que os olim sejam mais felizes. Boa sorte.
Foto: IDF Spokesperson’s Unit
Esse artigo ja pode ser considerado um manual para futuros Olim!! Parabens Hayim!
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