O mês de Adar, os peixinhos e Purim
Por Mary Kirschbaum
Este ano finalmente poderei vestir de novo a minha peruca vermelha que comprei para Purim, depois de ter chegado de aliá.
Estou muito feliz!
Mas mais radiante ainda, me encontro, com a chegada da minha segunda netinha. Mais uma princesinha adentrou nossas vidas. E chegou no mês lunar de Adar.
Ela é uma “peixinha” (do signo de peixes). Diz-se ser um signo forte e intenso. Adar vem da raiz adir que significa força, em hebraico.
Adar corresponde aos signos de água e possui o poder do equilíbrio das águas. E estando este aspecto ligado à emoção, imagino que minha princesinha será uma menina de muita sensibilidade.
A energia de peixes facilita a conexão à nossa natureza de compartilhar, ficamos mais sensíveis aos outros, atraindo bênçãos e removendo o caos de nossas vidas.
Segundo a Cabalá, os meses governados por júpiter (peixes e sagitário) contêm aberturas para milagres. É um período de maior ligação entre o físico e o espiritual.
O segundo planeta que rege peixes, Netuno, não possui fronteiras nem limites, já que é rodeado por gases. Esse planeta controla a intuição, a imaginação, a criatividade e a arte. Netuno regendo o abstrato nos dá a capacidade de ver e entender além dos cinco sentidos. Entretanto, um dos aspectos negativos de peixes é a tendência à ilusão.
Peixes é o último signo do zodíaco e encerra o ciclo do Tikun cármico, que é a correção final. Diz-se que as pessoas nascidas sob o signo de peixes, tem a oportunidade, se possuir a consciência correta, de completar seu Tikun totalmente, não para morrer e reencarnar, mas para alcançar a vida imortal.
Bem, e voltando a minha peruca vermelha: em Purim, que é o dia festivo de Adar, comemora-se a “metamorfose” da aparente má sorte dos judeus (como pensava Haman) para a boa.
Quando chega Adar, nós intensificamos em júbilo. A festa de Purim assinala o ponto alto na alegria do ano inteiro. O ano judaico começa com o júbilo da redenção de Pessach e termina com a alegria da redenção de Purim.
Adar é também o mês, então, da boa sorte para o povo judeu e para mim também, que já possuía uma netinha e fui agraciada com a chegada de mais uma benção de Hashem!
A letra do mês de Adar é o KUF, que significa “macaco” (kof), o simbolo do riso e também a fantasia (“um macaco no rosto do homem”) e por isso, o costume de nos fantasiarmos em Purim. Mas também em relação a ocultação da face de D´us, que até antes do milagre de Purim, se ocultava para seus filhos de Israel (seu Nome não aparece no Livro de Ester). Ao esconder inicialmente a própria identidade, fingindo ser outra pessoa, a essência interior do verdadeiro “eu” da pessoa torna-se revelado. Assim “dá- se à luz” a um supremo novo ser.
A palavra Kuf também significa “buraco da agulha”, que simboliza, segundo nossos sábios, que, assim como nem mesmo no sonho mais irracional pode-se ver um elefante passando pelo buraco de uma agulha, em Purim vive-se a grande maravilha, que na cabalá e chassidut, tem o significado da verdadeira essência infinita da luz transcedente de D’us entrando no contexto finito da realidade física e revelando-se por completo à alma judaica.
Adar é o único mês no calendário judaico que volta por segundos. O ano bissexto judaico ocorre a cada três anos, isto para garantir que os meses lunares do ano judaico estejam em sintonia com o calendário solar, onde então, um mês é acrescentado. Purim é celebrado no segundo Adar.
Voltando a alegria de Purim e a celebração da vinda da minha netinha no mês de Adar: outro simbolismo é o fato de um peixe só conseguir viver na água, e portanto ele está totalmente conectado, constante e conscientemente à sua fonte.
Sejamos assim como um peixinho, que acessa e conhece sua Fonte, de onde nos originamos e quem realmente somos e assim acessamos o poder de Adar.
Ao nos conectarmos com o Criador, estamos unidos à Fonte de tudo.
Em Adar, com nossa dose extra de mazal saudável, temos um brilhante poder de acessar nossa consciência, e nos dando conta da nossa essência, nossa força e intuição e a ligação com Hashem.
Bem, com a chegada do dia festivo de Adar, em Purim, eu celebro o Mazal e a alegria da vinda da minha “segundinha” e vistamos juntos nossas perucas e fantasias para comemorarmos mais um “milagre” na vida de nosso povo!
E torcer para que, assim como em Purim o mal foi vencido pelo bem, possa-se ter mais luz em nosso mundo, onde predominarem as trevas.
Chag Sameach!