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Novas condições de Netanyahu podem impedir acordo

Nas últimas semanas, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu incluiu várias novas condições nas negociações com o Hamas, de uma forma que torna muito difícil promover um acordo para a libertação de reféns, segundo noticiado, nesta terça-feira, pelo New York Times.

Segundo a publicação, Netanyahu repete que é o Hamas quem impede um acordo, mas de documentos confidenciais indicam que é ele o responsável pelos últimos obstáculos que impedem o progresso.

Os documentos obtidos pelo New York Times apontam para a ampla margem de manobra que Netanyahu assumiu para alterar o projeto acordado e apresentado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, há algumas semanas, que tem origem numa proposta elaborada em Israel. Por conta disso, acredita-se que a chance de avançar para um acordo na reunião prevista para quinta-feira não seja alta.

Um dos principais obstáculos colocados por Netanyahu, e não incluído na proposta original de Israel, é a insistência de Israel em manter as tropas das FDI ao longo do eixo de Filadélfia, na fronteira do Egito e no sul da Faixa de Gaza.

As últimas alterações de Israel foram apresentadas a mediadores dos EUA. Egito e Catar nas vésperas da reunião de cúpula de Roma no dia 28 de julho. Além disso, Israel estaria demonstrando falta de flexibilidade no que diz respeito ao regresso dos palestinos deslocados ao norte da Faixa de Gaza, quando os combates terminarem.

Segundo o jornal, alguns representantes israelenses da equipe de negociação expressam o temor de que as novas adições ponham em risco o acordo, segundo dois altos funcionários a par dos detalhes. A reportagem afirma, ainda, que o Gabinete do Primeiro-Ministro não negou a fiabilidade dos documentos revelados no New York Times. “A carta enviada em 27 de julho não apresenta novas condições”, afirmou o gabinete de Netanyahu. “Pelo contrário, inclui alguns esclarecimentos essenciais destinados a implementar a proposta de 27 de maio. O Hamas é quem exigiu 29 alterações na proposta de 27 de maio, que o primeiro-ministro recusou”.

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De acordo com o New York Times, a exigência de Israel em 27 de julho de manter os soldados das FDI ao longo do eixo Filadélfia é de fato uma nova condição em relação à proposta de 27 de maio, segundo a qual as forças deixariam a área fronteiriça. O original expressava o compromisso com a “retirada das forças israelenses para o leste, além das áreas densamente povoadas ao longo da fronteira, em todas as áreas da Faixa de Gaza”.

Outra questão é o regresso dos palestinos deslocados para o norte da Faixa de Gaza. Durante meses, Israel disse que só concordaria com um cessar-fogo se os soldados pudessem verificar e monitorar os palestinos e garantir que não transportavam armas do sul da Faixa para o norte. Contudo, numa proposta do final de maio, Israel suavizou esta exigência. A proposta afirmava que os repatriados para o norte não poderão portar armas, mas Israel eliminou a exigência expressa de verificar todos os repatriados por meios especiais. Esta mudança fez com que as coisas parecessem mais simbólicas e menos aplicáveis ​​na prática, o que fez com que o Hamas concordasse com ela.

A carta que Israel enviou aos mediadores em maio reacendeu a questão da aplicação da inspeção às pessoas deslocadas que regressarão às suas casas no norte da Faixa de Gaza, e insistiu que poderiam ser inspecionadas por meios especiais e afirmou que a triagem teria de ser realizada “de forma acordada”. Também neste caso, o gabinete de Netanyahu sublinha que não há contradição entre a proposta de 27 de maio e de 27 de julho. “A carta de julho não contradiz a proposta de maio, mas a confirma”, informou.

Altos funcionários israelenses que falaram ao New York Times, incluindo do sistema de defesa, concordaram com o princípio apresentado por Netanyahu de que é melhor criar postos de monitoramento e inspeção para localizar armas e meios de guerra nas pessoas deslocadas que retornam ao norte. Ao mesmo tempo, disseram acreditar que não vale a pena impedir um acordo neste momento e querem que Netanyahu o retire antes da reunião planejada para esta quinta-feira, para permitir a libertação dos reféns o mais rapidamente possível.

Fonte: Revista Bras.il a partir de N12
Foto: Manuel Lopez – World Economic Forum (Flickr)

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