Novo governo, sem consenso
Por David S. Moran
Na quinta feira (29), o Parlamento israelense aprovou o novo governo que será liderado pelo Benjamin Netanyahu, que já chefiou cinco governos anteriores. O nascimento deste governo foi duro e o parto durou dois meses.
Depois que o Likud venceu as eleições e já tinha entendimentos com os partidos religiosos e ultra ortodoxos, Netanyahu declarou que em duas semanas formaria o novo governo. Os partidos da coalizão sabem muito bem dois grandes motivos que acionam o Netanyahu. A ânsia pelo poder, para que seja registrado como um grande líder israelense e sua vontade de “fugir” dos processos que enfrenta. Um deles corre nestes dias na justiça e vai demorar por muito tempo até sair o veredito.
Sabendo destes fatos os partidos da coalizão negociaram arduamente e conseguiram muitas concessões, que em dias normais não obteriam. A oposição até chama o governo de “governo de criminosos”. O todo poderoso do partido Shas, Arie Deri, é um deputado que já esteve um período na prisão. Em 1999, quando Ministro do Interior foi condenado a três anos de prisão por corrupção. Cumpriu a sentença por dois anos. Em 2022, foi condenado por evasão de impostos. Chegou a um acordo com a justiça. Iria se retirar da politica e pagar uma multa. Renunciou à Knesset e agora volta como Ministro do Interior, Ministro da Saúde e mais algumas funções de setores que tirou de outros ministérios.
O radical da ultradireita, Itamar Ben Gvir, junto com seu colega de chapa, Bezalel Smotrich, que tiveram dezenas de processos, agora são homens fortes do governo. Ben Gvir é o Ministro da Segurança Nacional (ex-Policia), incorporou a Guarda das Fronteiras (Magav) que faz muitas atividades com as FDI. Isto apesar das FDI não o convocarem para o serviço militar, pelo seu passado tumultuoso. Seu companheiro, Smotrich, é o Ministro da Fazenda e juntou outros Departamentos, inclusive do Ministério da Segurança, fazendo os dois serem os xerifes nos territórios ocupados.
Netanyahu, na realidade, como o culpam alguns companheiros do Likud, foi sequestrado pelos partidos da coalizão, que nada tem a ver com o Likud, que é um partido Nacionalista e Liberal, advém de Machal, fundado em 1965, pela junção de Herut, do Begin com o Partido Liberal. Hoje o Likud nada tem de liberal. Os partidos religiosos com grande apetite lançam as suas pretensões através de entrevistas, esperando a reação da população. Os ultraortodoxos ensaiaram parar o país no Shabat, quando for formado o novo governo; a futura Ministra das Missões Nacionais, Orit Stroock disse que médicos não atenderiam a pessoas que são incompatíveis com suas crenças. Entendia-se que certos médicos religiosos se recusariam a atender LGBT’s, mas diante os protestos voltou atrás.
Os líderes do Yahadut Hatorá, Gafni e Goldknopf, que tem rixas entre si, receberam respectivamente a presidência da Comissão das Finanças e o Ministério da Habitação. Eles são contrários ao alistamento de todos nas Forças Armadas, exigem (e recebem) aumento de verbas para estudantes de Yeshivot e outas funções que os distanciam da população geral. Durante mais de um mês e meio, Netanyahu costurou o seu novo governo só com os partidos da coalizão, todos partidos religiosos e ultra ortodoxos.
Como no jogo da “vovô deu para este, para aquele e para quem não sobrou”, para o próprio partido do Netanyahu, o Likud. Só no último minuto da reta final, depois que o Netanyahu pediu extensão de 14 dias para formar um governo e recebeu do Presidente Herzog, apenas 10, ele foi falar com o seu partido. Muitos deputados do Likud, a maioria incógnitos reclamam que o líder do seu próprio partido, não lhes deu a mínima atenção, os abandonou. Acrescentam que “os partidos da coalizão pegaram brutalmente pastas importantes e também das pastas deixadas para nós”.
Para o cúmulo, só na quinta feira (29) horas antes do juramento “para manter lealdade ao Estado de Israel e suas leis…”, o novo-velho primeiro ministro anunciou quais os ministérios e quem os liderará. Isto não passou em águas calmas. Alguns sabiam qual pasta receberiam, outros exigiram e não receberam, como os leais deputados e que agora foram passados para trás, David Bitan e Dudu Amsalem. Este gritou contra Netanyahu e Lewin: “me deixem falar, vocês não farão o que têm vontade conosco no Likud”. Quando o deputado Kish, quis calá-los, Bitan e Amsalem lhe disseram: “sente-se e cale a boca, quem é você?”. Isto demonstra os ânimos exaltados entre os deputados do Likud. Não terminou por aí. Há muitos deputados desgostosos com Netanyahu. Outro exemplo é o deputado Yuli Edelstein, homem forte do Likud, que não aceitou as ofertas do Netanyahu e em tom de gozação lhe exclamou:” pelo menos você me oferece algo que os partidos da coalizão não esvaziaram”.
O fato do desgosto geral no Likud é que Netanyahu até dividiu ministérios importantes como o do Exterior, entre dois deputados. Um ano será liderado por Eli Cohen e no segundo e terceiro ano por Israel Katz. No quarto ano, se tiver, volta para Eli Cohen. Outros deputados, foram nomeados para serem ministros dentro do ministério do primeiro-ministro. O ex-ministro e ex-embaixador na ONU, Danny Danon, disse que não aceitará ser Ministro das Águas Frias ou das Águas Quentes. Isto é só título e não tem essência. Até minutos antes da votação na Knesset para aprovar o novo governo, Netanyahu nomeou mais deputados do Likud (desgostosos com ele) para o título de ministros no ministério do primeiro ministro.
