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Perplexidades

Por Nelson Menda

Estão acontecendo tantas coisas estranhas no âmbito local e internacional que, além de ficar difícil entender o que se passa, é praticamente impossível tentar prever o que poderá vir a seguir.

A começar por uma notícia que deveria encher o povo de Pindorama de alegria. Um brasileiro de origem humilde, filho de uma faxineira que veio tentar a vida nos Estados Unidos, acaba de ser eleito, pelo Partido Republicano, para ocupar uma vaga no Senado americano. Sua eleição, além de ajudar seu próprio partido a garantir uma escassa maioria de votos sobre os Democratas, teria o simbolismo de representar a vitória de um modesto filho da classe C, estrangeiro, que ascendeu socialmente após se graduar em uma escola de ensino superior frequentada pelos filhos da elite norte-americana.

Nosso personagem declarou possuir origem judaica pois, alegadamente, seria descendente de sobreviventes do Holocausto. Para demonstrar o espírito liberal que, supostamente, caracterizaria os membros do Partido Republicano, assumiu publicamente sua orientação sexual por parceiros também homens. Com essa plataforma acabou eleito e conseguiu garantir um pequeno percentual de votos para, ao que tudo indica, propiciar aos membros do seu partido sair vencedor nas disputadas votações legislativas norte-americanas.

Só que essa história não terá um final feliz. Nosso conterrâneo, pura e simplesmente, falsificou o currículo escolar, mentiu ao dizer ser descendente de judeus perseguidos pelo nazismo, para mencionar algumas das suas falácias mais grosseiras. Parece que a única coisa verdadeira teria sido sua opção sexual, mas é difícil, a essas alturas do campeonato, acreditar em qualquer uma de suas assertivas. Que vergonha para ele e, é forçoso reconhecer, para os imigrantes que se estabelecem nos Estados Unidos e acabam ascendendo, por mérito próprio, ao topo da pirâmide.

A mídia norte-americana tem dedicado enorme espaço para divulgar as peripécias desse personagem, felizmente, até o momento, sem enfatizar tratar-se de um brasileiro. Será que esse é um fato isolado? Tomara que sim, pois se esse cidadão conseguir exercer o mandato sem ser defenestrado da carreira parlamentar que conseguiu obter com informações falsas terá acendido a luz verde para que outros aventureiros façam o mesmo.

Para mim, já teve início a contagem regressiva do prazo para que ele seja convidado a encerrar sua breve carreira política e acabe expulso, aos pontapés, pela porta dos fundos do Senado. Isso se não acabar processado por membros do seu próprio partido, obrigado a devolver a enxurrada de dólares que recebeu de doadores que acreditaram na sua boa estrela e terminar sua meteórica ascensão trancafiado em uma cela. Me fez lembrar de um personagem do cinema que se fez passar por piloto internacional e acabou virando tema de filme.

Quem está em uma sinuca de bico são os próceres do Partido Republicano. Estão relutantes em expulsar o referido cidadão do partido, para não perder a tênue maioria que possuem naquela casa legislativa, fazendo vista grossa e servindo de alvo das chacotas da mídia e dos adversários do Partido Democrata.

A única coisa positiva dessa história é a menção à condição, ainda que falsa, de sua ascendência judaica. É sinal de que, ser judeu ou descendente de israelitas, aqui nos Estados Unidos é um fato que angaria simpatias e votos junto à população.

Foto: Reprodução. Congressista republicano George Santos

3 comentários sobre “Perplexidades

  • Esta historia do George Santos e emblematica, porque a mentira foi descoberta nao porque os republicanos foram checar seus cursos universitarios , mas os jornalistas foram fazer uma varredura e quem procura acha.
    Mentiroso, cara dura , acho que este esta com os dias contados .
    Susana Menda

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  • Lenta Schilling Zelmanovits

    Aqui no Brasil,as peripécias deste imigrante estão sendo bem divulgadas.Pelo andar da carruagem,os congressos de todos os paises têm seus escândalos

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    • Kkkkkk até agora não se sabe quem de fato eh George Santos…possui um currículo de mentiras! Mentirosos existem e sobretudo dentro da política, mas este exagerou na dose!
      Abs.

      Resposta

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