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Semana de tensão e decisões

Por David S. Moran

Nas últimas duas semanas, os israelenses estão sob ameaça de ataque do Irã, em retaliação a morte de Ismail Haniye, em Teerã, e da Organização terrorista Hizballah, pela morte do seu Chefe do Estado Maior, Fuad Shukar. As ameaças são de que virá vingança e como disse Roque Santeiro, ela será maligna.

Os principais meios de comunicação dos EUA, avisaram de que “o ataque acontecerá nas próximas 24 horas, depois, passaram para 48 horas. E como a CNN, New York Times ou Wall Street Journal não podem errar, especularam que os ataques seriam em 9 de Av (13/08). É que nesta data do calendário judaico foram destruídos os dois Templos: em 422 AC e 70 DC e aí a dispersão do povo judeu de sua terra, Israel.

Os jornais erraram, nada aconteceu. A piada foi “de que há evidências crescentes de que o ataque iraniano não ocorrerá ontem”. Os americanos estão fazendo grandes esforços junto ao Irã, para que nada aconteça, ou se acontecer que seja em fogo brando. Parece que os iranianos estão aceitando isto, pois sabem que Israel contra retaliará com graves consequências para este país.

Na quarta-feira (14/08) foi publicado que o sistema bancário do Irã sofreu um ataque cibernético. Não foi informado se realmente aconteceu e se o foi, quem fez: os EUA, Israel ou a oposição iraniana.

Os esforços americanos para evitar uma eclosão no Oriente Médio é concretizado através do envio de dois porta aviões com suas flotilhas e autorização para a venda de material bélico americano no valor de 20 bilhões de dólares. O esforço americano também foi para organizar nova rodada de negociações entre Israel e a Hamas, “a última chance” para libertar os sequestrados pelo Hamas que estão há 316 dias no cativeiro. Na quinta-feira (15/08), no Catar reuniram-se os representantes de Israel, EUA, Egito e Catar que representa a Organização terrorista Hamas.

Ao mesmo tempo, altas autoridades americanas, inclusive o porta voz, John Kirby acusam os ministros Smotrich e Ben-Gvir de torpedear as negociações pressionando Netanyahu e dizendo que ainda não é hora de acordo. Netanyahu foi acusado de não se importar com os reféns só para manter os radicais Smotrich e Ben-Gvir no governo.

Até parece que o governo americano tem mais interesse em chegar a um acordo do que o governo Netanyahu. O NYT publicou que o presidente Biden tem interesse supremo de libertar pelo menos 14 cidadãos americanos que estão nas mãos do Hamas, antes de passar a presidência, em janeiro de 2025.

O General (Res.) Yom Tov Samia disse à rádio Kan (antiga Kol Israel) que no judaísmo o primeiro mandamento é a libertação de reféns, esta é uma obrigação do Estado aos cidadãos. Depois de acordo e libertação dos sequestrados, teremos tempo de lidar com o Hamas”.

No sábado (10/08) à noite, o Hezbollah continuou provocando e lançando dezenas de misseis. Não houve vítimas, mas causou grandes incêndios. A população de Beirute está pedindo ao Hezbollah para parar a guerra, pois teme a destruição que Israel pode causar. Os quartéis militares do Hezbollah em Dahia foram esvaziados. Como medida preventiva em Israel, antigos e preciosos objetos de arte e arqueologia foram retirados do Museu de Israel, em Jerusalém e depositados nos cofres do mesmo.

Há os que perguntam porque Israel não age antes do Hezbollah e só reage aos ataques desta organização terrorista. Na segunda-feira (12/08), durante reunião fechada na Comissão do Exterior e de Segurança, deputados do Likud, alinhados com Netanyahu questionaram ao Ministro da Defesa, Yoav Gallant, do mesmo partido, porque Israel não ataca o Líbano. Gallant respondeu que: “no início da guerra eu queria e o gabinete recusou. Agora as condições são completamente diferentes de antes. Escutei todos os heróis com os tambores de ‘vitória final’ [alusão a fala do Netanyahu] e a conversa fiada. A valentia vi quando isto foi trazido a discussão”. No teatro do absurdo político, todos nós sofremos com o Premier Netanyahu que não fala com seu Ministro da Defesa, Gallant, do Likud, em tempo de guerra.

Na madrugada de sábado (10/08), Israel bombardeou um Quartel General instalado pela Hamas junto a uma mesquita e escola. A Força Aérea, para minimizar os atingidos, utilizou apenas três bombas de alta precisão matando 20 terroristas. O Hamas, aproveitando o local, logo falou em uma centena de vítimas, que foram divulgados pela mídia que nem se deu ao trabalho de verificar se este dado era correto. Estava errado.

O New York Times publicou que Netanyahu adicionou às condições para um acordo com a Hamas, que o Eixo Filadelfia (a fronteira entre a Faixa de Gaze e o Egito) permaneça nas mãos de Israel. Neste Eixo, as Forças de Defesa de Israel já descobriram mais de 100 túneis. O Premier desmentiu esta exigência. O Chefe do Estado maior israelense, Major-General Herzi Halevi disse que o exército pode se retirar, se receber esta instrução do governo. “Poderemos voltar para lá fazendo incursões contra terroristas”, adicionou. Isto para avisar o Netanyahu de que o exército está pronto para as instruções governamentais.

Bom, se já falamos da tensão em Israel, ela está presente nos noticiários, no fato de que a maioria das companhias aéreas suspenderam seus voos para Israel e nas compras nos supermercados de água, papel higiênico e produtos alimentares. De resto, a vida continua normal, principalmente na região de Nahariya para o sul. Os povoados até 5 km da fronteira libanesa já estão evacuados há 10 meses e o mesmo ocorre com os povoados israelenses em redor da Faixa de Gaza. Anomalia total e o governo não se toca.

Como se não faltassem problemas, o ridículo e radical Ministro da Segurança Interna (Polícia), Itamar Ben-Gvir foi, na terça feira (13/08), ao Monte do Templo com centenas de acompanhantes, que rezaram no local, infringindo o Status Quo implementado com a Jordânia logo depois da Guerra de Seis Dias (1967). Ele esteve acompanhado pelo Ministro Itzhak Wasserlhof, do seu partido. Ante a crítica, Ben-Gvir disse: “a minha política é possibilitar a liberdade religiosa aos judeus em qualquer lugar, inclusive no Monte do Templo”. O gabinete do Primeiro-Ministro retrucou que: “a política do que acontece no Monte do Templo é do governo e do Primeiro-Ministro”.

O líder do Partido Deguel Hatorá, Moshe Gafni (da coalizão governamental) acusou o Ben Gvir de: “violar os princípios dos grãos rabinos [que se opõem à ida ao Monte do Templo] e causar danos ao povo judeu”. No dia seguinte, cinco grão-rabinos inclusive o rabino Itzhak Yossef, publicaram: “não vejam os ministros do governo como representantes do povo de Israel, eles não representam o povo de Israel”. O abaixo assinado foi publicado também em árabe. No Monte do Templo está a Mesquita de Omar e profana-la seria um desastre pela ação islâmica.

Foto: FDI

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