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Museu Judaico de Berlim reabre de cara nova

Prestes a completar 20 anos, o Museu Judaico de Berlim ganha nova exposição permanente. Identidade judaica e antissemitismo são agora os fios condutores da exibição que retrata a história dos judeus na Alemanha.

Desde que foi inaugurado em 2001, com prédio projetado pelo premiado arquiteto Daniel Libeskind, seus desfiladeiros estruturais, suas lacunas e suas paredes metálicas falam dos abismos e catástrofes de milhares de anos da vida judaica, do desalojamento e da busca.

A exibição, que os visitantes poderão conhecer a partir deste mês de agosto, é acessada pelos longos corredores obscuros do subsolo do edifício de Libeskind, em cujos pontos de cruzamento existem espaços vazios. Trata-se de espaços sem nenhum objeto, criados através da arquitetura em ziguezague do prédio – um local de reflexão e memória. Uma escada íngreme leva aos corredores assimétricos, nos quais é finalmente contada a história dos judeus na Alemanha, desde a Idade Média até os dias atuais.

Desde a inauguração até o final de 2017, o Museu Judaico em Berlim atraiu cerca de 11 milhões de visitantes. “Estabelecemos diferentes pontos principais dos de vinte anos atrás”, diz Cilly Kugelmann, curadora-chefe da atual mostra permanente.

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Ao contrário da anterior, a nova exposição sobre os 1,7 mil anos de história não segue uma estrita ordem cronológica. O passeio alterna entre épocas históricas e percepções sobre tópicos da vida judaica, por exemplo, sobre a função da Torá, a ideia por trás do conceito kosher e o significado do Shabat.

Salas temáticas tornam a cultura e a tradição judaicas tangíveis: por meio de cores e instalações sonoras, obras de arte como “Quebra de Vasos” de Anselm Kiefer, servem como uma interpretação das tradições místicas do judaísmo, a Cabala. A maioria dos objetos apresentados vem de acervos do próprio museu, incluindo pinturas preciosas como “Biergarten perto de Wannsee”, de Max Liebermann.

A temática do antissemitismo, que permeia muitas épocas, é tratada em uma sala semelhante a um cinema, na qual curtas-metragens inspiram o debate: quatro estudos de caso contemporâneos sobre antissemitismo são classificados nos filmes por historiadores e sociólogos a partir de diferentes perspectivas.

“Este museu fala agora sobre os 1,7 mil anos de história judaico-alemã, e também sobre a diversidade da vida dos judeus na Alemanha”, afirmou a Ministra da Cultura alemã, Monika Grütters. Para ela, a nova exposição proporciona uma maior conscientização sobre a riqueza da cultura judaica e da variedade de perspectivas.

Mas o museu de Berlim também documenta a chocante onipresença de exclusão e violência antissemita nos dias de hoje. “Ele provavelmente recebe ainda mais atenção do que outros museus judaicos, não apenas por ser o maior do gênero na Europa, mas também e acima de tudo por estar em Berlim. Na cidade, onde os nazistas planejaram o genocídio sistemático dos judeus europeus e puseram em marcha a bárbara máquina assassina que matou seis milhões de judeus”, acrescentou Grütters.

O período após o regime nazista também ganha bastante espaço em outro lugar – ainda que nem sempre num tom muito sério: numa espécie de “Hall da Fama” dos judeus, fervilham caricaturas de atores, cantores e cientistas, como Albert Einstein, Claude Lévy-Strauss, Hannah Arendt e Lilli Palmer.

A exposição termina com uma videoinstalação: um coro polifônico final em 21 monitores nos quais judeus contam como é ser judeu na Alemanha.

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