Netanyahu não consegue formar governo
Expirou nesta quarta-feira (05/05) o mandado concedido para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, formar uma nova coalizão, o que abre caminho para seus rivais o removerem do poder depois de 12 anos à frente do governo.
Netanyahu tinha 28 dias para formar uma nova coalizão, após os resultados inconclusivos das eleições gerais do dia 23 de março, a quarta votação em menos de dois anos em Israel.
Pouco antes da meia-noite, quando se esgotaria o prazo de quatro semanas concedido pelo presidente de Israel, Reuven Rivlin, Netanyahu informou à Presidência que foi incapaz de formar um governo.
A partir de agora, a decisão volta para as mãos de Rivlin, que logo após o fim do prazo anunciou que conversará com os 13 partidos com representação no Knesset para “discutir a continuação do processo para formar um governo”.
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Nos próximos dias, o presidente deverá conceder a uma das legendas de oposição a chance para formar uma nova coalizão. Ele pode também pedir ao Parlamento que indique um de seus membros como primeiro-ministro. Se, ainda assim, as forças políticas não conseguirem chegar a um acordo, o país será forçado a marcar uma nova eleição.
Netanyahu, que governou de 1996 a 1999 e, mais tarde, a partir de 2009, ganhou a reputação ser um sobrevivente político. Atualmente, ele também está em meio a um julgamento por acusações de corrupção.
O impasse atual não significa que ele terá de deixar o poder imediatamente, mas representa uma ameaça sem precedentes à sua permanência à frente do governo.
Muitos de seus adversários, apesar de diferenças ideológicas profundas, já vinham mantendo conversas informais sobre possíveis acordos para formar alianças.
O próximo nome a receber o mandato de 28 dias para formar um governo deverá ser Yair Lapid, após seu partido, o centrista Yesh Atid, terminar as eleições em segundo lugar.
Lapid confirmou que já convidou o ex-aliado de Netanyahu, Naftali Bennett, para formar uma coalizão.
O líder do partido Yamina também havia sido contatado pelo Likud, mas se recusou a compor uma aliança. Netanyahu culpou Bennett pelo fracasso das negociações.
Lapid afirmou que está pronto para compartilhar o cargo de primeiro-ministro com Bennett de maneira rotativa.
“Esta é uma oportunidade histórica, de romper as barreiras no coração da sociedade israelense. Unir a religião e o secularismo, a esquerda, a direita e o centro”, disse Lapid. “Está é a hora de escolher entre um governo de unidade ou a continuação da divisão”.
No entanto Netanyahu pode conseguir outra chance para se manter no cargo. O presidente Rivlin pode estender seu prazo por duas semanas.
O Likud, partido comandado por Netanyahu, obteve a maioria dos votos nas eleições de março, mas para governar Israel, porém, é preciso ter 61 dos 120 assentos na Knesset, o Parlamento israelense. O Likud não obteve sozinho essa maioria, e precisaria de alianças para governar. O primeiro-ministro, inclusive, chegou a tentar um inédito acordo com o partido árabe-muçulmano Ra’am. Mas não conseguiu o apoio necessário.
Foto: Marc Israel Sellem (Flash90)