IsraelNotícias

Rejeição e apoio à proposta de Trump para Gaza

A declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, de que os EUA assumirão o controle da Faixa de Gaza e reassentarão seus cerca de 1,8 milhão de moradores em outros lugares foi recebida como um “milagre” por membros do governo israelense e endossada por alguns dos seus aliados, mas rejeitada como “louca”, “perigosa” e “insana” pelos democratas americanos e por muitos líderes estrangeiros.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, respondeu à declaração de Trump. Abbas ficou furioso e enfatizou que “essas declarações expressam uma violação flagrante do direito internacional, e a paz e a estabilidade na região não serão alcançadas sem o estabelecimento de um estado palestino, com capital em Jerusalém (Oriental), dentro das fronteiras de 4 de junho de 1967, com base em uma solução de dois estados”.

“Nós nunca permitiremos que os direitos do nosso povo, pelos quais lutamos por muitas décadas e sacrificamos muito para conquistá-los, sejam violados”, acrescentou Abbas, enfatizando: “Os direitos legítimos dos palestinos não estão sujeitos à negociação e a OLP é a única representante legítima do povo palestino, e ninguém mais tem o direito de tomar decisões sobre o futuro do povo palestino”.

O Egito, como um dos principais oponentes do plano de Trump, tenta mostrar que é possível fazer o contrário. Nos últimos dias, o Egito está tentando acelerar os esforços de reconstrução na Faixa de Gaza, a fim de frustrar o plano de deslocamento americano.

A Indonésia, a nação muçulmana mais populosa do mundo, “rejeita veementemente” a proposta feita pelo presidente Trump, para que os EUA assumam o controle de Gaza e qualquer tentativa de deslocar palestinos à força ou alterar a composição demográfica do Território Palestino Ocupado”, disse o Ministério do Exterior em uma declaração publicada no X.

O rei Abdullah da Jordânia disse que rejeita qualquer tentativa de anexar terras e deslocar palestinos.

LEIA TAMBÉM

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse que os palestinos “devem ter permissão para voltar para casa” em Gaza. “Eles devem ter permissão para voltar para casa. Eles devem ter permissão para reconstruir, e nós deveríamos estar com eles nessa reconstrução no caminho para uma solução de dois estados”, disse Starmer ao parlamento do Reino Unido durante sua sessão semanal de perguntas.

O Ministro do Exterior da Turquia disse que a expulsão dos habitantes de Gaza é algo que a Turquia não pode aceitar. Nem os países da região. “É ridículo demais até ser discutido”.

O representante do Hamas Sami Abu Zuhri disse à Reuters que “os comentários de Trump sobre seu desejo de controlar Gaza são ridículos e absurdos e qualquer ideia desse tipo é capaz de incendiar a região”.

Deputados árabes de Israel também criticaram o plano de Trump. Mansour Abbas do partido Raam disse que “este é o velho pensamento Kahanista. É impossível realizar uma transferência sem cometer crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio”.

Ayman Odeh disse que “Trump e Netanyahu, dois populistas que estão enganando alguma base imaginária, uma transferência não vai acontecer e não vai trazer  segurança. Os habitantes de Gaza ficarão muito atrás de ambos, e os dois povos encontrarão uma maneira de viver lado a lado”.

O Secretário-Geral do Comitê Executivo da OLP Hussein al-Sheikh disse que “a liderança palestina enfatiza sua posição firme de que a solução de dois estados é a garantia de segurança, estabilidade e paz. A liderança rejeita todos os apelos para a evacuação dos palestinos”.

A proposta de Trump também foi rechaçada pelos democratas nos EUA. A oposição interna ao presidente dos EUA condenou o plano, classificando-o como “limpeza étnica com outro nome”.

Riyad Mansour, enviado da Autoridade Palestina à ONU, disse: “Para aqueles que querem enviar os habitantes de Gaza para um lugar feliz e agradável, deixem-nos voltar para suas casas originais dentro de Israel. Há lugares agradáveis ​​lá, e eles ficarão felizes em retornar a esses lugares”.

Mohammed al-Bukhaiti, um líder do grupo rebelde Houthi no Iêmen, escreveu no X que os comentários de Trump representavam a “arrogância americana” que subjugará todos se for recebida com “submissão dos árabes”.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que o apoio do país a uma solução de dois estados “permanece o mesmo”, após os comentários de Trump.

Da mesma forma, o Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia disse em uma declaração que seu “apoio de longa data a uma solução de dois Estados está registrado” e acrescentou que também “não comentará todas as propostas apresentadas”.

A bancada republicana dos EUA aprovou a proposta de Trump. O Secretário de Estado Marco Rubio escreveu no X: “Gaza deve estar livre do Hamas. Os Estados Unidos estão prontos para liderar e tornar Gaza bonita novamente. Nossa busca é por uma paz duradoura na região para todas as pessoas”.

O enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse: “Paz na região significa uma vida melhor para os palestinos. Uma vida melhor não está necessariamente ligada ao espaço físico em que você está hoje”.

No Congresso dos EUA, alguns dos aliados mais ferrenhos de Trump começaram a se unir em torno da proposta. O presidente da Câmara, Mike Johnson, um republicano da Louisiana, elogiou a proposta como uma “ação ousada na esperança de alcançar uma paz duradoura em Gaza. Estamos esperançosos de que isso traga estabilidade e segurança muito necessárias para a região”.

Os representantes Nancy Mace, da Carolina do Sul, e Richard Hudson, da Carolina do Norte, apoiaram a proposta. “Vamos transformar Gaza em Mar-A-Lago”, disse Mace, referindo-se ao resort de golfe de Trump em Palm Beach, Flórida. “O presidente Trump nunca deixará de trabalhar para garantir uma paz histórica e duradoura!” escreveu Hudson.

Em Israel, ministros do governo de Netanyahu imediatamente recorreram às redes sociais na quarta-feira para elogiar a proposta de Trump, chamando-a de “uma manhã histórica para o Estado de Israel” e “o amanhecer de um novo dia”.

O Ministro da Cultura e Esportes Miki Zohar declarou, “temos um grande primeiro ministro e um presidente americano incrível! Graças a Deus por esse milagre que Ele realizou para o povo de Israel”.

O Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, do partido Sionismo Religioso, disse: “Juntos, faremos o mundo grande novamente”.

Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
Fotos: Flickr (Conference in West Palm Beach) e Wikimedia Commons

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo