Nem todos os relatos são a realidade
Por David S. Moran
O mundo ficou pequeno e a opinião pública é formada pelos inúmeros meios de comunicação. Nas Faculdades de Jornalismo ensina-se que o dever do jornalista é informar a realidade. O jornal de maior influência, o New York Times, estampa seu slogan: “All News that fit to print” (Todas as notícias que valem ser impressas). No jornal Folha de S.Paulo, o slogan é “Um jornal a serviço da Democracia” (???).
Com respeito ao conflito de Israel com os árabes e agora com os palestinos, os meios de comunicação não relatam toda a verdade. Os repórteres não estão no local, suas notícias são geradas por agências noticiosas (como a AP, AFP, etc) que tem repórteres locais e, quando se trata de regimes autoritários, como o Hamas, eles difundem notícias que recebem dos terroristas do Hamas ou, como já foi constatado, muitos “jornalistas” gazenses são terroristas do Hamas. O pior são as manchetes. Os jornais estampam manchetes para chamar a atenção e boa parte dos leitores não tem tempo de ler toda a reportagem e sua opinião é formada pelo título que leu, mesmo que este seja alarmante e talvez errado.
Lembro que, em 1979, foi organizada uma manifestação debaixo do MASP contra a declaração aprovada na ONU em 10/11/1975 que equiparava o Sionismo a uma forma de racismo. Foram reunidos os movimentos juvenis e no Estadão (na época tinha postura pró-israelense) saiu uma foto da manifestação tirada atrás de jovens do Bnei Akiva, com kipá (solidéu) e a manchete: “Debaixo do MASP houve manifestação pró Palestina”. Imediatamente tomamos providências e exigimos correção. Levou uns 10 dias para a redação colocar na página 14 a seguinte nota (falsa), sem a foto: no dia 10/11 ocorreram em São Paulo duas manifestações, uma pró-palestina e outra pró-Israel”.
A Folha de S.Paulo (“a serviço da democracia”) refere-se ao governo do único país democrático do Oriente Médio, como “o governo de Tel Aviv”, que é uma mentira. Um jornal tem que relatar a verdade e não sua opinião política. A capital do Estado de Israel é Jerusalém e lá é a sede do governo de Israel e seus ministérios.
O Globo refere-se o Hamas como “o grupo Hamas”. Que grupo? São dezenas de milhares de terroristas fortemente armados e ativos no terror interno e externo, portanto é uma organização terrorista e não um “grupo”.
O Globo descreveu o líder do Hamas, Ismail Haniyeh como “uma pessoa que vivia no exílio e negociava cessar-fogo em Gaza. Pela descrição pode parecer um homem pacífico. Na verdade, Haniyeh planejou o massacre de 7/10, no qual 1.200 israelenses foram brutalmente assassinados, estuprados e mutilados.
Não há dúvidas de que a Faixa de Gaza está destruída em boa parte, mas quantas reportagens foram feitas do porquê. Quantas reportagens contaram que a extensa rede de túneis sob Gaza, começa e termina em casas de civis, ou pseudocivis. O leitor, ouvinte ou telespectador teve notícia de que, contrariando todas as normas internacionais, a organização terrorista Hamas posicionou seus quarteis em hospitais, escolas e mesquitas, além de utilizarem mercados e casas de civis como escudos ante possível contra-ataque israelense. Em qualquer país, o exército tem o dever de defender a população civil e, no caso de Gaza, os armados usam os civis como escudos protetores.
A Folha de S.Paulo (04/08) relata que “ataques de Israel deixam 15 mortos em escola em Gaza e outros nove na Cisjordânia”. Até o Hamas e a Jihad Islâmica confirmaram que os mortos no bombardeio em Tul Karem, na Samaria e Judeia eram seus integrantes. Na operação, as FDI mataram Mohamad al Jabre, vice-diretor de produção de armas da Jihad Islâmica. Foram tomadas medidas para minimizar atingir civis, utilizando munição precisa. Mas, isto não é relatado.
Aliás, até no meio militar internacional admitem que as Forças de Defesa de Israel são as mais cautelosas para não atingir civis. Contrariando o elemento surpresa, quando eles vão atrás de terroristas numa região, as FDI lançam panfletos para os civis se retirarem da região a ser atacada e enviam milhares de telefonemas advertindo a população.
Depois que um míssil lançado pelo Hezbollah atingiu e matou 12 crianças que jogavam futebol em Majdal Shams, a BBC da Inglaterra anunciou: “12 pessoas morreram num ataque sobre o Golan ocupado por Israel”. O ator inglês Sacha Baron Cohen (“Borat”) trocou o infame título da BBC para “12 crianças que jogavam futebol foram assassinadas em Majdal Shams”. Sem dúvida título que descreve melhor o trágico acontecimento. Tanto a BBC como a CNN relataram o assassinato das 12 crianças de 10 a 16 anos, como “mortos” (dead) e não assassinados.
O Washington Post estampou na manchete (29/07) a foto do enterro dos 12 drusos no Golan, com o título “Israel ataca objetivos no Líbano”. Pela foto e título daria para pensar que Israel causou as mortes. Infelizmente, e há muita critica em Israel de que as FDI só reagem aos ataques do Hezbollah e não são os que atacam suas posições.
A BBC publicou (31/07) artigo de 140 palavras com o título: “Quem foi Ismail Hanyieh”. Apesar do Hamas ser oficialmente definido pelo governo inglês como organização terrorista, no artigo escrevem quando nasceu, que foi homem-chave do Hamas desde sua fundação, que foi preso diversas vezes por Israel, foi primeiro-ministro do Hamas, mas uma coisa esqueceu de mencionar, que ele foi quem deu as ordens de ações terroristas contra Israel e mesmo contra palestinos do Fatah, jogando-os do telhado. É tal a parcialidade da BBC, que até o Ministro do Exterior inglês, David Cameron exigiu que a BBC se refira ao Hamas como organização terrorista.
Vale a pena ressaltar que 208 funcionários da BBC e mais 112 que queriam permanecer no anonimato, enviaram, em julho, carta aberta a direção do conglomerado, ao CEO Samir Shah, exigindo “investigação formal sobre o racismo antijudaico na emissora. Eles afirmam que não se leva em conta os judeus e o antissemitismo é sistemático na BBC”.
Outras emissoras também “erram” contra Israel nos seus noticiários. A NBC americana, durante entrega das medalhas olímpicas aos jogadores franceses de basquete, segundo lugar, o locutor da estação destacou que o jogador Mathias Lessorte, estrela da seleção francesa e que jogou no Maccabi Tel Aviv, cobriu-se com a bandeira da Palestina e acrescentou que há esportistas que querem expressar sua preocupação com a situação no Oriente Médio. Na realidade ele se cobriu com a bandeira da Martinica, terra natal de seus pais e o locutor virou uma piada.
Veja o caso mais recente. A agencia noticiosa AP publicou (10/08) alegações de que uma escola em Gaza foi atacada pelas forças israelenses, “um dos mais mortíferos ataques nos 10 meses de guerra com Hamas e com mais de 80 mortos e 50 feridos”. A notícia correu uma hora depois do ocorrido, sem verificação e baseando-se numa fonte, o Dr. Fadel Naim, descrito como diretor do Hospital Al Ahli, que teria recebido 70 mortos. O Dr. Naim não é diretor do hospital, é cirurgião ortopédico, conhecido como ativista do Hamas e participou do casamento da filha do Haniyeh e, em 7/10, festejou o massacre do Hamas em Israel. O pior é que sendo uma agência de notícias, vários meios de comunicação copiam seu texto – Politico, NPR, Washington Post – e, até o Escritório dos Direitos Humanos das Nações Unidas logo chamou de “sistemático ataque israelense a escolas”. Depois vem a notícia certa de que a escola era quartel general do Hamas e que de lá atiraram contra forças israelenses e que morreram 30 terroristas. Mas a isto ninguém liga, é ultrapassado, a primeira notícia prevalece. O Hamas é tido como “underdog” (azarão) e o levam mais em conta, apesar de ser terrorista.
