O legado de Theodor Herzl comemora 125 anos
Por David S. Moran
Esta semana na Basileia, Suíça, 1400 líderes, empreendedores e representantes de comunidades judaicas de dezenas de países, reuniram-se no Hotel Os Três Reis, para comemorar os 125 anos do Primeiro Congresso Sionista.
Foi no dia 29 de agosto de 1897 que o jornalista, escritor e doutor em Direito, Theodor (Benjamin Zeev) Herzl reuniu no mesmo local 208 representantes e discursou sobre a necessidade de criar um Lar Nacional Judaico, na sua terra histórica, em Eretz Israel. Queria direitos nacionais autônomos, isto é, Estado Judeu, que também fale a sua língua. Isto só pode existir com a criação de um exército que defenda esses direitos.
Theodor Herzl, que criou os fundamentos do Sionismo moderno, nasceu na Hungria em 1860 e criou sua tese após presenciar como repórter o Processo do Capitão francês, Alfred Dreyfus, em Paris. Dreyfus foi acusado de traição ao exército francês que combateu a Alemanha. Acusação falsa devido a antissemitismo e da qual, anos depois, foi absolvido. Herzl se envolveu de corpo e alma na causa sionista, esteve na Palestina, que era parte do Império Otomano, falou com o Sultão e com muitos líderes mundiais. Morreu precocemente, em 1904, sem poder vivenciar a grande revolução, talvez a maior revolução social do mundo moderno.
Depois que a Inglaterra conquistou a área do Império Otomano, o então Ministro do Exterior do Império Britânico, Lorde Alfred James Balfour, em 2 de novembro de 1917, declarou que o povo judeu tem direito a um Lar Nacional Judeu na Palestina. Esta declaração tornou-se famosa, denominada a Declaração Balfour.
O legado de Theodor Herzl começou a concretizar-se. A língua bíblica, o Hebraico, foi reavivado por Eliezer Bem Yehuda. Judeus do mundo todo afluem à Terra de Israel e em pouco mais de 70 anos de Independência, o Estado de Israel concentra a maior população judaica do mundo, com cerca de 7 milhões, seguida pelos Estados Unidos com 5,5 milhões, França 500 mil, Canadá 400 mil, Reino Unido 300mil, Argentina 175 mil, Rússia 150 mil, Alemanha 118 mil, Austrália 118 mil, Brasil 93 mil. Estes são os 10 países com as maiores populações judaicas.
Vale a pena lembrar que quando foi declarada a independência do Estado de Israel, em 5 de maio de 1948, após aceitar o Plano da Partilha da ONU, em 29.11.1947, a região tinha população bem pequena e mais da metade do território era desértico. Atualmente com a tecnologia israelense, boa parte do Neguev é cultivada. Os israelenses de todos os pontos do globo, brancos, pretos, ashkenazitas, sefarditas, ricos e pobres, nascidos no país e imigrantes falam o Hebraico, leem e escrevem da direita para a esquerda.
Israel é um dos líderes na alta tecnologia mundial, lidera na tecnologia agrícola, é um dos líderes no índice de desenvolvimento humano, dos países mais felizes do mundo e tudo isto e mais, apesar de todas as adversidades e das lutas que o país trava para existir e prosperar. Evidentemente que nem tudo é perfeito. O país enfrenta divisão na sociedade israelense. Não só política, mas, também entre vários setores, religiosos e leigos, liberais e conservadores, árabes-israelenses e judeus. O governo, quem o constituir, tem que dar soluções para estas divisões na sociedade israelense.
Israel tem representações diplomáticas nos quatro cantos do mundo. Mesmo com países árabes como o Egito (desde 1979), a Jordânia (1994) e alguns mais recentemente como os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e outros. Algo está mudando no mundo árabe e muçulmano. Israel é mais aceito e os países tem até interesses em comum. Israel pode ajudar na agricultura, nas tecnologias e com instrumentos de defesa.
O xeique Ahmad Obaid al Mansoori esteve com outras pessoas proeminentes do mundo árabe no Campo de Concentração de Auschwitz e ficou chocado. Montou no Museo das Civilizações em Dubai uma exposição relatando os horrores da época do regime nazista e também da história do Sionismo. O xeique acredita que todos os alunos e todas as pessoas devem conhecer também estes fatos. Na comemoração dos 125 anos do Primeiro Congresso Sionista, na Basileia, esteve presente também o xeique Al Mansoor e surpreendeu todos os presentes ao mostrar uma carta original do Theodor Herzel que comprou em 2016, em Viena, do seu próprio dinheiro e que foi autenticada como original. Com pessoas de boa vontade e querendo o progresso conjunto, teremos vida melhor.
A nossa geração tem que incentivar os jovens judeus do mundo todo conhecer o Estado de Israel e ligá-los ao país. Aos que desejarem imigrar e viver em Israel, dar lhes as boas vindas e os que vivem na diáspora prover-lhes conhecimentos para que possam ter melhor relacionamento com Israel e difundir a verdade sobre o Estado Judeu, lutando contra os fake-news espalhados pelos antissemitas.
Foto: PikiWiki. Herzl e delegação a caminho da Palestina, 1898.