O Irã brinca com fogo
Na quinta-feira (13) houve uma escalada no conflito entre o Irã e o Mundo (sem exagero). Nesta manhã dois navios petroleiros, carregados com petróleo do Qatar e da Arábia Saudita, foram atacados por barcos “desconhecidos”. O navio norueguês com 75.000 toneladas de ouro negro afundou e o outro, panamenho, foi atingido no lado direito por torpedo. Os 44 tripulantes dos dois navios, foram resgatados, “por coincidência” por iranianos. O governo iraniano disse ao primeiro ministro japonês, em visita ao país, que desconhece os autores, mas que eles salvaram os tripulantes. Já no mês passado, em represália ao boicote americano, o Irã desafiou os EUA e atacou quatro petroleiros.
Todos podem fazer de conta que são atacantes “desconhecidos”, mas todos na região sabem perfeitamente que foi perpetrado pelo Irã. Este país está sofrendo sanções impostas pelos EUA que surtem efeito. A economia iraniana está sofrendo muito, a produção de petróleo caiu muito e o governo iraniano ameaçou fechar o Estreito de Hormuz (veja o mapa ao lado). Por ali passam 90% da exportação de petróleo produzida no Golfo Persico (ou Árabe) e 40% do comércio internacional de petróleo. De um lado está o Irã, que em 1971 conquistou três ilhas no estreito, que os EAU reclamam ser seus. Os Emirados ocupam o lado oposto do estreito.
Os aiatolás com estas atitudes enfiam o dedo no olho do Trump, ou dos EUA, sem temor. Os dirigentes do Irã, que são fatalistas, sabem que o Ocidente valoriza muito vidas humanas e não tão rapidamente entrarão em aventura bélica. Mesmo por estarem divididos em relação a quase todos os conflitos mundiais. Só nestes dias o Irã hospedou ilustres visitantes como o Ministro do Exterior da Alemanha e o Primeiro Ministro japonês. Ainda na véspera da visita do alemão, Heiko Maas, o seu partner iraniano, Zarif ameaçou: “os europeus não têm direito de nos criticar, fora tratar do acordo nuclear”. Já no inicio do mês, o líder da Hizballah, controlada pelo Irã ameaçou: “se o Irã for atacado, ele incendiará a região toda. Israel e a Arábia Saudita serão atacados pelo Irã e Hizballah fará parte neste ataque”.
Em consequência do ataque aos dois petroleiros o preço do ouro negro subiu 3%. Uma companhia de petroleiros apressou-se em anunciar que está parando o transporte no Golfo. A boa noticia é que atualmente o mundo ainda mama petróleo, mas em quantidade muito menor do que até a descoberta da produção de petróleo de fragmentos de xisto. Os EUA são autossuficientes e o preço do petróleo caiu de cerca de 150 dólares por barril (2008) para os atuais 50 dólares.
Ninguém sabe se haverá escalada na violência, ou os envolvidos vão se acalmar e usar outros para acalmá-los. O Irã não teme enfrentar os EUA. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe que hoje se encontrou com o líder iraniano Ali Khamenei e lhe trouxe mensagem do Trump. Este o confrontou dizendo que não precisa de mensagens do presidente americano e nada tem a lhe responder.
É mais difícil aos ocidentais entender a mentalidade islâmica, inclusive a iraniana, que tem paciência e tempo para alcançar seu objetivo, sem temor de morrer. A morte em combate é santificada e o morto torna-se um shahid, isto é, mártir.
Desde que tomou o poder em 1979, a República Islâmica do Irã, age de acordo com os princípios do aiatolá Khumeini, o de espalhar a influência do islão xiita, mais radical, que era de apenas 10% do total dos muçulmanos no mundo.
O Ocidente sempre tapa os olhos e não acredita nas palavras e ações extremistas, achando que estas passarão. Quem abrigou o aiatolá Khumeini foi a França e o seu governo pôs a disposição avião da Air France para leva-lo de volta do exilio, quando sua revolução depôs o xá. Já no ano seguinte à tomada do poder, em 1980, iniciou-se a guerra do Irã-Iraque, do Saddam Hussein, da minoria sunita e em oito anos custou a vida de mais de um milhão de pessoas. Banhada por petróleo que lhe permitiu banhar a área com sangue, o regime iraniano aproveita qualquer oportunidade que lhe surge.
Conquistou o Líbano através de sua proxy terrorista, a Hizballah. Aproveitou-se da guerra civil Síria estendendo (com a Rússia) ajuda militar ao moribundo ditador, Bashar Assad e assim colocando sua influência neste país. Assim o fez o regime iraniano no Iraque, aliando-se a maioria xiita do país. No Iêmen o Irã armou e esta atrás dos rebeldes houtis, que se apoderaram do país e deste território bombardeiam cidades e aeroportos da arqui-inimiga Arábia Saudita. O Irã está presente na Faixa de Gaza através da ajuda que dá às organizações terroristas Jihad Islâmica e a Hamas.
O acordo nuclear
O mundo entrou em pânico ante a corrida iraniana para alcançar arma nuclear. Vale a pena lembrar que o Paquistão, muçulmano, e a Índia, com grande minoria muçulmana, tem bombas atômicas. Em 2015 os cinco países permanentes no Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, assinaram o acordo JCPOA com o Irã. Este país se comprometeu a produzir até 300 kg de urânio enriquecido em nível de 3.9% e o excedente tem que vender ou armazenar fora do país. 3.9% é combustível para produzir energia elétrica em reatores nucleares. Se tratado em centrifugas várias vezes pode aumentar de 3.9% para 20% e com mais tratamento a 50, 70 e até o enriquecimento de 90% que é o material para bomba nuclear.
Israel advertiu todos os que queriam ou não de que o Irã viola os acordos. O Ocidente, por conveniência, preferiu (como sempre) tapar os olhos e ouvidos), até que… em 30 de abril de 2019, o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu revelou ao mundo que o Mossad trouxe numa ação de proeza, o arquivo nuclear iraniano para Israel, que desmascara a atitude e as mentiras do Irã. O norueguês Dr. Olli Heinonen, que foi vice-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), ora visitando Israel, disse: “vi o material altamente sensitivo, que inclui instruções de como confeccionar a bomba atômica. Mantive contatos com o Khamenei que me prometeu ajudar a resolver os problemas. Os iranianos mentiram então e mentem agora”.
O governo americano do presidente Trump resolveu agir e tomar atitude. Se o Irã infringe o acordo nuclear assinado, os EUA imporão sanções diretas e também contra firmas mundiais que tem negócios com o Irã e com os EUA. Ante essas sanções que surtem efeito no Irã, há esta escalada de ações. O atual chefe da IAEA, Yukiya Amano, declarou na segunda-feira (10): “o Irã concretiza sua ameaça e acelerou a produção de urânio enriquecido”.
Agora se espera ver quem piscará antes e se o mundo livre agirá para que continue livre da ameaça nuclear e da ameaça da violência dos radicais islamistas.
Os sauditas, pediram ao ex presidente Obama que cortassem a cabeça da cobra, nada foi feito, a cobra cresceu, tranformou-se numa piton, agora engole navios.