Museu Alfred Dreyfus é inaugurado perto Paris
O presidente francês Emmanuel Macron inaugurou perto de Paris o que se acredita ser o primeiro museu do mundo sobre a perseguição injusta e antissemita do falecido capitão do exército Alfred Dreyfus.
O novo museu, inaugurado no subúrbio de Médan, apresenta pelo menos 500 documentos, incluindo fotografias, documentos judiciais e objetos pessoais da provação de oito anos que terminou em 1906 com a exoneração de Dreyfus de acusações e condenações forjadas de espionagem.
Alguns dos documentos são exibidos nas paredes do espaço principal do museu Dreyfus, pendurados em um texto gigante com palavras como “Justiça”, “Traição” e “Inocência”. Também estão em exibição cópias de caricaturas antissemitas que foram publicadas nos principais jornais da França em conexão com os julgamentos de Dreyfus.
O Museu Dreyfus faz parte da Casa Zola, instituição cultural dedicada a preservar a memória de Émile Zola, o renomado escritor francês que, embora não fosse judeu, teve um papel fundamental na liderança da oposição e dos protestos contra a injustiça cometida contra Dreyfus.
Zola morava no prédio onde fica a instituição que leva seu nome. A Casa Zola esteve fechada para reformas por mais de uma década e está reabrindo com a adição do Museu Dreyfus.
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O papel de Zola no caso Dreyfus foi imortalizado em 1898, quando ele escreveu um artigo influente intitulado “J’accuse” ou “Eu acuso”.
A carta aberta criticava ostensivamente a perseguição de Dreyfus, por espionar a França para a Alemanha. O capitão, escreveu Zola, foi processado e condenado com poucas evidências por ser judeu. Após a publicação do artigo, Zola foi julgado por difamação e fugiu do país, vivendo seus últimos anos no exílio.
O julgamento teve implicações ainda mais amplas no pensamento judaico: Theodore Herzl, que muitos veem como o pai do sionismo secular moderno, cobriu o julgamento como jornalista e mais tarde o descreveu como um divisor de águas em seu desenvolvimento ideológico de um judeu assimilacionista em um sionista.
A Casa Zola e o Museu Dreyfus foram abertos ao público em 28 de outubro. A reforma da Casa Zola e a inauguração do museu custaram pelo menos US$ 6 milhões, em grande parte provenientes de subsídios do governo, de acordo com a CNews. O museu Dreyfus estava, originalmente planejado para abrir em 2019, mas uma série de contratempos, incluindo a pandemia COVID-19, atrasou a inauguração.
O diretor do museu e instituição, Louis Gautier, disse à CNews que o novo espaço “mostrará e contará sobre o caso, mas também levantará indagações sobre questões vitais de tolerância, alteridade, direitos humanos, direitos das mulheres, a separação entre Igreja e Estado e o contrato entre a república e seus cidadãos”.
Em 1899, Dreyfus foi perdoado pelo presidente francês e libertado de três anos de prisão, e em 1906 uma comissão militar o exonerou oficialmente.
Fonte: Arutz Sheva
Foto: Maison Zola