O sonho de uma aliá em meio à pandemia
Por Mary Kirschbaum
A crise, recessão e violência (e agora o COVID) fazem com que muitos brasileiros procurem começar do zero em outro país.
Cada dia mais somos motivados a deixar o Brasil, para ter no exterior, qualidade de vida, melhor situação econômica e mais segurança.
Ok, mas o que dizer quando o pais de chegada é Israel?
O que nos move a fazer aliá?
Certamente, há diversos fatores por trás de cada uma das decisões individuais que levam os judeus a imigrarem para Israel e deixarem para trás amigos, familiares, bens e parte de suas histórias.
E o que dizer deste momento tão conturbado de uma pandemia que parece não acabar nunca!
Deixar para trás o sonho da aliá? O sonho do judeu de retornar a “sua” casa? Sim, porque este é o único lugar que podemos chamar de “nossa” casa. Aliás este deveria ser o único motivo pelo qual os judeus vêm a Israel. Este é o Seu “lar”.
Depois de 2000 anos, nossa pátria foi restabelecida.
Nós, o povo judeu, podemos finalmente retornar ao Estado de Israel. Isto é o “sionismo”, este é o sentido que move muitos judeus da diáspora: aqueles que foram criados num ambiente sionista (escolas judaicas, movimentos juvenis, clubes judaicos; além de pais e avós vindos de pogroms europeus e fugidos de um Holocausto); a virem povoar e trazer suas bagagens de vida para a terra de Israel.
O significado da nossa “subida” a terra santa é muito mais “espiritual”, do que propriamente a nossa “fuga” daquele país, aquele que também é nosso e onde deixaremos muitas lembranças.
Bem, mas e agora com a pandemia? O que acontece com a tão sonhada e programada vinda a Israel?
Com o estado atual da política global, o aumento dos casos de COVID, variante Delta, lockdowns, diminuição de vôos, ameaças de fechamento do aeroporto, o tema da aliá está ainda mais oportuno.
A partir de relatos de novos olim e “futuros” – aqueles que estão tentando embarcar desde o início da pandemia – podemos verificar que este processo está ainda mais “trabalhoso” e dificultoso do que já se apresentava.
Sim, porque sabemos, nós, os olim que já vivem aqui há alguns anos, que não foi tão simples assim, depois da decisão tomada, a execução da parte burocrática das exigências de uma aliá.
Os documentos a serem preparados, as aprovações ou não da “Lei do Retorno”, demandam um bom tempo e muita paciência.
Mas agora está totalmente desafiadora a simples ideia da abertura de uma pasta de aliá.
As pessoas e (ou) famílias inteiras que iniciam este processo, largando seus empregos, vendendo suas casas, fazendo projetos pilotos, de vindas a Israel para verificar em qual cidade se sentirão mais confortáveis, ou onde os custos serão menores, ou ainda, onde existem mais brasileiros morando… simplesmente não tem nenhuma ideia de prazo de vinda.
Os prazos são adiados e adiados…
O governo de Israel está lidando todos os dias com as novas incertezas… um dia está tudo acabado, tiramos as máscaras e comemoramos… no outro voltamos a ter as mais severas restrições…
Vemos então os “futuros” olim se sentindo dentro de uma “caixa preta”, encurralados… com todas as instabilidades que cercam este momento tão árduo, de uma pandemia sem precedentes…
Mas o inacreditável é que apesar destas dificuldades todas, existe o “Sonho”, O desejo da volta a nossa terra, a tão sonhada terra, dos nossos patriarcas e matriarcas.
Isto só mostra cada vez mais a resiliência do nosso povo, o povo de Israel, o povo judeu, o povo de Hashem, que os tirou do Egito com “mão forte e braços estendidos”, para virem de novo povoar e dar um “lar judaico” para seus filhos e os filhos de seus filhos…
Foto: Sarah Burnette (Cortesia/Sun Sentinel))