BlogsDavid Moran

Semana violenta no Oriente Médio

Por David S. Moran

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e esposa se deram ao luxo de viajar aos Estados Unidos, passar uma semana e ter três encontros: com o atual presidente, Joe Biden, com sua vice e talvez futura presidente, Kamala Harris e com seu candidato favorito, o ex-presidente e talvez futuro presidente, Donald Trump. Para este encontro, não mediu forças e se deslocou de Washington para Mar a Lago, Florida. Na volta a Washington comemorou o 33º aniversário do seu filho, Yair.

O problema é que um líder de um país em guerra sai do país, enquanto a guerra não para. E, de fato, no sábado (27/07), nem os Jogos Olímpicos não pararam o envio de misseis e drones da Hizballah em direção a Israel (foto)

Não tardou muito e a Hizballah atirou um míssil que atingiu em cheio um campo de futebol, em Majdal Shams, no planalto do Golan, onde crianças de 10 a 16 anos estavam jogando. Doze delas tiveram morte instantânea e cerca de 40 foram feridas.

Netanyahu, que só estaria partindo a 1:00 h de domingo, para não violar o Shabat e irritar os religiosos da coalizão, foi persuadido a antecipar sua viagem, e partiu as 20:30 h. Isto apesar de que teve a sua disposição um avião particular, a Asa de Sion.

A catástrofe da morte e ferimentos de crianças drusas abalou Israel. A comoção foi geral. O Ministro da Defesa, Yoav Gallant prometeu retaliar à altura. O primeiro-ministro, que foi na segunda-feira (29/07) a Majdal Shams, expressou seu pesar e prometeu uma reação violenta contra Hizballah. Os moradores da cidade o receberam com protestos de que “o senhor segurança nada faz para a segurança”.

Na terça feira (30/07) à noite, a conta foi fechada. Com o Serviço de Inteligência fornecendo informes precisos e atualizados e a Força Aérea israelense utilizando caças e drones especiais e com coragem de efetuar uma operação cirúrgica no meio do bairro de Dahiya, em Beirute, uma operação certeira acabou matando Fuad Shukr, o número 2 da Hizballah. Ele era tido como o Chefe do Estado Maior da organização terrorista Hizballah e confidente do Nasrallah. O líder da Hizballah também se encontra no fundo da terra, em Dahiya.

Fuad Shukr, cuja alcunha era Hajj Muhssan, tinha 42 anos e era ativista da Hizballah há 20 anos. Foi o responsável pelo atentado a uma base americana em Beirute, em 1983, quando dois caminhões cheios de explosivos, explodiram na base, matando 241 soldados americanos, 58 franceses e 6 libaneses. O governo americano pôs 5 milhões de dólares sobre sua cabeça. Será que Israel receberá esta recompensa? Sem dúvida sua morte é uma grande perda para Nasrallah e para a Hizballah, que tentará revidar. As forças de segurança de Israel estão atentas, mas não foram dadas instruções a população.

Nesta mesma terça-feira (30/07), o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh estava em Teerã participando da posse do presidente recentemente eleito no país, Masoud Pezeshkian. Nesta cerimonia também esteve o vice presidente do Brasil, Geraldo Alkimin. Na madrugada da quarta-feira (31/07) uma bomba certeira levou o Haniyeh ao céu, em plena Teerã. Israel não assumiu a responsabilidade deste atentado, mas é provável que seu serviço de Inteligência chegue até a terra dos aiatolás. Seu sepultamento deverá ocorrer nesta sexta-feira (02/08). Quem certamente não lamentou a morte do Haniyeh foi seu colega da organização terrorista, Yahiya Sinwar, ferrenho rival.

Este é um terrível golpe para o Irã, que agora viu seu território “aberto” ao Serviço de Inteligência israelense. Não é surpresa que o líder supremo do país ameaça retaliar. As autoridades israelenses que levaram em conta possível retaliação do Irã e da Hizballah tomaram as medidas e a população também foi avisada para se precaver.

Israel não fez um atentado contra o Haniyeh no Catar, onde Haniyeh e outros líderes terroristas vivem, pois prometeu às autoridades deste país que não o faria. O líder do Hamas também viajava ao Egito e a Turquia, onde voltaram a se instalar, mas Israel não quis operar nestes países pelas consequências políticas. O Irã foi o país certo e serve de aviso à liderança de que Israel pode chegar a eles também.

Por outro lado, um fato lamentável e reprovável foi a violação e entrada de arruaceiros da extrema direta, nas bases militares de Sde Teiman, onde estão os prisioneiros da Nukhba. Isto por investigadores da Policia Militar que foram investigar sete soldados que supostamente maltrataram um terrorista da Nukhba. Imediatamente, ministros e deputados dos partidos Hatsinout Hadatit e Otzmá Yehudit, junto com baderneiros, invadiram a base militar. Mais tarde, foram invadir a base militar de Beth Lid, onde se localiza o Tribunal Militar. Fatos como estes jamais tinham acontecido em Israel. Novos ventos trazidos pelo Ministro da Segurança Nacional (Policia), Ben-Gvir, sopram por aqui e fazem a polícia atrasar ou nem tomar providências. Dos civis que invadiram as bases militares, provavelmente a maioria não fez serviço militar. Ninguém do governo tentou acalmar os ânimos. O premier Netanyahu só se manifestou depois de três horas, condenando as invasões e pedindo calma. Nada de tomar as providências judiciais contra os violadores da ordem e da lei, principalmente se os incentivadores são ministro e deputados de partidos da coalizão.

Enquanto tudo isto corre, os combates na Faixa de Gaza continuam e também no Norte do pais. É incrível que haja dezenas de milhares de israelenses que depois de 301 dias estão deslocados de suas casas e não sabem quando poderão retornar.

As negociações para trazer de volta os reféns que já estão há 301 dias no cativeiro, os ainda vivos e os restos mortais dos que não sobreviveram, estão paradas. Cada lado acusa o outro de levantar mais dificuldades, mesmo depois de acertar os detalhes. Ninguém pode precisar se os últimos atentados vão facilitar chegar a um meio termo ou não. Sinwar deve estar consciente de que pode chegar a sua vez, se não chegar logo a um acordo.

Na quinta-feira (01/08) Israel confirmou a morte do arquiterrorista Muhammad Deif, considerado o Bin Laden do Oriente Médio, há mais de duas semanas. Israel queria ter certeza de que ele tinha morrido no atentado que o visou e agora teve a confirmação.

Foto: Captura de tela. Transmissão da Olimpíada e no lado direito os avisos para entrar nos abrigos nas comunidades listadas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo