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Projeto resgata papel dos judeus no futebol alemão

Com ajuda de torcedores apaixonados por história, a enciclopédia online do Museu Alemão do Esporte registra o destino dos pioneiros judeus dos gramados e envia uma mensagem contra o antissemitismo nos estádios.

Quando o craque do Schalke 04, Ernst Kuzorra, cogitou em 1927 trocar o clube pelo SC 95 de Dortmund, os diretores do clube fizeram todos os esforços para manter o jogador. Grande torcedor e patrocinador do Schalke, o empresário Leo Sauer, dono de um grande açougue em Gelsenkirchen, deu uma ajuda, financiando uma carteira de habilitação para o atleta e contratando Kuzorra como motorista, possibilitando, assim, que o jogador tivesse uma renda regular no Schalke. Kuzorra ficou e ajudou o clube a ganhar o campeonato seis vezes.

Muitas dessas histórias ficaram esquecidas por décadas. Mas elas são de particular importância para além do esporte.

Leo Sauer era judeu e foi assassinado, como seis milhões de judeus, durante o Holocausto. Sauer foi deportado depois que os nazistas tomaram o poder e morreu pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, após uma tentativa fracassada de escapar do campo de concentração.

“Em 1994, o Schalke foi o primeiro a incluir em seus estatutos a luta contra o racismo e a discriminação”, diz Thomas Spiegel, funcionário do Schalke e que participou das pesquisas sobre a biografia de Sauer.

No início dos anos 2000, foi encomendado um estudo sobre o destino de todos os judeus alemães próximos ao clube, tais como, a história do jovem jogador Ernst Alexander, cuja promissora carreira teve fim quando os nazistas proibiram os judeus de serem membros de clubes esportivos. Após anos de fuga, Alexander foi capturado pelos nazistas e, depois, assassinado em Auschwitz.

Hoje, o Schalke 04 homenageia pessoas que trabalham pela integração, diversidade e tolerância com o Prêmio Ernst Alexander.

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Assim como ocorre em muitos outros clubes de futebol, são sobretudo os torcedores que promovem a cultura da memória do clube. Por vários anos, eles vêm coletando cuidadosamente – de forma mais empenhada desde a Copa de 2006 na Alemanha – sobre a relação dos judeus e clubes durante a era nazista, como membros do clube, como jogadores, como dirigentes ou como patrocinadores.

O projeto prevê que essa pesquisa seja organizada numa enciclopédia online do Museu Alemão do Esporte. “Com o projeto online, chamamos a atenção para o destino dos pioneiros judeus do esporte, que foram marginalizados e assassinados, mas que ajudaram muito a desenvolver o futebol na Alemanha”, diz o diretor do museu, Manuel Neukirchner. “Também é nossa preocupação enviar um sinal permanente contra qualquer tendência antissemita e racista no futebol atual”.

“A enciclopédia pretende mostrar que a ascensão do futebol alemão teria sido completamente impossível sem os judeus”, explica o historiador Henry Wahlig. “Todo o futebol alemão foi fortemente influenciado por jogadores judeus. O projeto deve se tornar o memorial central virtual do futebol alemão”.

A enciclopédia inclui jogadores de futebol famosos, como Julius Hirsch, o fundador da revista especializada Kicker, Walther Bensemann, e Karl Levi.

Mais de 200 jogadores, treinadores, sócios e patrocinadores judeus já estão catalogados, e 25 clubes e grupos contribuíram com os textos.

Fonte: DW
Foto: These Football Times

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