O futuro está aqui: a guerra cibernética
Por David S. Moran
Durante séculos se produziram novidades que tiveram grande impacto e mudaram a vida da humanidade ao longo da história. Sempre relembramos a invenção da roda, o invento da impressão e a revolução industrial. Acredito que nenhuma dessas descobertas e revoluções teve tanto impacto nas nossas e nas futuras gerações como as que foram feitas no século XX e adentram aos nossos dias.
Lembro-me de uma reunião durante o meu serviço militar no Exército de Defesa de Israel (EDI), na década dos anos 70 do século passado, em que uma alta patente militar disse uma frase, que para nós, jovens oficiais, parecia inacreditável, tirada da imaginação de uma pessoa que talvez antes tivesse assistido a um filme de ficção científica. Ele disse: “no futuro, as guerras serão travadas com botões”. Toda a plateia riu incrédula. Dizer uma frase dessas, quando países gastavam fortunas em armamentos de todo tipo e cada vez mais sofisticados? Artilharia, tanques e aviões é que conseguem vencer guerras expandir territórios.
Trago este exemplo pela notícia publicada no conceituado jornal Washington Post, terça-feira (19). O WP revela que Israel foi o responsável pelo grande ataque cibernético que, no dia 9 de maio, paralisou e bagunçou as operações do maior e mais importante porto iraniano, Bandar Abbas, agora conhecido por Shahid Rajaee (marcado no mapa abaixo na cor roxa). O sistema computorizado do porto, responsável pela movimentação de navios e carga e descarga do porto, caiu formando grandes congestionamento nas rotas marítimas do Golfo Pérsico. Há informações de que, até agora, os técnicos iranianos não conseguiram reparar os danos.
Pelas informações e comentários posteriores à publicação do Washington Post, este ataque cibernético foi uma revanche a um ataque cibernético iraniano, contra instalações do sistema aquático e de esgoto de Israel, no qual ao que parece se queria injetar produtos químicos na água. Este ataque ocorreu em fins de abril e fracassou.
A guerra do futuro, a cibernética, dos botões, já está sendo travada entre Israel e o Irã. No ano passado, durante a Convenção Cybertech, o primeiro ministro Netanyahu revelou que “o Irã faz ataques cibernéticos contra alvos israelenses, diariamente. Nós os seguimos e abortamos a tempo.” Confirmando o que nos foi dito há 50 anos, parecendo ficção científica, o general (reformado) Amos Yadlin, ex-Chefe do Serviço de Inteligência e atual chefe do Instituto de Pesquisas de Segurança Nacional (INSS, em inglês) comentou: “a cibernética entra na dimensão muito significativa da luta em guerras terrestres, aéreas e marítimas”. Ainda não substitui a guerra tradicional, mas junta-se e ela. Yadlin diz: “a reação israelense foi forte para esclarecer ao Irã que não tolerará ataques deste país contra alvos civis (como o são a água e o esgoto). Israel adverte os aiatolás de que é melhor deixar sistemas civis fora da luta”.
A guerra cibernética geralmente atua sigilosamente: atacar o objetivo e sair sem deixar rastros, para não sofrer reação. De vez em quando, alguém tem interesse em passar uma dura mensagem e advertência ao outro lado. Israel oficialmente não admitiu nem desmentiu o ataque ao porto iraniano. Mas no mundo todo, sabe-se que o Estado de Israel é uma potência na área tecnológica. Pelo visto, esta foi a intenção de Israel ao escolher um renomado jornal como o Washington Post, que também tem credibilidade e que chegue até os aiatolás que dirigem o Irã, no caso das forças armadas não lhes informar.
O Irã é uma ameaça ao mundo
Os aiatolás que estão no poder no Irã só têm uma filosofia e meta. A de expandir sua influência xiita e de destruir o mundo ocidental. A liderança iraniana sabe esticar a corda, mas não ultrapassa os limites. O Golfo Pérsico era antes chamado do Golfo Arábico. Os iranianos acham ser este importante mar, mas particular seu. Quando tem vontade, desafiam navios de outros países. Um dos seus prediletos são os navios de guerra americanos que patrulham o Golfo. Quando da aproximação do “Dia do Golfo Pérsico Nacional”, que este ano foi no dia 29 de abril, barcos iranianos intensificaram as provocações contra os navios de guerra americanos. Os americanos reagiram advertindo que nenhum barco poderia se aproximar a menos de 150 metros das suas naves. Os iranianos, não passam da ameaça, mas querem perpetuar a ideia de que o “mar é nosso”.
Até a tomada do poder dos religiosos xiitas em 1979, o Irã tinha boas relações com o Estado de Israel, mesmo sem relações diplomáticas formais. O Irã construiu um oleoduto, para transportar seu petróleo do Porto de Eilat até Ashkelon, encurtando o tempo. Comprava armamento israelense e companhias israelenses como Solel Boné construíram muito no Irã.
O atual regime é muito hostil a Israel, mesmo que não tenha fronteira com o país. Prega abertamente a destruição do Estado de Israel, sem reação da ONU e da Europa. Nestes dias, o site oficial do líder espiritual Ali Khamenai publicou um cartaz em que palestinos e terroristas da Hizballah festejam com bandeiras a libertação da mesquita de Al Aksa. Aparecem as inscrições de “Palestina será livre” e “a solução final: Resistência até o referendo”, que clama por atuação terrorista contra Israel.
Foto: Emad Yeganehdoost (Wikipedia)