Palestinos condenam mensagem da UE a Israel

Palestinos de todo o espectro político condenaram no fim de semana a presidente da Comissão Europeia (UE), Ursula von der Leyen, por dizer que Israel “fez o deserto florescer”.

Sua declaração foi incluída em uma mensagem especial postada no Twitter pela Delegação da União Europeia em Israel para celebrar os 75 anos da independência de Israel e da amizade com a Europa.

“Hoje, comemoramos 75 anos de democracia vibrante no coração do Oriente Médio”, disse ela. “75 anos de dinamismo, engenhosidade e inovações revolucionárias. Vocês, literalmente, fizeram o deserto florescer”.

A Autoridade Palestina (AP) classificou os comentários como “racistas” e exigiu que a presidente da Comissão Europeia se desculpasse tanto com os cidadãos europeus quanto com o povo palestino.

“O Estado da Palestina rejeita as observações inadequadas, falsas e discriminatórias da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, particularmente a metáfora racista antipalestina de “faça o deserto florescer”, disse o Ministério do Exterior palestino.

“Tal discurso propagandista desumaniza e apaga o povo palestino e falsifica sua rica história e civilização”.

Segundo o Ministério, “essa narrativa perpetua a negação contínua e racista da Nakba (catástrofe, referência ao estabelecimento de Israel) e encobre a ocupação ilegal de Israel e o regime de apartheid”.

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O Ministério palestino alertou que “tal adoção de retórica antipalestina mina a posição da União Europeia e lança sérias dúvidas sobre seu compromisso declarado com o direito internacional e os direitos humanos”.

Funcionários do Hamas acusaram a presidente da Comissão Europeia de “hipocrisia”.

O alto funcionário do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que sua mensagem a Israel “no aniversário de sua fundação nas ruínas de nossa terra palestina ocupada representa o cúmulo da hipocrisia e preconceito a favor da ocupação”.

Abu Zuhri disse que a mensagem de felicitações a Israel “expressa a negação dos direitos de nosso povo palestino e o desconhecimento de sua presença histórica na pátria”.

Ele acrescentou que a mensagem “levanta questões sobre a natureza da posição europeia em relação ao conflito na Palestina”. A autoridade do Hamas acusou ainda a presidente da Comissão Europeia de enganar e provocar os palestinos ao dizer que Israel é uma democracia”.

Basem Naim, chefe do Departamento de Assuntos Políticos e Externos do Hamas, disse que a mensagem que Ursula von der Leyen enviou a Israel “expressa muita hipocrisia política e ignorância da história”.

Naim disse em um comunicado que o estabelecimento de Israel há 75 anos “não foi um sonho tornado realidade, mas sim um pesadelo que ainda paira sobre o coração do povo palestino, que ainda está pagando o preço por este pecado cometido pelos países ocidentais”.

Naim observou que “aqueles que perseguiram e torturaram os judeus foram a Europa e seus países”. Esses judeus, disse ele, “não encontraram um lugar seguro em nossos países árabes e islâmicos. Não expiem seus pecados às custas de nosso povo e de seu futuro”.

O funcionário do Hamas acusou a presidente da Comissão Europeia de “repetir mentiras promovidas pelos líderes da empresa sionista”. Ele acrescentou: “A Palestina nunca foi um deserto que floresceu durante a era da barbárie israelense. Há milhares de anos, a Palestina foi o berço das civilizações, o ponto de encontro da coexistência e o caminho da ciência e do progresso”.

A Frente Popular pela Libertação da Palestina (PFLP) da OLP pediu a Ursula von der Leyen e à União Europeia que se desculpem com o povo palestino por seu “apoio ilimitado à entidade sionista”.

A PFLP acusou a mensagem a Israel no Dia da Independência de “criminosa, tendenciosa em favor da entidade sionista e vergonhosa”. Segundo a PFLP, a mensagem contém “mentiras e frases discriminatórias e prova mais uma vez que a União Europeia é parceira da entidade sionista na sua agressão e ocupação”.

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, também condenou os comentários da presidente da Comissão Europeia, chamando-os de “ofensivos para os palestinos e seu sofrimento histórico”.

Fonte: The Jerusalem Post
Foto: European Parliament (Flickr)