ONG retira relatório que alegava fome em Gaza
A Rede do Sistema de Alerta Antecipado sobre Fome retirou, na quarta-feira, um relatório publicado um dia antes que dizia haver fome persistente no norte de Gaza, depois que o embaixador dos EUA em Israel, Jack Lew, levantou objeções sobre a metodologia da agência financiada pelos EUA.
“O alerta da FEWS NET, infelizmente, emitiu uma análise sem o benefício de um exame mais aprofundado pelo Comitê de Revisão da Fome, baseia-se em estimativas populacionais desatualizadas e tem limitações metodológicas com base na disponibilidade de dados”, disse um porta-voz da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
O porta-voz esclareceu que a USAID continua profundamente preocupada com a escala da insegurança alimentar em Gaza e disse que mais de dois milhões de pessoas correm risco de fome, particularmente no norte de Gaza, onde ajuda limitada foi permitida em meio às atuais operações militares israelenses contra o Hamas.
No entanto, o porta-voz observou que uma recente missão de avaliação dos EUA forneceu estimativas populacionais atualizadas. Os EUA também esperam que as recentes entregas de ajuda, sejam em breve replicadas por todo o norte de Gaza.
Esses desenvolvimentos devem levar a uma avaliação mais precisa da FEWS NET, indicou o porta-voz.
A FEWS NET faz um monitoramento independente de insegurança alimentar, mas é apoiada financeiramente pela USAID, que revisou o relatório antes de sua publicação, na terça-feira, e pediu que correções fossem feitas para levar em conta os números desatualizados, explicou o porta-voz.
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A ONG decidiu prosseguir e publicá-lo como estava, levando a USAID a entrar em contato novamente e solicitar que correções fossem feitas. Após essa intervenção, a agência concordou em retirar o relatório até novo aviso, disse o porta-voz.
A principal questão destacada por Lew em sua crítica foi que ele se baseou em números supostamente desatualizados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários sobre o número de civis ainda localizados no norte de Gaza.
Em sua declaração, o embaixador observou: “Agora é evidente que a população civil naquela parte de Gaza está na faixa de 7.000 a 15.000, não de 65.000 a 75.000, que é a base deste relatório”.
Os militares israelenses estimam que haja apenas 5.000 a 9.000 civis na área, enquanto a agência da ONU para refugiados palestinos, UNRWA, estima que haja entre 10.000 e 15.000.
“Em um momento em que informações imprecisas estão causando confusão e acusações, é irresponsável emitir um relatório como este. Trabalhamos dia e noite com a ONU e nossos parceiros israelenses para atender às necessidades humanitárias, que são grandes, e confiar em dados imprecisos é irresponsável”, acrescentou Lew.
Especialistas, grupos de ajuda e agências da ONU vêm alertando há meses sobre a iminente fome no norte de Gaza, que Israel isolou quase completamente desde que lançou uma grande operação militar no início de outubro contra agentes do Hamas que tentavam se reagrupar. Israel rejeita tais alegações, afirmando que elas se baseiam em dados imprecisos e tendenciosos.
Na segunda-feira, o Subsecretário-Geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários e Coordenador de Socorro de Emergência, OCHA, Tom Fletcher, disse que as forças israelenses dificultaram os esforços para entregar ajuda muito necessária no norte de Gaza.
“O norte de Gaza está sob um cerco quase total há mais de dois meses, aumentando o espectro da fome”, ele disse. “O sul de Gaza está extremamente superlotado, criando condições de vida horríveis e necessidades humanitárias ainda maiores à medida que o inverno se aproxima”.
Israel culpa as agências da ONU pela falta de ajuda humanitária, acusando-as de não entregar centenas de caminhões de ajuda que foram autorizados a entrar.
A ONU diz que muitas vezes é muito perigoso entregar a ajuda. Ela culpa Israel como potência ocupante por uma quebra da lei e da ordem, o que permitiu que grupos armados roubassem comboios de ajuda, e o acusa de restringir fortemente a movimentação dentro do território.
Israel também diz que membros do Hamas roubaram grande parte da ajuda enviada aos civis.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
Foto: Canva