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O Líbano às vésperas de um cessar-fogo

Por David S. Moran

Parece que a mais longa guerra que Israel já travou, que já está no seu 413º dia, com 803 soldados e 900 civis mortos, vai chegando a um fim no front libanês. O enviado especial dos EUA, Amos Hochstein está no Oriente Médio. Ele voltou depois de dizer que só voltaria se tivesse algo concreto para tratar.

Esta pode ser uma das razões que o Hezbollah intensifica seu fogo sobre Israel, para mostrar que ainda tem poder de fogo. Seu líder, Naim Qassem, num discurso na quarta-feira (20/11) ameaçou bombardear Tel Aviv, revidando aos ataques de Israel no bairro do Hezbollah, a Dahiya.

O bairro xiita de Dahiya, na capital libanesa sofreu vários ataques da aviação israelense. Israel é o único país que avisa antecipadamente a população de certos edifícios a serem atacados. Por isso o porta voz das FDI para os árabes, Coronel Avichay Adraee é dos mais conhecidos no Líbano. Depois da grande destruição neste bairro, dada a situação do Líbano, que mesmo antes da guerra já era caótica, há os que ousam agora levantar-se contra o Hezbollah, que praticamente sequestrou o Líbano. O Hezbollah, de um partido político, formou um exército maior e mais bem equipado do que o exército libanês. Mesmo o líder do partido A Corrente Patriótica Livre, Gebran Bassil, cristão que apoia o Hezbollah, criticou o órgão xiita e rompeu com o Hezbollah. O líder cristão, Samir Geagea, do partido As Forças Libanesas, em entrevista, exortou o Hezbollah a voltar a ser partido político e assim defender a causa dos xiitas. Antes da guerra, ninguém se atrevia a confrontar o Hezbollah.

O acordo, que agora está sendo discutido, trata de um cessar fogo, implementação das resoluções da ONU 1701 e 1559. A retirada das forças israelenses do território libanês em 60 dias. Israel exige livre acesso das Forças de Defesa de Israel no Líbano, quando detectar violação dos acordos. Este parágrafo deve ser trivial, pois nenhum país toleraria que seu inimigo, o Hezbollah, se armasse novamente. O Hezbollah se estabeleceria ao norte do Rio Litani e ao sul dele só haveria presença do Exército Libanês e força da UNIFIL. Esta impotente força da ONU seria reforçada por comandantes americano e francês. O Líbano quer a libertação dos presos libaneses durante a guerra e o retorno dos cidadãos às suas aldeias e cidades. As que estão mais próximas da fronteira com Israel, foram destruídas pois de lá (que é topograficamente mais alto) forças terroristas do Hezbollah alvejaram as localidades israelenses e de casas nas aldeias xiitas foram cavados túneis em direção a Israel.

Hochstein, depois de falar com as autoridades libanesas, agora está em Israel. Se chegarem a um acordo, será a primeira vez, desde 7 de outubro, que haverá o desligamento entre o Líbano e Gaza.

Depois da destruição de arsenais do Hezbollah, notou-se o jogo duplo de Putin, que Netanyahu pensou ser aliado de Israel. Na Síria, até coordenavam ataques para não atingir bases russas neste país. Agora, Putin voltou-se totalmente ao lado dos xiitas no Líbano e o Irã. A quantidade e a qualidade de material bélico russo pego pelo Tsahal (Exército de Defesa de Israel) surpreenderam.

O Rio Litani passa a 4 km no lugar mais próximo de Israel. Altos oficiais aconselham a criação de uma zona de segurança para Israel, de 5 a 8 km dentro do Líbano com a fronteira de Israel. Eles acreditam que Israel perderia o que conseguiu nesta guerra, pois não tem nenhuma confiança se Israel se baseará no controle do exército libanês e na UNIFIL.

Israel quer maior segurança e proteção para os seus habitantes. Uma das consequências dessa guerra foi mostrar sua superioridade militar contra a organização terrorista Hamas e a organização terrorista Hezbollah. Israel conseguiu eliminar os comandantes e chefes destas organizações. O governo israelense avisou que o Hezbollah tinha 150.000 misseis e foguetes que ameaçavam Israel e fariam graves danos. Este foi um dos motivos que Israel não atacou as instalações atômicas do patrono das duas organizações, o Irã, temendo represália do Hezbollah. Mas agora parece que foi uma onça de papel. Israel contra-atacou o Irã em duas ocasiões, inclusive num ataque em que participaram mais de 100 aviões e exterminaram as baterias antiaéreas dos aiatolás. Há os que acham que esta é a janela de oportunidade, quando o mandato Biden está no fim e antes da entrada do governo Trump, em que Israel tem que atacar as instalações de plutônio, urânio, água pesada, enfim todos os ingredientes na fabricação de bombas atômicas.

Torcemos para que tenhamos um acordo com o Líbano e Hezbollah, já bem enfraquecido, para que todos os habitantes do norte de Israel, possam voltar aos seus com segurança.

O que ainda não tem fim é a guerra no sul do país com o Hamas. O Tsahal (FDI) está fazendo limpeza na região de terroristas e isto custa a vida de soldados. A Faixa de Gaza está nas mãos de Israel, mas há presença do Hamas. Quem sofre é a população civil, que boa parte dela foi cumplice do Hamas, por ideologia ou por medo. Foram abertas estradas de cerca de 12 a 14 km desde a fronteira israelense até o Mar Mediterrâneo para dar vazão rápida a tropas quando e se for necessário.

Os radicais no governo dos partidos de Smotrich e Ben-Gvir até sonham em construir aldeias israelenses em Gaza. Netanyahu, para manter o governo de coalizão, ainda não conseguiu chegar a um acordo com elementos do Hamas, para a libertação dos 101 reféns israelenses (vivos e mortos) e dar um fim a esta prolongada guerra. Há informes de jornais turcos e árabes de que o chefe da Shabak (ex-Shin Bet), Ronen Bar, esteve no sábado passado em visita sigilosa para tratar com o chefe do Serviço de Inteligência turco, Ibrahim Kalin da libertação dos reféns. Isto poderia mostrar a suma importância que Israel dá a este assunto, já que Erdogan boicota Israel.

Um dos problemas em Gaza é o fornecimento de alimentos. Estes quando entram são sequestrados pelo Hamas e por elementos de famílias potentes (hamulas, em árabe). As tropas de Israel não têm que estar envolvidas com isto, pois seria montar um governo militar em Gaza com altos custos, responsabilidades e morte de soldados. Uma das possíveis soluções é que uma companhia americana particular se encarregue na distribuição dos alimentos e bens a população gazense. Esta companhia se encarregaria da segurança na distribuição.

Foto: Tela da TV informando que há sirenes em Tel Aviv e, no lado direito da tela, as demais localidades em que os cidadãos devem se proteger nos abrigos blindados.

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