Mesmo antes de formar a nova coalizão, Netanyahu se apressou em aprovar novas leis para que nada atrapalhe seu governo. Já que tem maioria na Knesset, rapidamente foi aprovada a lei “Deri-Smotrich”. Esta lei permite a Deri ser nomeado ministro, apesar de ser condenado por evasão de impostos, que a lei vigente não permitia. Também permitiu a Smotrich ser nomeado ministro dentro do ministério da Defesa, além da nomeação para a Fazenda.
Os dois deputados do partido Yemina, do ex-premier Naftali Bennett, Amichai Shikli e Idit Silman, que o deixara e assim foram os responsáveis pela queda do governo anterior, apoiado por minoria de 59 (dos 120 deputados), milagrosamente, entraram no Likud e já obtiveram ministérios. Velhas raposas do Likud como Edelstein, Amsalem e Bitan ficam fora.
Na tribuna da Knesset, Netanyahu disse que a oposição tem que aceitar a vontade da democracia aceitando o novo governo. Ele esqueceu que há apenas um ano e meio, quando foi deposto, Netanyahu não aceitou o novo governo. Chamou-o de ilegal, não aceitou passar o “trono” ao novo primeiro ministro. Dedicou apenas 30 minutos para lhe passar as pastas mais importantes. Isto num país que tem tantos desafios. Netanyahu, sendo o líder da oposição, boicotou o encontro mensal com o primeiro ministro para ser atualizado com as coisas mais importantes do Estado. Com o líder Menachem Begin isto não aconteceria.
Para o cargo de presidente da Knesset, o terceiro maior cargo (depois do presidente e do premier), o Likud com Netanyahu nomeou a Amir Ohana. Há 7 anos, quando entrou pela primeira vez na Knesset, na hora do juramento, os deputados haredim (ultraortodoxos) se retiraram do plenário, pelo fato de que Ohana é um gay casado com outro homem. Desta vez, sendo parceiros no governo, eles apenas baixaram as cabeças em protesto.
Muitos protestos foram realizados no dia da posse do novo governo. Milhares protestaram em frente à Knesset. A noite, milhares protestaram barrando uma das vias mais importantes de Tel Aviv, a Ayalon.
Netanyahu pode falar que representará o povo todo, mas ninguém mais do que ele criou esta cisão entre a população de Israel. É uma pena, pois diante de todos os desafios que este país tem pela frente, o povo todo devia estar unido.
Com todos estes absurdos na criação deste governo e com toda a divisão que há no povo de Israel, só resta desejar a este governo boa sorte e sucesso, pois seu sucesso é do país inteiro. Ou, se não cumprir o desejado, que caia o mais depressa possível.
Netanyahu que se recusou a cumprimentar Naftali Bennett e depois Yair Lapid quando tomaram posse, agora também não quer cerimonia de transferência do poder (coisa mais normal). Aceita sentar com Lapid por 45 minutos e receber dele uma retrospectiva. Lapid deixou um bilhete na mesa do gabinete do primeiro-ministro. Nele estava escrito: “Lapid-2024”. Era lembrança do bilhete que Netanyahu deixou ao Bennett: “Netanyahu, voltarei brevemente”.
Foto: GPO
HA,Ha,Ha. Estou rindo depois de ler a frustacao e mentiras que este esquerdista radical (existem nao radicais??) Moran escreveu aqui. Sem consenso?? “Apenas” dois tercos dos votantes votaram nos partidos da direita, ou seja, 64 cadeiras do Knesset contra apenas 53 cadeiras dos esquerdistas junto com os seus aliados arabes. Sem consenso? Bem, Moran Millor Fernandes escreveu o consenso e burro. Entao voce esta pregando a burrice. Teu partido favorito o Meretz nem se elegeu para guarda do quarteirao… Lapid disse: voltaremos…. So se for para servir cafe para os membros do Knesset. Isso e democracia que voces esquerdista tanto falam, mas na hora que tinham poder fizeram as maiores discriminacoes contra os politicos de direita e os religiosos. Ai perdem o poder reclamam que nao existe democracia…Ha,Ha, Ha agora vamos ter um governo interessado no Pais e na sua populacao judia e nao judia, com seguranca e valores judaicos. E eu vou continuar lendo e rindo a tua frustacao, que agora vai durar muito tempo. se D’us quizer!!
Estimado leitor “Emet” se este for o teu nome. Primeiramente, voce não me conhece e já determina que sou esquerdista (e ainda radical?). Segundo: parece que não aprendeu matemática, ter 64 deputados de 120 não são 2/3 dos votos. São 4 deputados acima dos 50%, isto é 53.3%. Agora, o mais importante, de tudo que escrevi, mencione uma mentira, ou fato que escrevi e não aconteceu.
Mesmo, a maioria dos eleitores do Likud, não esperavam o Netanyahu “casar” com homofobos, racistas e ultra ortodoxos que tiram do Estado e não se identificam com suas necessidades e deveres de todos os cidadãos do Estado de Israel. Aonde estão os deputados Beny Begin, Dan Meridor, Meir Shitrit e outros que eram dos pilares do Likud? nem todos que não concordam com Netanyahu são esquerdistas.