O grosso e antidiplomático Donald Trump
Após dois anos e meio na presidência dos EUA, não há como não conhecer algo do comportamento do presidente Trump. Ele que nunca sonhou em ser presidente da maior potência mundial e, pessoalmente, acho que foi para a corrida presidencial de brincadeira, talvez para engrandecer o seu nome. Pelas circunstâncias e cansaço do povo americano com os políticos “profissionais”, foi, falou e levou toda a bolada. Aí, o seu ego e suas grosserias aumentaram ainda mais.
Logo ao entrar na Sala Oval declarou a sua politica de “America First”, para se concentrar nos EUA. Mas, rapidamente viu-se enfrentando muitos problemas internacionais. Ele agiu impulsivamente na Síria, quando declarou, sem consultar os seus generais e assessores, que retiraria daquele sangrento país todas as suas forças. Estes estavam combatendo com outros aliados os terroristas do Estado Islâmico. Dias depois, ante o espanto dos generais, Trump voltou atrás. Assim o fez na guerra comercial com a China e, a cada declaração, faz as bolsas caírem e subirem de acordo com o que diz que fará com a China ou com o México.
Esta semana, o Donald foi visitar a Inglaterra por três dias, aproveitando para comemorar o 75º. aniversário do Dia D, que foi a invasão na Normandia, quando Hitler começou a perder a guerra. Feito um elefante numa loja de porcelana, conseguiu brigar com meio mundo. Iniciou com a cidadã americana, agora princesa inglesa, a Camila, chamando-a de “nojenta” (nasty). Foi um revide à sua declaração antes das eleições, de que deixaria os EUA se o Trump fosse eleito. Gabou-se de recusar a se encontrar o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, “que é uma pessoa negativa”. Em compensação elogiou a demissionária premier, Theresa May, “que levou adiante a saída da Inglaterra da União Europeia” e oferecendo um bom acordo comercial após a saída da Inglaterra da EU em clara evidência anti a União Europeia.
Não bastando alfinetar a politica inglesa, ofendeu o prefeito de Londres, Sadiq Khan, chamando-o de “perdedor” (loser). Isto por ter Khan publicado um artigo no Observer de Londres em que comparou o Trump a ditadores europeus nas décadas de 30 e 40 do século passado.
Agora, ele torce para que o ex-prefeito de Londres Boris Johnson se eleja no lugar da May, pois: “ele é um rapaz muito bom e uma pessoa capaz que fez bom trabalho”. Em 2015, Trump disse que não iria a certas partes de Londres pela violência muçulmana nestas áreas. O então prefeito de Londres Boris Johnson lhe contestou: “sua declaração demonstra ignorância e você não tem capacidade de ser presidente”.
O presidente Trump, intervindo na politica interna, também aliou-se ao primeiro ministro israelense Netanyahu e o elogiou durante o processo eleitoral em Israel. Quando Netanyahu fracassou na constituição de uma nova coalizão governamental, Trump declarou: “Israel se complicou com as eleições. De repente tem que ir a novas eleições, em setembro, nós (EUA ou Trump ?) não estamos contentes com isso”. A democracia israelense de nada vale. É uma violenta intervenção no processo democrático eleitoral de Israel.
Não há dúvidas de que o presidente Donald Trump é um grande amigo do Estado de Israel. Foi ele que decidiu mudar a embaixada do seu país para a Capital, Jerusalém, concretizando promessas de todos os candidatos a presidência americana em décadas. Trump também reconheceu a importância do Planalto do Golã para a segurança de Israel e declarou que esta área é de Israel para sempre. O “Plano do Século” que a cada dia está mais difícil de ser implementado, apesar de que nenhuma liderança dos países que estariam envolvidos sabe os seus pormenores.
O rude Donald Trump deve acreditar que é só ele – sendo o líder do mundo ocidental – querer e seu desejo é efetivado. Diante as suas declarações, muitas vezes grosseiras e ou zigue-zagueadas, quando faz declaração e logo recua e a desfaz, perde a confiança dos interlocutores.
Ele nem sabe escolher os aliados e os rivais. Fez uma grande manobra indo encontrar-se com o líder norte coreano, Kim Jong-un. Declarou simpatizar com o ditador e que brevemente assinariam um tratado. Visitou-o três vezes e o jovem autocrata só riu dele. Nem no seu “quintal traseiro”, a Venezuela, Trump conseguiu mudar as atitudes do ditador Maduro, cujo povo está na miséria.
Seria bom o Presidente dos EUA, Donald Trump tornar-se um pouco mais presidente e deixar de pensar que está ainda ancorando o programa de TV “The Apprendice”, onde podia demitir quem quisesse.