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Quando o advogado atua como juiz

Por Tzvi Henrique Szajnbrum

A prática da lei em si só não é suficiente. O conhecimento da lei (tanto quanto se tem) não é suficiente. O bom senso também não é suficiente.

O que faz de um advogado um bom advogado, um profissional de destaque, é uma combinação de tudo isso, além de uma paixão sem fim por seu trabalho e confiança mútua com os clientes – nada menos será suficiente para fazer de um advogado um bom profissional.

Nós, advogados, nunca devemos julgar os nossos clientes, devemos dar-lhes o benefício da dúvida quando não temos a certeza de que estão dizendo toda a verdade, devemos ter simpatia pelo cliente e muita empatia.

Empatia não significa que precisamos ser emocionais e agir de forma incoerente, como alguns clientes fazem quando estão sob estresse – e todo processo judicial é necessariamente estressante.

Um bom profissional deve ter cuidado antes de se tornar um juiz de seus clientes.

Calúnia e Direito de Família

O Direito de Família não trata apenas de divórcio, mas é muito mais amplo, incluindo divisão de espólio, testamentos, violência doméstica, disputas de diferentes naturezas entre os membros da família e muito mais.

É triste, mas a realidade é que as pessoas agem de maneiras anormais quando querem atingir seus objetivos, incluindo o uso da força ou o uso de calúnias indiscriminadas.

Já ouvi muitas histórias de advogados dizendo a seus clientes que eles podem “encontrar outro advogado para representá-los” porque ele, como advogado, está convencido de que sabe melhor o que está acontecendo na família ou no caso.

Os advogados não precisam (e não devem tentar) controlar seus clientes, mas em vez disso, devem trabalhar com o cliente, mesmo quando o cliente não é totalmente honesto ou quando o cliente se comporta de forma irracional ou estranha. As pessoas reagem de forma diferente em diferentes situações e como eu disse, um caso de família é sempre um momento muito estressante para todos os envolvidos.

Abuso infantil

Lembro-me de um caso específico em que cometi um erro quando quase me recusei a continuar representando um caso em que a esposa insistia que, apesar da falta de qualquer evidência real, seu marido estava molestando sexualmente as filhas.

Conversei horas com a esposa em diferentes ocasiões durante o caso, falei com o advogado do cônjuge, com a assistente social envolvida (tanto quanto era permitido por lei) e até com o cônjuge e não acreditei na história da minha cliente.

O cenário apresentado pela esposa era irracional, o marido parecia uma pessoa muito razoável, seu advogado foi muito firme contra as acusações e a assistente social não concordou com o cenário apresentado por minha cliente.

Confiança

Algo dentro de mim me disse para confiar na cliente. Decidi junto com meu sócio, confiar em nossa cliente e, portanto, prosseguimos com o caso solicitando ao juiz uma avaliação do marido por um psiquiatra.

Nosso pedido não foi atendido, apesar da boa performance que tivemos no Tribunal. Em vez disso, o juiz decidiu a favor de uma avaliação ampliada pela assistente social indicada pelo Tribunal para lidar com uma opinião / avaliação chamada: Serviço de Pesquisa Social.

Este caso deveria terminar com algum acordo entre as partes, em que o cônjuge continuaria a ver as filhas regularmente após o divórcio e seriam concedidos a ele direitos de visita estendidos.

Um final ruím

Infelizmente, este caso, como muitos outros, se tornou uma surpresa total para todas as partes envolvidas, incluindo o juiz, o advogado do cônjuge e até mesmo eu. As alegações da minha cliente foram consideradas a triste realidade – o pai estava sexualmente abusando das filhas.

Alguns anos se passaram, e o pai não conseguiu se aproximar das filhas, nem mesmo sob supervisão, pois estava em total negação e recusa a qualquer tipo de tratamento.

As verdadeiras vítimas neste caso são as filhas que sofreram porque sabem o que aconteceu, se sentem traídas e sentem falta de uma figura paterna em casa. A mãe não consegue mais confiar em nenhum tipo de relação com outro homem em casa e se recusa em entrar em um novo relacionamento que envolva outro homem morando em sua casa e, potencialmente, colocando seus filhos em risco de sofrer mais.

A calúnia e a verdade podem ser muito semelhantes, e nós, advogados, devemos aprender a confiar em nossos clientes da maneira como eles depositam sua confiança em nós.

Um comentário sobre “Quando o advogado atua como juiz

  • I went through it, today I’m 62 years old was bitter and sad ;we did not go to court but left home at 14 years and prostituted abuse of myself
    Now I’m fine. but I suffered many abuses allowed by me, I thought it deserved: this is how we feel guilty for being abused and afraid of losing the man who is his mother’s husband (omitted)

    Resposta

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