Onde está o Netanyahu??
Por David S. Moran
A Guerra Espadas de Ferro já está no seu 245º dia e, a cada dia, mais reféns estão mortos. Esta semana foi noticiado que quatro reféns estão mortos e seus corpos nas mãos dos terroristas do Hamas. Assim o número dos sequestrados de que não se tem notícias e não foram visitados pela Cruz Vermelha, baixou para 124, acreditando que pelo menos 1/3 deles já não estão vivos.
Esta guerra está se tornando a mais longa travada entre árabes e Israel e a população israelense não tem a oportunidade de saber o que o governo quer fazer, pois o primeiro ministro Netanyahu não fala à mídia israelense. Ele só fala a mídia internacional, em perfeito inglês, com perguntas antecipadamente apresentadas e sem interpelações.
Para esta guerra que caiu de surpresa, no sábado 7 de outubro, com o assassinato de mais de 1.200 pessoas e na qual já caíram 645 soldados e milhares de feridos, a população quer respostas. O chefe do governo se esquiva e diz que haverá inquérito só no final da guerra. Só que este final de guerra ninguém sabe quando será. O chefe do Conselho de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi (ex-deputado e ministro pelo Likud) diz que a guerra vai continuar por pelo menos por mais sete meses.
Neste, entretanto, Israel enfrenta vários inimigos além do Hamas e Jihad Islâmica em Gaza. Em abril, o Irã abriu uma nova frente, lançando centenas de drones e misseis até Israel. Foram interceptadas, antes de alcançar o país, por forças israelenses e com a ajuda americana, inglesa e jordaniana. Até então o Irã só operava através de suas proxies como os Houtis do Iêmen, Hizballah do Iraque, da Síria e do Líbano.
Os israelenses tinham que se satisfazer indiretamente com vídeos e anúncios, mas sem fala direta do governante do país. Numa democracia, como é o regime de Israel, o povo escolhe os seus representantes e o Likud, encabeçado por Netanyahu, por ser o maior partido recebeu a incumbência de formar o atual governo (desde 29/12/2022). Desde então muita coisa aconteceu no país e todas as pesquisas de opinião pública mostram que o Likud perdeu sua força e não é o maior partido, mas Netanyahu nem pensa em convocar novas eleições e, o pior, não fala diretamente ao seu povo. Povo que espera respostas da liderança, como tudo isto aconteceu. Que espera que o líder fale aos órfãos, viúvas e familiares dos que caíram. Como sairemos dessa e por quanto tempo os reservistas podem continuar combatendo enquanto a economia vai piorando. Fale ao povo quais são os seus planos, fora a frase que não tem nenhuma segurança de acontecer “de que haverá vitória total”.
O atual maior partido pelas pesquisas, Hamachané Haleumi (O Bloco Nacional) liderado por dois ex-Chefes do Estado Maior das FDI, Benny Gantz e Gadi Eizenkot, já deu ultimato a Netanyahu que deixará o governo se ele não apresentar acordo, até o dia 8 de junho. Mesmo se este partido sair, Netanyahu continua no governo com 64 deputados, dos quais, de dois partidos da extrema direita, do Ben-Gvir, e messiânico, do Smotrich.
O presidente Biden, passou o pé em Netanyahu e propositadamente apresentou “o plano israelense” na sexta à noite (31/05), para que os partidos acima não pudessem rejeitar.
O plano israelense apresentado por Biden. O presidente americano frisou que este acordo lhes foi apresentado por Israel. Ele teria três fases. A primeira: cessar-fogo por seis semanas. Retirada das tropas israelenses de locais habitados. Libertação das mulheres, idosos e feridos sequestrados, em troca de centenas de terroristas condenados em prisões israelenses. O retorno dos habitantes aos seus lares e a passagem de 600 caminhões por dia para Gaza. A segunda fase: cessar-fogo e final da guerra, o retorno dos demais sequestrados e libertação de mais terroristas palestinos, com a retirada das tropas das FDI da Faixa de Gaza. A terceira fase: o retorno dos corpos dos mortos pelo Hamas e a reconstrução da Faixa de Gaza com fundos internacionais. Novamente, Netanyahu deu para trás, temendo Ben-Gvir e Smotrich e de forma não usual já respondeu no próprio sábado, em inglês (evidentemente): “não teremos cessar-fogo antes de Israel exterminar as forças militares e o governo do Hamas, com a libertação de todos os sequestrados e promessa de que Gaza não será ameaça a segurança de Israel”.
