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Netanyahu não é nacionalista

Por David S. Moran

Nas últimas eleições em Israel, o partido Likud obteve a maioria. Este partido sempre foi considerado de direita e foi por este partido que os saudosos Menachem Begin e Itzhak Shamir foram eleitos. Eles sim, eram nacionalistas e liberais.

Netanyahu, que enfrenta três acusações de fraude, suborno e favorecimentos e está no poder há mais tempo do que qualquer outro premier israelense, faz de tudo para não enfrentar a justiça, talvez temendo o resultado. Após cinco rodadas de eleições, o Likud sendo o partido mais votado, conseguiu fazer coalizão com outros dois partidos de “direita ” e três ultraortodoxos. Eles chamam o novo governo de “direita por completo”. Mas, será que assim o é?

Vamos analisar os partidos coligados.

SHAS. Partido haredi sefardita, liderado pelo deputado Arie Deri, que já cumpriu sentença de alguns anos na prisão. Antigamente, eram religiosos mais ligados a sociedade geral do país, inclusive servindo no Exército. Aos poucos foram para o lado mais haredi. O seu líder espiritual, o falecido rabino Ovadia Yossef tinha tendência mais centro-esquerda e aos poucos por interesses passou a ser aliado do Likud.

Yahadut Há’torá. Duas agremiações hassídicas, que nada têm de nacionalismo. Não cumprem os deveres de qualquer cidadão de se alistar às Forças de Defesa de Israel, ou pelo menos fazer trabalho comunitário. A grande maioria dos seus jovens só estuda a Torá e até se recusa a estudar matérias leigas, como matemática, ciências, inglês, geografia e história geral. Isto os leva a maior pobreza, pois não podem obter trabalhos que lhes rendam mais e geralmente são abençoados com muitos filhos.

Otzmá Yehudit, do ministro Itamar Ben-Gvir. Este que foi jovem aprontando encrencas e aos 17 anos gabou-se de tirar o símbolo do Cadillac do primeiro ministro Rabin, que pouco depois foi assassinado por Igal Amir. Foi seguidor do rav Kahane, que quando deputado foi expulso da Knesset. Ben Gvir idolatrava Baruch Goldstein, cuja foto ostentava no salão de sua casa. Jamais pensou que entraria na Knesset e mais do que isto, tornar-se-ia Ministro da Segurança Interna no novo governo do Netanyahu. Seus jovens não servem nas FDI.

Ha tsionut Hadatit. Partido religioso Sionista, originalmente moderado. Com este partido, Naftali Bennett concorreu nas eleições e com apenas seis deputados, Lapid lhe deu primazia para governar o país por um ano. Depois houve cisão e Betzalel Smotrich uniu-se a Ben-Gvir, obtendo juntos 14 deputados.

Dependendo deste partido unificado que logo depois dividiu-se em dois, Netanyahu se dispôs a dar para Ben-Gvir o Ministério da Segurança Interna e também lidar com os territórios ocupados da Cisjordânia, juntamente com o messiânico Smotrich. Este pressionou o Netanyahu e obteve o Ministério das Finanças e parte do Ministério da Defesa. Tanto ele como Ben-Gvir são rejeitados pela Comunidade Europeia e pelos Estados Unidos pelo seu radicalismo.

Se eles falam em governo de “direita por completo”, aonde estão com suas obrigações nacionais, primeiramente em servir nas Forças de Defesa de Israel. Este país que se destaca por suas invenções, reconhecido no mundo todo como o “Startup Nation”, como é que continuará neste impulso se cada vez mais jovens não estudam matérias básicas, além da Torá.

O ostracismo contra o Netanyahu pela comunidade internacional se intensifica com o seu governo, que beneficia primeiramente uma parte da população, os ultraortodoxos, e que quer fazer uma revolução judicial, escolhendo a maioria dos juízes (como o Lula, no Brasil) e assim, na opinião de boa parte da população israelense e também de líderes mundiais, levaria Israel a tornar-se uma ditadura. Netanyahu faz de tudo para ser recebido na Casa Branca e pela primeira vez um premier israelense que sempre que entra no oficio viajava aos Estados Unidos, desta vez é rejeitado pelo quinto mês consecutivo, pelo presidente americano.

Nesta terça para quarta-feira passou na Knesset o orçamento da Nação para o biênio de 2023-2024, que beneficia muito haredim e com verbas que nem sabem de onde sairão. Deixaram de lado o Negev e a Galileia, que também precisam de muitos incentivos. Pelo visto, atendendo as demandas da sua coalizão, Netanyahu tenta afastar-se do seu julgamento e num dia do veredito. O produtor israelense-americano, Arnon Milchan, que foi amigo íntimo de Netanyahu tem receio de vir a Israel, prefere dar testemunho na Embaixada de Israel na Inglaterra. Quem pediu para estar presente lá é a Sara Netanyahu, que não compareceu a nenhuma audiência de outras testemunhas em Israel. Talvez queira aproveitar para rever o seu filho que estuda em Londres, ou para fazer compras. Sua viagem, com segurança e hotéis terá um custo desnecessário ao erário israelense.

