O advogado e seu inimigo
Por Tzvi Szajnbrum
Quando o seu cliente se torna o seu inimigo
Acabei de assistir ao filme chamado “Richard Jewell” e sugiro que você assista se gostar de um bom drama sobre… bem, vou deixar você descobrir mais sobre o filme quando assisti-lo.
Esta é uma extraordinária história real de um advogado sincero lutando para evitar a condenação de seu cliente e tendo que lutar contra a ingenuidade de seu cliente que se joga continuamente nos braços do promotor público.
Muitas pessoas boas se comportam de maneira autodestrutiva, ignorando o que é claramente um bom conselho de um profissional experiente que está trabalhando duro para ajudá-las.
Quando o advogado se torna seu próprio inimigo
Quando o advogado se envolve emocionalmente demais em um caso, ele se torna seu próprio inimigo. O advogado deve ser uma espécie de psicólogo, mas seu objetivo principal é encontrar uma solução jurídica para o caso e não tratar o cliente e resolver seus problemas psicológicos.
Um advogado deve pensar com clareza, agir com gentileza quando possível e duramente quando necessário, porque seu objetivo não é se tornar um político ou trabalhar em qualquer outro tipo de profissão onde você deve ser constantemente visto como o “cara legal” para progredir.
Uma mente enganadora
Não se engane acreditando em contos de fadas. A vida é feita de realidade e não de ilusões.
“O primeiro princípio é que você não deve se enganar e que você é a pessoa mais fácil de ser enganada” (Richard P. Feynman)
Eu quero entender, eu quero que você me explique tudo
Esta é uma das frases que os advogados ouvem frequentemente de seus clientes. Que pena, porque este é um pedido impossível e irreal. Não há como um advogado “explicar” tudo, cada movimento, cada decisão a um cliente. A razão pela qual um cliente precisa de representação é exatamente porque ele não tem um entendimento completo da lei israelense, da jurisprudência que um advogado pode recorrer para usar em seu caso, o comportamento do juiz, etc. e, portanto, ele deve confiar e seguir os conselhos e instruções do advogado profissional que o representa.
Isto é especialmente aplicável a novos imigrantes (olim). Pessoas de outros países devem abrir mão de seu conhecimento do sistema de justiça em seu país de origem e entender que Israel tem suas próprias leis e sistema que podem ser bem diferentes.
“O pedido deles de que ‘devemos apenas fazer o que eles entendem’, é uma tentativa de ‘Ditar’, já que eles ‘Reencontram’ nossa ‘Liberdade’ e nossa Coragem para sermos nós mesmos. Quantas vidas foram ‘Arruinadas’ por esta necessidade de explicação, o que geralmente implica que a explicação seja ‘Entendida’, ou seja, Aprovada”. (Erich Fromm, A Arte de Ser)
Deixe seu advogado fazer o que ele sabe de melhor: representação legal.
Fé
Você deve ter fé em si mesmo, na vida e no seu advogado – o advogado que você escolheu para representá-lo e resolver seu problema, tirar você de uma situação ruim, cuidar de suas dívidas, representá-lo no seu divórcio, escrever seu último testamento, ou apenas enviar uma carta em seu nome.
Seu advogado é a pessoa que você escolheu, portanto, você deve confiar em seu julgamento e dar-lhe crédito.
“A fé na vida, em si mesmo e nos outros deve ser construída sobre a rocha dura do realismo, isto é, na capacidade de ver o mal onde ele está, de ver fraude, destrutividade e egoísmo não apenas quando são óbvios, mas em seus muitos disfarces e racionalizações.
Na verdade, a fé, o amor e a esperança devem caminhar juntos com tal paixão por ver a realidade em toda a sua nudez que o estranho estaria propenso a chamar a atitude de ‘cinismo’. E é cínica, quando queremos dizer com ela a recusa de ser enganado pelas mentiras doces e plausíveis que cobrem quase tudo o que é dito e acreditado. Mas esse tipo de cinismo não é cinismo; é intransigentemente crítico, uma recusa de jogar o jogo em um sistema de decepção.
Comportamento: ‘Se as outras pessoas não entendem o nosso comportamento, o que podemos fazer? Nos comportamos de acordo com a nossa personalidade’. (Erich Fromm, A Arte de Ser)
Falência e divórcio
Existe um fator comum entre a falência e o divórcio: o advogado que te representa e as emoções envolvidas em ambas as situações.
Muitas vezes, o divórcio é mais do que um caso legal. Um divórcio envolve pessoas reais, filhos reais, dificuldades reais e às vezes tragédias. Tragédias envolvendo abuso emocional e financeiro, violência doméstica e abuso sexual, mesmo contra crianças.
No caso de falência, toda a estrutura familiar muda, a carga emocional, a humilhação e o longo processo, tudo isso contribui para uma série de incidentes entre os familiares, às vezes até ocasionando o divórcio.
Como advogado, lidei com esses casos e nunca consegui ser indiferente às pessoas envolvidas! Acho que é apenas parte do meu DNA. O que eu não faço é deixar minhas emoções me afastaram do meu objetivo de lutar pelo que é melhor para os meus clientes, especialmente para os filhos.
É uma tarefa difícil, mas muito possível, mas quando os advogados não conseguem se separar das emoções, são os clientes que pagam o preço.
Uma última palavra
Lembre-se de que você não pode controlar o sistema ou alterá-lo. Você deve trabalhar dentro do sistema e não contra ele.
O advogado é como um capitão no oceano – deixe-o navegar e você será um passageiro cooperativo, porque, realisticamente falando, no final tudo que você precisa é chegar à terra firme, ganhar o caso ou resolver os problemas da melhor maneira possível.
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Obrigado pela oportunidade de colaborar em prol da comunidade
Oi Henrique, tudo bem? Gostei de te rever, saudades do tempo das reuniões na Biblioteca T, Herzl, da memorável apresentação no Teatro da Hebraica, do Israel Rochlin, que “queria sua cabeça” :)), da visita frustrada em Beer Sheva…
Parabéns pelo ótimo e oportuno artigo. Você só não explicou o que fazer com o advogado salafrário… infelizmente já tive,
Muita saúde, sucesso continuado na vida e na profissão!
Abraços
Gabor