Esta semana, a proxy iraniana no Norte, a Hizballah do Líbano, intensificou o tiroteio em direção a Israel, com morteiros, misseis e drones, causando grandes incêndios em florestas e campos em Israel. Israel sempre tenta construir e melhorar as condições de vida e os árabes fazem o que melhor sabem fazer, destruir.
O governo continua sem falar ao povo. Os diretores das estações de TV israelenses, inclusive do Canal 14, que serve a Netanyahu, escreveram um abaixo assinado reclamando que, “depois de tantas tragédias e milhares de israelenses deslocados de suas casas, o primeiro-ministro, o ministro da Defesa, Gallant, e o ministro Gantz não atendem a mídia israelense e não dão entrevistas em que possamos lhes fazer perguntas. A fala deles no YouTube não substitui entrevistas presenciais. Mesmo porque o primeiro ministro já deu 26 entrevistas em inglês à mídia internacional. Esta atitude fere a imprensa livre e o direito do público em saber os fatos. Exortamos vocês a dissipar a neblina e falar ao público”.
Uma coisa que Netanyahu conseguiu é ser convidado para o Congresso americano e sua fala – em inglês – deverá ocorrer na próxima quinta-feira (13). Só que esta ainda não está confirmada, pois é o segundo dia de Shavuot (o Pentecostes) e o presidente Biden estará ausente (na Itália). Alguns deputados e senadores do partido Democrata disseram que vão sair do recinto e que vão atrapalhar a fala de Netanyahu no Congresso. Sua ida aos EUA é fuga da guerra e dos problemas que Israel enfrenta. Antes deveria falar aqui, em casa e pôr a casa em ordem, ou deixar outros fazerem isso.
Yerushalaim (Jerusalém) é a capital de Israel
Yerushalaim é mencionada na Bíblia cerca de 600 vezes (no Al Qoran nenhuma vez). O templo de Jerusalém foi destruído duas vezes, no mesmo dia, 9 do mês de Av, fato que relembramos todos os anos. O dia da reunificação de Jerusalém, 5 de junho, em 1967, desde então, é comemorado como Dia de Jerusalém. A importância de Jerusalém é também notada nas rezas, pois os judeus do mundo todo, rezam três vezes ao dia voltados em direção a Jerusalém. Nos casamentos, o noivo pisa num copo de vidro, como sinal para não esquecer Yerushalaim. O nome de Sionismo vem do Monte Sion, em Jerusalém. Os soldados da Brigada de Paraquedistas fazem o seu juramento ao Exército junto ao Kotel (o Muro das Lamentações), o lugar mais sagrado aos judeus, o único remanescente ao antigo Templo. Lá fazem o juramento em homenagem a sua luta em 1967 para libertar e reunificar Jerusalém.
A eterna Capital de Israel tornou-se com o tempo a maior cidade do país, concentrando 10,1% da população israelense. São 1.005.900 habitantes, dos quais 60% são judeus e 40% árabes, muçulmanos e cristãos. Dos habitantes judeus, 29,2% são haredim (ultraortodoxos), 21% religiosos, 24% tradicionalistas e 11% leigos. A população de Jerusalém é considerada jovem: 32,7% tem de 0 a 14 anos. A população idosa, de 65 anos e mais é de 9,7%. A Universidade Hebraica de Jerusalém é de renome internacional e nas instituições de educação superior estudam 41.300 estudantes. No ano de 2023, Jerusalém teve o maior fluxo de turistas, totalizando 2.735.600 noites, já que a cidade é sagrada para as três religiões: os judeus com o Muro das Lamentações, os cristãos pelo Santo Sepulcro e o islã com a Mesquita de Al Aqsa. Em 1967, a cidade tinha 200 mil judeus e 69 mil árabes. Atualmente a população judaica é de 600 mil e a árabe de 400 mil, pela emigração interna das aldeias ao redor.
A Knesset (Parlamento) situa-se em Jerusalém, bem como todos os ministérios, com exceção do Ministério da Defesa. Apesar disso, a maioria das embaixadas encontram se em Tel Aviv. Em abril de 2019, o Brasil estabeleceu uma representação comercial na Capital. Recentemente o governo Lula removeu o embaixador e ficou sem embaixador, em Tel Aviv. Por incrível que pareça, os países que não têm embaixada fixa em Jerusalém são favoráveis ao estabelecimento de dois Estados, um judeu e um palestino, cujas capitais seriam Jerusalém, fato inédito no mundo. “Se eu esquecer de ti Yerushalaim, que minha mão direita perca sua destreza” (Salmos 137:5-6).
Foto: Avi Ohayom (GPO)