O(s) inimigo(s) não dorme(m) no ponto
Por David S. Moran
No Oriente Médio tudo continua correndo e ninguém espera Israel resolver seus problemas internos. Enquanto os israelenses continuam e aprofundam sua divisão, os inimigos do outro lado das fronteiras, olham com alegria as discussões intra-israelenses.
O líder da Hizballah, com grande sorriso, disse num discurso que acredita que Israel não chegará ao seu 80º aniversário. Ele que vive há anos num esconderijo, na Dahia (bairro em Beirute) e não vê os raios do sol, por receio de ataque israelense, está acordando.
Na última segunda-feira(13), um veículo no cruzamento de Megido, foi perfurado por pequenas balas voando para longe, após a explosão de um artefato colocado a cerca de 30 metros. O motorista que passou lá ficou gravemente ferido (árabe israelense). O exército iniciou buscas extensivas, enquanto no norte do país surgiram boatos para todos os lados. Por fim, forças militares localizaram um carro que levava o terrorista, ainda com cinto explosivo e, antes de acioná-lo, foi mortalmente ferido. Depois apurou-se que era palestino vindo do Líbano.
A organização terrorista Hizballah, muitas vezes testa a atenção dos israelenses. Envia dezenas de refugiados da África penetrar em Israel, em busca de trabalho. O exército os prende e depois de interrogá-los os coloca no Líbano. Então, eles são investigados pelos terroristas da Hizballah. Quanto tempo levou para os israelenses descobri-los, como foram tratados, etc.
Assim teria sido com o palestino que trouxe os explosivos e por sorte não matou e feriu mais pessoas. Por enquanto, Israel não revidou e como disse um oficial: “nós escolheremos como e quando revidar”.
Toda esta situação não impediu o primeiro-ministro de voar novamente para o exterior, desta vez para a Alemanha, para breves encontros com o presidente e o chanceler alemão. Desta vez, sua esposa não viajou, mas está prevista para um longo fim de semana, na semana que vem, quando estarão na Inglaterra.
Este reaparecimento da Hizballah pode ser ligado também ao resultado final de dois anos de trabalho, atrás dos bastidores, da China, que culminou com o restabelecimento de relações diplomáticas, com os arqui-inimigos Arábia Saudita e Irã. O Irã, através da sua proxy, os Houtis no Iêmen, lançaram bombas contra alvos sauditas, inclusive refinarias. Agora, põe de lado as diferenças e possivelmente Bahrein repetirá a “dose” e reatará relações com o Irã. Isto também pode ter efeito com respeito a Hamas e a Jihad Islâmica, bem como a Hizballah.
Os perdedores desta ação saudita são os EUA e Israel. As relações entre Mohammad Bin Salman e o governo Biden são muito frias desde o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi. Israel, que já recebeu autorização de voar sobre o espaço aéreo saudita, agora tem que baixar o nível, até que apareça algum fator para estabelecer relações com a Arábia Saudita.
A vencedora desta ação é a China, que se aproveitou da má situação interna do Irã e o levou ao presente entendimento com a Arábia Saudita.
Quem pode tentar tirar proveito de toda esta conjuntura são as organizações terroristas: Hizballah, Hamas e Jihad Islâmico. Mesmo porque, na próxima terça-feira (28), inicia-se o mês do Ramadã, que geralmente é explosivo e tende a ser de islamismo violento. A atual violência de indivíduos palestinos contra israelenses é resultado da fraqueza da Autoridade Palestina. Esta não coordena mais a segurança com Israel, como fazia até há alguns meses. Já escrevi algumas vezes que Mahmoud Abbas é velho e sem prestigio entre o seu povo e isto pôde ser notado na pesquisa do Dr. Halil Shkaki, publicada na terça-feira (13). Nela, 52% dos palestinos responderam que a dissolução da Autoridade Palestina é interesse nacional do povo palestino. 63% responderam que a AP é um peso no pescoço, pois é corrupta (82%) e querem que o presidente da AP, Mahmoud Abbas, demita-se (77%).
Vou ao que disse o general (Res.) Amos Gilad, que serviu em muitas funções no Serviço de Inteligência e também foi o coordenador das Atividades do Governo nos Territórios Ocupados: “a existência da Autoridade Palestina é interesse israelense” (a alternativa da Hamas e ou Jihad Islâmico é bem pior).
Infelizmente, o governo parece que esquece em que vizinhança estamos vivendo e está preocupado em levar para frente uma única coisa, e a todo vapor, a reforma judicial, que muitos chamam de a revolução judicial. Para que esta pressa? Este governo foi eleito para quatro anos e só começou há menos de três meses. Será que é para evitar o julgamento do Netanyahu em três casos? O problema palestino está longe de ser resolvido, ou mesmo de ser tratado. Netanyahu não é convidado à Casa Branca, nem aos Emirados Árabe Unidos e até na Alemanha, nesta quinta-feira (16), levou bronca do chanceler alemão. Este pediu ao Netanyahu repensar e lembrar que o governo tem que também preservar os direitos da minoria. A bronca frente à mídia ofuscou um pouco o encontro.
O Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, foi aos Estados Unidos, pela Bonds, e a contragosto e num precedente, não foi recebido por nenhuma autoridade americana. Além disso passou vergonha, lendo seu texto num inglês quebrado.
O presidente de Israel, Yitzhak Herzog, apresentou (15) numa rede para todas as emissoras de TV, o seu plano de conciliação, rejeitado, após cinco minutos, pelo Likud e pelo Netanyahu.
Dizem que o premier estava disposto a dialogar com a oposição e ver como resolvem o impasse, mas, o ministro da Justiça, Yariv Levin, que está de luto pelo falecimento do seu pai, recusou terminantemente dialogar. Por isto há os que dizem que o governo é do Levin.
Os protestos continuam e cada vez com maior número de manifestantes e os inimigos de Israel sentem que a atual situação enfraquece o Estado de Israel. Muitos cidadãos, mesmo no Likud e eleitores de outros partidos que concordam ser necessária uma mudança no sistema judiciário, não entendem o do porquê dessa desenfreada corrida, sem levar em conta ninguém. No Likud, há o “Mosteiro do Silêncio”. Assim são chamados deputados, que se especula, sejam mais conscientes e mesmo assim não se manifestam. Agora, já há alguns que parecem pensar também no futuro e agem de outra maneira. É o caso de Yuli Edelstein (foi prisioneiro de Sion, nas cadeias da URSS) que se recusou a participar de uma votação. O deputado David Bitan diz que após a primeira chamada das propostas das leis, ela serão moderadas. Mas, há os que apesar de serem críticos, não se manifestam, pois temem não serem eleitos em próximas eleições, se forem contra a vontade do líder.
Há que esperar que após o encontro “meio frio” com um amigo de Israel, que é o chanceler alemão, que lhe tira “cartão amarelo” avisando que Israel está indo para fora do “mundo Ocidental democrata” e presenciar as manifestações populares por onde passa, em Israel e no exterior, Netanyahu possa convencer seus pares de partido a frear e talvez repensar certos aspectos desta reforma.
Tomará que seja antes que os inimigos de Israel ajam e tenhamos que nos unir novamente. Israel é um país jovem e de sucessos em muitos campos da vida israelense e mundial e tem que seguir este rumo e não cair numa divisão que enfraquecerá a todos.