O perigo no meio da Europa
Por David S. Moran
A Europa é habitada por pessoas que são democratas, ou apoiam ditaduras, nacionalistas, socialistas (e muitos outros istas). Porém, há um perigo real na Europa: um país que é tão grande em tamanho, que se estende do continente europeu até o continente asiático. É a Turquia, liderada desde 2003 pelo seu presidente islamista Recep Tayyip Erdogan.
A Turquia é um país enorme e já foi bem maior durante o Império Otomano, que o megalomaníaco do Erdogan pensa em reconstruir. Desde que subiu ao poder, em 2003, ele retrocedeu seu país do que foi idealizado pelo fundador da nova Turquia, Mustafa Kemal Ataturk, que governou o país de 1923 a 1938 e a modernizou, transformou-a em país laico (islamismo light), com escrita romana no lugar dos caracteres árabes.
Atualmente a economia turca baseia-se num misto de agricultura e industrial. Sua vantagem é a mão-de-obra barata. Milhões de turcos deixaram o seu país para melhorar sua condição de vida estabelecendo-se na Alemanha (3,5 milhões), Holanda e outros. Até em Israel, o governo permite a entrada de dezenas de milhares de turcos para trabalhar na construção, ocupando o lugar dos palestinos que o faziam até as intifadas.
Relações com Israel. Os dois países mantiveram boas relações e até hoje as transações comerciais giram em torno de 5 bilhões de dólares. Já em resenhas anteriores escrevi que a Força Aérea de Israel treinava no espaço aéreo turco, por falta de espaço em Israel.
Logo após a entrada do islamista Erdogan ao poder, ele fez de tudo para deteriorar as boas relações entre os dois países, menos na área comercial. ONG’s do governo turco agem em Jerusalém em desrespeito à soberania israelense, principalmente na Esplanada das Mesquitas. Há 10 anos, a ONG islamista turca, IHH -considerada organização terrorista por alguns países como a Holanda e Israel -, com apoio do governo organizou uma flotilha de seis navios para confrontar Israel e “furar o bloqueio israelense e entregar assistência humanitária aos gazenses”. Israel lhes advertiu que não vai permitir. “Se quiserem entregar assistência humanitária, deixem-na no Porto de Ashdod e a entregaremos a UNRWA”. Só que aí os 40 agitadores que estavam nos barcos não teriam feito o que queriam. Um dos barcos chegou até as costas de Gaza, não atendendo as instruções. Nele estavam agitadores, alguns membros árabes do Knesset e jornalistas. Acabou em confronto com forças de comando israelense e nove mortos do barco.
O presidente turco foi acirrando o seu confronto com Israel e pronunciando-se a favor da causa palestina. Chamou o Estado de Israel de “racista, nazista, imperialista, colonialista” e assim quis demonstrar mais a sua agenda radical islamista, às custas de Israel. Convidou e deixou instalar em seu país, quartéis generais da Hamas, Jihad Islâmica e outras organizações terroristas.
Ao mesmo tempo, ele partiu para a briga com outros aliados, que são membros da mesma organização militar do qual faz parte, a OTAN. O Exército turco, que está equipado com material bélico americano, confrontou o Trump, anunciando que comprará sistema de defesa antiaéreo russo S-400, apesar da oposição americana.
Na abertura da 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU, o megalomaníaco Erdogan, sugeriu mudar a sede das Nações Unidas de Nova York para Istanbul, assim aproximando-a mais da Europa e da Ásia. No seu discurso que também teve ataques a Israel, por “ocupar e oprimir os palestinos, que é uma sangrenta ferida da humanidade… a mão imunda de Israel aumenta o tempo todo sua ousadia em profanar os lugares sagrados em Jerusalém”. O recém-empossado Embaixador de Israel na ONU, Gilad Ardan, saiu em protesto do recinto. Erdogan continuou: “a Turquia não aceitará nenhum plano de paz que a Autoridade Palestina não aceitar”. Logo atacou os países que querem abrir embaixadas em Israel e em Jerusalém, alegando: “estes países violam a lei internacional e complicam o conflito”.
O absurdo nas atitudes da Turquia é, para inicio de conversa, que se trata de um país que mantém relações diplomáticas com Israel e como escrito antes, tinha muito boas relações com o Estado Judeu. Ataca Israel por ocupar área que não é sua. A Turquia invadiu e ocupa sob baionetas, até hoje, a parte norte de Chipre. Provoca a Grécia por motivo de “exploração marítima pelo petróleo e gás”. Invadiu a Síria para oprimir e tentar acabar com os curdos sírios, que dão retaguarda aos curdos turcos. Ao mesmo tempo, Erdogan colocou-se ao lado de um líder da Líbia (dividida desde a queda do Kadafi), contra o líder apoiado pelo Egito, EUA e Rússia. Resolveu dividir as águas marítimas do Mediterrâneo com a Líbia, entre outras para bloquear o gasoduto de Israel que levará gás dos poços de gás de Israel à Europa. Israel fez sociedade com o Chipre e a Grécia neste empreendimento, que a Turquia quis que fosse com ela e, por motivo da hostilidade turca, Israel optou pelos outros.
Erdogan não para aí. Além de se alinhar com o Irã, ele está provocando o presidente francês, Macron, sobre o Líbano, que era francês e continua até hoje a ser protegido da França, e também pela crítica do Macron condenando sua intervenção econômica em águas marítimas de países da União Europeia. A Turquia foi impedida de ingressar por seu regime e falta de liberdades. Erdogan advertiu Macron: “não se meta com o povo turco e a Turquia, você não pode nos ensinar humanismo”. Macron convocou uma conferência de emergência, na quinta (10), com a Grécia, França, Itália e Chipre e chamou as atividades turcas de “insuportáveis… a Turquia não mais é nossa associada no Oriente Médio”.
A cartada que o Erdogan ainda tem para ameaçar a Europa são os refugiados sírios e outros, que fugiram das sangrentas lutas na Síria. A Turquia abriga cerca de três milhões de refugiados sírios e 750 mil do Iraque e Afeganistão. Sua chantagem aos europeus e aos EUA: paguem por eles ou abriremos as fronteiras e eles seguirão através da Grécia para outros países europeus. Atualmente recebe mais de 3 bilhões de euros por ano e de vez em quando exige mais.
Este exemplo da Turquia serve para mostrar aos ocidentais, que nem sempre entendem o modo de pensar e agir dos orientais e também o papel do islamismo nisso. Os países árabes e muçulmanos, em geral são mais conservadores do que o Ocidente e de um dia para outro podem mudar completamente de atuação. Assim foi em relação a Israel, o Irã, da época do Xá, que tinha boas relações com Israel e virada total com a subida dos aiatolás ao poder (1979). O mesmo com a Turquia, de antes ou depois de Erdogan.