Custo desnecessário é também o ministério de 34 cargos, alguns, os mesmos com diferentes nomes, só para satisfazer os partidos da coalizão.

Caso do deputado Dudi Amsalem. Este deputado e velho ativista do Likud, foi eleito em quarto lugar nas eleições internas do partido. Netanyahu, que foi velho aliado, desta vez o colocou de lado. Amsalem abriu a boca criticando Netanyahu. Olha que o Dudi Amsalem tem uma boca de feirante e não mede as palavras. Falou certa vez que tinham que atropelar a Juíza Esther Haiut, presidente da Suprema Corte… que esta corte é uma máfia, bolchevique, antissionista que se apoderou do país e mais algumas asneiras. Quando Netanyahu lhe atendeu disse que o premier é o enviado de Deus (21.11.21).

Logo depois de gritar bem alto, Netanyahu se recolheu. Já que a maioria dos ministérios e postos já foram distribuídos (mesmo os de título e sem ação) e o ofendido Dudi queria o Ministério da Justiça ou a Presidência da Knesset, Netanyahu compensou-o dando-lhe o posto de Ministro de Cooperação Regional, Ministro de Ligação entre o governo e o Parlamento e também Ministro dentro do Ministério da Justiça. O benefício de tudo isto é poder empregar amigos. Na véspera da votação do Orçamento para o biênio 23-24, repentinamente Netanyahu anunciou que nomeou o velho Dudi Amsalem para o Ministério da Energia Nuclear (que não existia até agora). Será que o Amsalem não tem trabalho suficiente ou o problema nuclear com o Irã é insignificante. Parece que o povo já está se cansando de tantas manobras políticas. Todos as pesquisas mostram que, se as eleições ocorressem agora, a oposição venceria.

Aí vão as duas últimas do Canal 13 e do jornal Maariv: Likud- 25 e 27 (respectivamente), Hamachané Hamamlachti- 29 e 27, Yesh Atid- 18 em ambos, Shas 9 em ambos, Yahadut Hatorá 7 em ambos, Otzma Yehudit- 4 e 5 (respectivamente), Hatsionut Hadatit- 5 e 6, Hadash-Taal- 5 e 6, Raam-6 e 4, Israel Beiteinu- 4 e 6, Meretz-4 e 5, Balad-4, Haavoda, não entra. Assim sendo a atual oposição tem 61, a atual coalizão 50 e 9 não decididos, de partidos árabes. A outra pesquisa dá 66 à atual oposição e 54 à atual coalizão. 64% dos questionados alegam que Netanyahu cedeu as exigências dos ultraortodoxos, 23% não e 13% não sabem.

Parece que este governo nada tem de nacionalismo. Tem sim de fanatismo religioso e de fugir do veredito nos julgamentos que já passaram os três anos e não se vê o fim. Os advogados do Netanyahu lhe sugerem entrar em acordo com a promotoria, mas o poder é mais forte e atrativo.

Chag Shavuot Sameach

Foto: GPO

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Bras.il.

3 comentários sobre “Netanyahu não é nacionalista

  • Shalom!
    Não sou profundo conhecedor do assunto, mas simpatizo com Netanyahu; uma coisa me vem a mente, se as nações e principalmente os EUA não simpatizam com ele não seria um bom sinal? pois sabemos que rumo estas estão tomando!

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  • Asneira é o que mais se vê nesses teus textos hipócritas! Que espécie de nacionalista é você que só tem papas na língua quando é para criticar a direita que está fazendo pelos ortodoxos muito menos do Liberman, Lapid e Ganz deram para Mahmud Abbas forrar os bolsos e concluir que terrorismo é bom e vale a pena. Para incentivar o terrorista Mahmud Abbas vulgo Abu Mazen até dinheiro público fora do orçamento mas você é um omisso e antinacionalista!

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  • Emilia voce e muito delicada quando se trata de comentar os artigos extremamente tendenciosos e repletos de mentiras e distorcoes alucinadoras que so podem vir de uma mente doentia como e este Moran!!! Ele e um desses esquerdistas que so pensam em destruir o Pais com suas mentiras espalhadas aos quatro ventos promovendo mais odio e antisemitismo pelo mundo e agora aqui em Israel para provocar uma guerra entre irmaos…. Alias como fizeram Ben Gurion e Rabin no caso do navio Atalena que foi evitada por Beguin num ato de amor e heroismo que os citados nao tiveram. Agora que perderam as eleicoes tratam de por fogo e nao deixam o governo eleito pela maioria governar!

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