Os exemplos são inúmeros e a desinformação toma conta e faz a cabeça dos menos avisados. Há os que só leem as manchetes e já formam suas opiniões sem conhecer o assunto. Quando perguntadas, pessoas que cantam “libertem a Palestina do rio ao mar” não sabem de que rio e mar se trata. Vimos uma manifestação pró-palestina em Barcelona, com bandeiras também do LGBT. Só que os homossexuais nem tem noção de que se abertamente saírem em países árabes, na melhor das hipóteses recebem pena de prisão de 10 anos, na pior hipótese serão imediatamente mortos.
Infelizmente, as mídias no caso dos palestinos recebem suas mentiras como se fossem verdades e não se inteiram que isto se volta contra o mundo Ocidental. Com isto não digo que não há civis mortos. Não tem guerra sem civis mortos. Uma coisa temos que reiterar, Israel faz todo o possível para evitar perdas humanas. Os números que o Hamas publica são, no mínimo, exagerados e a mídia os aceita como se fosse a Bíblia que caiu do céu.
Na terça-feira (20/08) as FDI, com informações precisas do Shabak (antigo Shin Beth) e o Serviço de Inteligência entraram num túnel e tiraram de uma parede dupla os corpos de seis reféns que foram levados vivos em 7/10 para o cativeiro. Quatro foram do Kibutz Nir Oz e dois do Kibutz Nirim. Tinham 35, 51, 76, 76, 79 e 80 anos. Agora, depois de 324 dias perambulando nos túneis, permanecem 109 reféns de 1 a 86 anos e, desses, sabe-se que há 34 mortos. Dos 251 sequestrados, em novembro de 2023 foram libertados 116 e 30 corpos foram resgatados.
As negociações indiretas de Israel com o Hamas não levaram a nada desde novembro. Uns acusam os outros, mas não há nenhum resultado e o número de reféns mortos só aumenta nestas condições sub-humanas. De Sinwar nada pode se esperar, mas parece que Netanyahu teme que, se Israel chegar ao final da guerra, seu governo também terá fim.
O Ministro da Defesa, Yoav Gallant (Likud), sugeriu novamente na quarta-feira que a guerra no sul está terminada e que Israel deve-se concentrar contra o Hezbollah no norte.
O Hezbollah, de fato, está intensificando seus ataques contra Israel. Na madrugada de terça e na quarta-feira (21/08) lançou cerca de 200 misseis, dos quais 50 em direção a Katzrin no Golan, atingindo casas. A maioria dos misseis são abatidos, mas alguns fazem estragos e com o calor e tudo seco, os incêndios se intensificam.
Com todos esses “tsures” (dificuldades) a ministra dos Transportes, Miri Regev está querendo realizar uma Cerimônia Comemorativa Nacional de 7 /10. Os kibutzim e a população que foi atacada e mora em volta da Faixa de Gaza, acha um absurdo. Nem todos os reféns voltaram, a guerra não terminou e querem fazer comemoração. Eles também pediram para não filmar nos kibutzim e nem mencionar os entes queridos que morreram nesta guerra.
O primeiro-ministro, que é chefe do Estado, não assume a culpa do que aconteceu em 7 de outubro. O Chefe do Estado-Maior, Halevi, assumiu e com ele o Ministro da Defesa, Gallant, o Chefe da Shabak, Ronen Bar e o Chefe do Serviço de Inteligência, Aharon Haliva. Na quarta-feira (22/08) Haliva transferiu o comando do S.I. e no seu discurso disse: “Em 7/10 não cumprimos nossa promessa, de proteger o Estado. A responsabilidade suprema pelo fracasso do Serviço de Inteligência é minha. A responsabilidade, bem como o exemplo pessoal é valor fundamental nas FDI, não só em palavras, mas em atos”. Lacrimejando, o general continuou e disse: “peço desculpas em meu nome e em nome do Serviço de Inteligência”.
Foto: UKRANT (CC BY 3.0 NZ)