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Principais notícias de Israel

Por David S. Moran

Em Israel, os fatos passam tão rapidamente e o que acontece numa semana é mais do que ocorre em qualquer outro lugar durante um mês.

A guerra continua na Faixa de Gaza contra a organização terrorista Hamas e também no front do norte contra a Hizballah, no Líbano, e não contra os libaneses.

O Ministro da Defesa, Yoav Gallant viajou aos Estados Unidos para “limpar a barra” com as autoridades militares locais, depois que o primeiro ministro Benjamin Netanyahu acusou os EUA de não abastecer Israel com armamento necessário. Netanyahu faz zigue-zague nas suas declarações. No Canal 14, que é totalmente bibista, ele falou o que pensa a respeito dos sequestrados. Disse que está disposto a receber parte dos sequestrados (e não todos) e não cessará o fogo. A população israelense quer uma negociação que envolva todos os sequestrados vivos e mortos e terminar a guerra em Gaza. Se depois houver necessidade, Israel voltará a guerrear. Segundo o Wall Street Journal, dos 120 reféns, menos de 50 ainda estão vivos.

Diante as criticas a sua fala no Canal 14, Netanyahu voltou atrás em menos de 24 horas e disse que está disposto a aceitar o plano do presidente Biden. Segundo este plano, a parte A é a libertação de todos os reféns, exceto os soldados e os corpos dos mortos. B é a libertação dos soldados em troca da libertação da maioria dos terroristas presos em Israel e cessar-fogo. Netanyahu teve que voltar atrás depois que os americanos ficaram furiosos pela sua entrevista que voltava atrás do que já estava aceito por ele.

A atenção de todos voltou-se, na segunda-feira (24/06), às cartas de advertência entregues a cinco personalidades pela Comissão Nacional de Inquérito, que estudou a venda de submarinos e navios a Israel, entre 2009 e 2016. Os cinco são: o primeiro ministro Netanyahu, o então ministro da defesa, Moshe (Bugui) Yaalon, o então chefe do Mossad, Yossi Cohen, o então comandante da Marinha, almirante Ram Rotberg e Abner Simchoni, funcionário do Conselho de Segurança Nacional.

A Comissão presidida pelo juiz Asher Gronis, ex presidente da Suprema Corte, ouviu 41 testemunhas, entrevistou 122 pessoas e examinou dezenas de milhares de documentos. As cartas entregues não tem significado criminal, são advertência grave de talvez falta de responsabilidade pública. Netanyahu recebeu advertência por decisões significativas à segurança de Israel sem o necessário processo de consultas. Concluiu com a Alemanha em assuntos políticos, militares, econômicos e de segurança, sem documentação própria, ignorando o governo. Tomou a decisão de comprar seis submarinos sem trabalho com equipe e desviando das necessidades determinadas pelo governo. Decidiu autorizar que a ThyssenKrupp vendesse submarinos ao Egito, contrariando decisão do governo israelense.

Yossi Cohen, ex diretor do Mossad (2013-2015) foi advertido por conduta não profissional e sem a devida atenção a fatos de segurança. Prejudicou as relações exteriores de Israel, bem como dos seus interesses econômicos.

Ram Rotberg, comandante da Marinha, foi advertido por ter deixado a Comissão de Segurança Nacional influenciar determinação profissional da Marinha. Cooperou com políticos, sem levar em conta as FDI e o Ministério da Defesa e deu informações não corretas à Comissão.

O ex Ministro da Defesa, Yaalon (2013-2016) foi advertido porque agiu contrariando decisões do governo, causou embaraço politico pela venda de submarino ao Egito.

Abner Simchoni promoveu com a Marinha a compra, contornando os processos necessários. Escreveu documentos sem mostrar as posições do ministério da Defesa.

O Escândalo dos Submarinos, como ficou conhecido, estourou com a revelação do Canal 13, em 2016 e 2017 e então foi aberto inquérito criminal com suspeita de autoridades receberem propina da gigante ThyssenKrupp, fabricante dos submarinos. Em maio de 2021 foram apresentadas queixas contra o vice-diretor da Comissão de Segurança Nacional, Avriel Bar Yossef, contra o chefe do gabinete do Primeiro-Ministro, David Sharan, contra Miki Ganor, representante da ThyssenKrupp em Israel, o ex-ministro Modi Zandberg, o homem de negócios Shai Brosh, o conselheiro político Rami Taub e o conselheiro de comunicações Itzhak Lieber.

Netanyahu que só quer preservar seu posto de primeiro-ministro reagiu e criticou a “sua Comissão”, querendo dizer que é da esquerda, não é minha, nem do meu governo e nem dos meus eleitores. Isto apesar do juiz Gronis ser conhecido por tendência da direita, ser correto e até foi nomeado pelo próprio Netanyahu para outras comissões.

Outro “abacaxi” que o governo está enfrentando é o do recrutamento dos ultraortodoxos, que foram isentados por estudarem em Yeshivot. No início, eram apenas 400, mas com o passar do tempo, seu número foi aumentado para 63.000. Com esta guerra, em que o exército já tem muitas baixas e muitos feridos, as Forças de Defesa de Israel necessitam de mais soldados. A Suprema Corte decidiu numa votação de 9 a 0, que os ultraortodoxos têm que se alistar. Os partidos haredim dos ultraortodoxos têm muita força na politica israelense, principalmente o Shas com 11 deputados e o Yahadut Hatorá, 7 deputados. Estes são o fiel da balança que Netanyahu necessita para preservar seu governo que conta com 64 deputados contra 56.

Agora, com a decisão da Suprema Corte, será difícil se esquivar, mesmo que o primeiro passo seja recrutar 3.000 jovens que não frequentam yeshivot, mas se esquivam do alistamento. O ministro da Habitação, rabino Itzhak Goldknopff já avisou que se esta lei passar ele se demite. Mas, pelo visto vai apoiar o governo por fora.

O problema dos haredim acompanha Israel por décadas e agora esta questão precisa ser resolvida para que todos se alistem, sem discriminação. Há a possibilidade de formar pelotões exclusivos de haredim, para que mantenham suas tradições.

Na fronteira com o Líbano, o potencial de conflito aumenta e ao mesmo tempo os dois lados dizem que não querem a guerra. A boa noticia é que no Líbano aumenta o número de opositores à Hizballah que falam contra Nassralah e suas manobras. A Hizballah é a mais potente força no Líbano, mas pode ser que neste mundo louco, Nassralah dê ouvidos à população cristã e sunita do país e evite possível destruição de ambos os lados da fronteira.

O jornal londrino Telegraph publicou que a Hizballah armazena material bélico em depósitos no aeroporto de Beirute. Abriga misseis balísticos, bombas da artilharia, misseis laser antitanques, explosivos tipo RDX com pó venenoso, entre outros. A Hizballah nega, assim como tinha negado armazenar material bélico no porto de Beirute. Numa explosão nestas dependências morreram mais de 200 pessoas.

Foto: Captura de tela (Canal 14, usada de acordo com a Cláusula 27a da Lei de Direitos Autorais). Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fala ao Canal 14, 23/06/2024.

 

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