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Sansão e Dalila

Por Nelson Menda

Cecil B de Mille foi um consagrado produtor cinematográfico norte-americano que teve a genial ideia de transpor para as telas episódios bíblicos conhecidos.

Um desses relatos retratava a história de Sansão, heroico personagem do antigo testamento conhecido por sua força descomunal. Conta a lenda que Sansão, entre outras peripécias, tinha enfrentado – e vencido – um leão.

O filme foi um sucesso de crítica e de público. Fui assisti-lo no Cinema Marabá, em Porto Alegre, em uma sessão vespertina, na década de 50 do século passado.

Ainda lembro do nome do ator que interpretou Sansão, Victor Mature, um galã com cabelo parafinado e físico invejável. Fazendo par com Mature, uma atriz belíssima, de origem judaica, que além de talentosa intérprete, depois fiquei sabendo, era também uma renomada cientista. Seu nome artístico era Edy Lamarr e sua presença nas telas provocava suspiros entre os rapazes recém saídos da infância.

Apesar de apaixonados, o romance entre Sansão e Dalila era um amor impossível. A razão? Sansão era Judeu e Dalila, filisteia. Mas que diabos vem a ser uma filisteia? Vim a saber algum tempo depois, quando procurei em um dos dicionários que ornavam a estante da nossa casa. Filisteia é uma pessoa que nasceu na chamada Filistina, nada mais, nada menos, do que a conhecida Faixa de Gaza. Portanto, aquele romance tinha tudo para dar errado. Como deu, efetivamente.

De forma traiçoeira, Dalila convenceu Sansão a revelar-lhe o segredo da sua descomunal força. Acredito que os leitores e leitoras já conheçam o final dessa história, mas não custa repeti-la. A força de Sansão provinha de seus cabelos, segredo que ele, ingenuamente, revelou à Dalila. O resto da história é trágico. Dalila tratou de embriagar Sansão, cortando-lhe os cabelos e ordenando aos soldados filisteus que o prendessem e o cegassem.

Para suprema humilhação, Sansão passou a ser objeto de chacotas de seus captores, que não se deram conta de que o próprio tempo encarregar-se-ia de restaurar sua energia. Dito e feito.

Reza a tradição que nosso herói, ao recuperar as forças, conseguiu derrubar as colunas que sustentavam o Templo dos Filisteus. Com o desabamento morreram todos, inclusive o próprio Sansão.

Por que lembrei dessa história? Não é difícil encontrar a correlação entre o que aconteceu nos tempos bíblicos e o que está ocorrendo, neste exato momento, no Oriente Médio.

Parafraseando os avisos que precediam a exibição das películas no Brasil: “Qualquer semelhança não é mera coincidência”. Oxalá os trágicos acontecimentos que estamos presenciando se encerrem, como nos filmes, com um final menos triste.

Um comentário sobre “Sansão e Dalila

  • Também vi o filme Sansão e Dalila no cinema Marabá, que na época, chegou a ser o melhos da cidade. Claro que eu não entendia de filisteus, Filistina e coisa e tal. Mas foi um dos filmes que ficaram na minha memória pela grandiosidade dos cenários e a perfeição das vestimentas dos atores a até figurantes.

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