Saída do seger para a liberdade
Por David S. Moran
Depois de três vezes entrar e sair de confinamentos, esperamos que finalmente voltemos à normalidade. Não, não que a pandemia que assola o mundo todo sem misericórdia já esteja saindo da nossa vida. Infelizmente, o coronavírus e suas variantes, pelo visto, vão ficar no nosso planeta, ainda por tempo indeterminado. Porém a grandeza dos nossos cientistas é sempre combater os males e estamos aos poucos chegando lá. Ontem, mesmo NASA anunciou que seu satélite pousou em Marte.
Assim que o governo declarou que iria encerrar o confinamento, os israelenses já estavam todos a postos, esperando para viajar por todo lado, de norte a sul.
Ninguém podia resistir. Os filhos, netos, familiares e amigos, reclamavam que não viam uns aos outros há muito tempo. O frio de inverno e as esporádicas chuvas também atrapalharam. O sábado de manhã, com o esplendor do sol iluminando a todos, lá do céu azul, foi de uma felicidade indescritível. Lá se foi todo o povo de Israel para as estradas, formando congestionamentos, que há quase um ano desapareceram e tinham sido esquecidos.
O festival Darom Adom (Sul vermelho)
É comemorado todo ano, pintando de vermelho grandes áreas do noroeste do Deserto do Negev, com o reaparecimento das flores de anêmona (kalaniot, em hebraico). Nossa família também rumou ao sul, onde temos uma filha num Kibutz, perto da maior cidade beduína de Israel, Rahat.
Se alguém tem dúvidas de que o Estado de Israel é pequeno em tamanho, tem que ver os congestionamentos, não importa para onde queiras viajar, por todo lado milhares de visitantes. Tem que “lutar” para arrumar um lugar mais próximo ou longínquo. No fim, todo mundo se ajeita e curte o que Deus e a natureza lhe deu e a felicidade de estar juntos após tanta ansiedade.
Infelizmente, o Estado de Israel é acusado pelos críticos de ser um estado racista e de apartheid. Pura ignorância. Ao lado de famílias judias, se aglomeravam famílias de árabes e beduínos, que se cumprimentavam e até trocavam comidas.
À noite, no noticiário, vimos a previsão do tempo para toda semana e não acreditamos. Dos cerca de 23 oC a temperatura ia baixar, gradativamente, e foi dado aviso para se prevenir porque na tarde de terça-feira haveria uma forte ventania com velocidade chegando a 100km/h e, na quarta (17), o frio chegaria e nas montanhas nevaria.
Pensamos que deveria haver um erro, mas não, a previsão acertou. O Planalto do Golan se cobriu de branco e o Monte Hermon convidava todo mundo a vir, com as precauções pelo corona, subir nas suas costas e esquiar. A cidade de Tsfat (Safed), na Galileia, que tem muita espiritualidade e onde se estabeleceram na antiguidade muitos sábios judeus, também cobriu-se com manto branco. Foi a antecipação para a capital, Yerushalaim, também mostrar a sua santidade e cobrir-se de neve.
As 22:00h da quarta, com a neve se intensificando, por algumas horas, a principal estrada de Jerusalém a Tel Aviv foi fechada e, logo depois, reaberta. Muitos israelenses viajaram para curtir a neve nos parques de Jerusalém. “Aqui é a Suíça”, disse uma entrevistada à TV.
Já na quinta, o frio voltou à normalidade. A chuva deu trégua e quem passeava no Parque Hayarkon (Tel Aviv) podia curtir e constatar que todos os rios vão ao mar. O rio Yarkon, que corre em Tel Aviv e que para os brasileiros, na melhor das hipóteses, é um riacho, graças às bondosas chuvas, se tornou quase o Rio Paraná e em certos lugares formou as Cataratas do Rio Yarkon. Bem, a flora e a fauna não são iguais, mas meu filho, que corre nas pistas, viu variedade de pássaros e outros animais. Ao ver chacais, pensou que não precisaria de treinador e que pode vencer corrida nas próximas olimpíadas.
Fotos: Dror Moran. Cataratas do Yarkon e garça esperando os peixes
Na manhã da sexta feira, as chuvas continuam caindo, o Lago Kineret (da Galileia) já chegando quase ao limite de sua capacidade e as autoridades já estão se preparando para abrir as comportas e deixar mais águas jorrarem para o Rio Jordão e dar felicidade à natureza e a todos nós curtirmos. A beleza da natu reza está em todo lugar, só temos que vê-la. Shabat Shalom.
Foto: David S. Moran