Posse do novo governo repleta de contratempos
O novo primeiro-ministro, Naftali Bennett, foi desafiador no pódio da Knesset no domingo ao apresentar os ministros de seu novo governo e suas diretrizes em um discurso constantemente interrompido por deputados, questionando-o persistentemente.
A partir do momento em que Bennett começou seu discurso apresentando seu governo, o chefe do Partido Sionismo Religioso Bezalel Smotrich e outros deputados gritaram “vergonha” e agitaram pôsteres de vítimas do terrorismo. Eles foram prontamente retirados do plenário.
“Estou orgulhoso de poder sentar-me em um governo com pessoas com pontos de vista muito diferentes”, disse Bennett aos intrusos furiosos, dizendo que eles claramente acharam difícil abrir mão das rédeas do poder.
Smotrich e seus companheiros do Partido Sionista Religioso, Itamar Ben-Gvir e Orit Struck, todos tiveram que ser escoltados do plenário após seus comentários, embora vários deputados do Likud e outros de direita continuassem gritando em voz alta e interrompendo o discurso de Bennett.
Enquanto Bennett lutava para falar, seus apelos por paciência e unidade entre o público israelense foram abafados pelos gritos de seus rivais. Seus próprios filhos, que estavam sentados na galeria pública, começaram a fazer sinais de coração com as mãos em apoio ao seu pai.
Bennett apelou a todos os lados do espectro político para mostrarem moderação. Ele reclamou que, nos últimos anos, Israel não estava sendo governado da maneira que um país deveria ser.
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“O tom alto dos gritos é o mesmo que o fracasso em governar durante o seu mandato”, Bennett retrucou os questionadores do Likud.
Deputados do Shas e do Judaísmo da Torá Unida também importunaram Bennett, chamando-o de mentiroso e trapaceiro, mas Bennett prometeu ajudar o setor haredi (ultraortodoxo), embora seus representantes não fizessem parte de seu governo. Ele prometeu construir uma nova cidade haredi para a crescente população do setor.
Depois de mais dez minutos de caos, May Golan do Likud, Moshe Abutbul do Shas e Yitzhak Pindrus do Judaísmo da Torá Unida também foram retirados do plenário por seus protestos.
O trabalhista Ram Shefa tuitou um vídeo do caos, chamando-o de “constrangimento do Partido Sionista Religioso” e acrescentando “vocês não vão nos impedir, a mudança está a caminho”.
No discurso, Bennett disse que seu governo evitará a nuclearização do Irã e não permitirá o lançamento de foguetes contra cidadãos israelenses da Faixa de Gaza. Ele agradeceu ao governo do presidente dos EUA Joe Biden por seu apoio durante a guerra em Gaza e prometeu trabalhar para manter o apoio dos dois partidos americanos a Israel.
Bennett fez questão de começar seu discurso elogiando o primeiro-ministro de saída, Benjamin Netanyahu, por seu árduo trabalho ao longo dos anos pelo Estado de Israel, e sua esposa, Sara, por sua dedicação. Ele disse que Netanyahu merece crédito por sua atuação junto ao chefe do Ra’am (Lista Árabe Unida), Mansour Abbas. O novo governo tomaria medidas sem precedentes para alcançar o setor árabe, prometeu Bennett.
O ministro das Relações Exteriores e primeiro-ministro suplente Yair Lapid também falou e disse que sua mãe, a autora Shulamit Lapid, fez um esforço especial para vir à Knesset para a ocasião:
“Minha mãe tem 86 anos e não foi fácil pedir a ela que viesse para Jerusalém. Fizemos isso porque presumi que vocês [parlamentares da oposição] fossem capazes de se controlar e agir com respeito neste momento, e que ela pudesse testemunhar uma transição pacífica de poder”, disse Lapid.
“Quando ela nasceu, Israel ainda não existia, Tel Aviv era uma cidade de 30.000 habitantes e não tínhamos um parlamento e eu queria que ela se orgulhasse do processo democrático de Israel. Em vez disso, ela e todos os outros cidadãos israelenses têm vergonha de você e se lembraram novamente por que é hora de substituí-lo”.
“Vou renunciar ao discurso que planejei e, em vez disso, usar esse tempo para me desculpar com minha mãe”, disse ele.
Uma crise foi evitada antes da posse, até o parlamentar Saeed Alharomi, do Ra’am, dizer que votaria a favor do novo governo depois de ameaçar votar contra ele.
O líder do Ra’am, Mansour Abbas, disse aos repórteres da Knesset que “nada” impediria a tomada de posse do novo governo na noite de domingo, dizendo que “todos votaremos a favor do governo”.
Em troca de seu apoio à nova coalizão, Alharomi exigiu que uma cláusula no acordo de coalizão sobre construção ilegal no Negev fosse cancelada.
Netanyahu e Arie Deri pressionaram Alharomi e lhe ofereceram garantias, inclusive sobre a Lei Kaminitz que trata da construção ilegal, em uma última tentativa de fazê-lo votar contra o governo.
Netanyahu teria permanecido no poder se a minúscula maioria da nova coalizão perdesse o apoio de pelo menos um parlamentar em um voto de confiança. Se Alharomi se abstivesse no voto de confiança, os parlamentres árabes poderiam vir em socorro e votar a favor.
O Likud respondeu que seria vergonhoso se o governo fosse formado com o apoio de parlamentares que apoiam terroristas e não reconhecem Israel como um Estado judeu democrático.
Fonte: The Jerusalem Post
Foto: Captura de tela
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