ONU pede a Israel que cancele ordem de evacuação
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu, nesta sexta-feira, a Israel para “evitar uma catástrofe humanitária” depois que o exército israelense ordenou que mais de um milhão de pessoas evacuassem o norte de Gaza.
“O secretário-geral e a sua equipe passaram muito tempo ao telefone. Ele está em contato constante com as autoridades israelenses, instando-as a evitar uma catástrofe humanitária”, disse o porta-voz Stéphane Dujarric a jornalistas.
Tal como o resto da população de Gaza, todos os trabalhadores da ONU são afetados pelo ultimato israelense, bem como as 440.000 pessoas deslocadas que procuraram refúgio nas escolas e em outras instalações que a organização gere naquele território palestino.
O porta-voz da ONU em Genebra, Rolando Gómez, disse que altas autoridades das Nações Unidas, em particular a coordenadora humanitária na região, Lynn Hastings, estão “fazendo todos os esforços” para que as autoridades israelenses recuem, dada a impossibilidade de cumprir a ordem.
A ONU estima que, até agora, 23 trabalhadores humanitários tenham morrido na sequência dos ataques contra Gaza, 11 dos quais eram profissionais de saúde e 12 funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) garantiu que a evacuação dos hospitais no norte de Gaza é impossível, alertando que muitos pacientes morreriam na transferência e que os hospitais na zona sul da Faixa de Gaza também estão superlotados e não têm capacidade atender aqueles que iriam chegar.
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“Transferir pacientes muito doentes, incluindo crianças, que dependem completamente de apoio médico para sobreviver, e pedir à equipa médica que abandone a zona, vai além da crueldade”, disse o porta-voz da organização, Tarik Jasarevic.
“Retirar este apoio vital seria condená-los à morte”, frisou, depois de lembrar que a OMS tem provisões médicas prontas no Egito, que aguardam apenas a abertura de um corredor humanitário que permita a sua chegada à população de Gaza.
O único corredor humanitário que parece possível é Rafah, na fronteira com o Egito, e é o único ponto de entrada que não é controlado por Israel. Apesar dos apelos humanitários para a abertura daquela passagem, o Egito mantém-na fechada à passagem de pessoas e bens há três dias consecutivos, depois de as forças israelenses terem atacado alvos perto daquela área.
Os apelos da ONU foram corroborados pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) que criticou a ordem dada por Israel, lembrando que não há para onde fugir.
“Ordenar a retirada de um milhão de pessoas de Gaza, quando não há lugar seguro para onde ir, não é um aviso eficaz. As estradas estão em escombros, o combustível é escasso e o hospital principal fica na zona de evacuação”, afirmou o principal consultor jurídico da HRW, Clive Baldwin, num breve comunicado hoje divulgado.
“Esta ordem não altera a obrigação de Israel de nunca atingir civis nas operações militares e de tomar todas as medidas possíveis para minimizar os danos a civis”, sublinhou o representante, acrescentando que “os líderes mundiais deveriam falar agora, antes que seja tarde demais”.
Israel ordenou hoje que mais de um milhão de pessoas que estão no norte de Gaza abandonem a região nas próximas 24 horas, uma medida que deve anteceder uma incursão terrestre no território palestino.
A diretora-geral do Médicos Sem Fronteiras, Meinie Nicolai, classificou a ordem dada por Israel para que 1,1 milhão de pessoas no norte de Gaza deixassem o local como “ultrajante”, dizendo que “isso representa um ataque aos cuidados médicos e à humanidade”.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, lançou um duro ataque contra a ONU e afirmou hoje que a entidade deveria agradecer ao governo israelense pelo alerta sobre a evacuação de parte da Faixa de Gaza.
O comentário revela a profunda crise que se instaurou entre o governo de Benjamin Netanyahu e a ONU, momentos antes da reunião extraordinária do Conselho de Segurança para lidar com a crise no Oriente Médio. O encontro será presidido pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira.
Fonte: Revista Bras.il a partir de DW e UOL
Foto (ilustrativa): Canva
Porque a ONU não reconhece o Hamas como organização terrorista-genocida e pede imediatamente que deponha as armas e se renda às IDF? Não foram eles que começaram o massacre?