Muçulmanos ameaçam destruir túmulo de Ester
O grupo de estudantes islâmicos Basij está ameaçando destruir os túmulos de Ester e Mordechai, localizados em um distrito iraniano e substituí-lo por consulado palestino, no Irã.
Um grupo islâmico iraniano está ameaçando destruir o que os judeus locais acreditam ser o antigo local do sepultamento da rainha Ester e de seu tio Mordecai no distrito de Hamedan (Irã) em retaliação ao plano de paz israelense-palestino do presidente Donald Trump, conhecido como “Acordo do Século”.
Ester tem sua história contada no Antigo Testamento bíblico, em um livro que leva o nome da própria rainha que viveu por volta de 470 a.C e foi casada com o rei Assuero, da Pérsia (também conhecido como Xerxes). Em 1935, a Pérsia mudou oficialmente seu nome para Irã, como o país é chamado atualmente.
O grupo Basij, uma ala estudantil do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, divulgou um comunicado no início deste mês ameaçando demolir o túmulo e substituí-la por um consulado palestino.
“Avisamos os Estados Unidos e ao regime sionista […] que o primeiro ato de realizar seus desejos imundos e o menor ataque à Palestina e ao santo al-Quds (Jerusalém) significa que eles não ocuparão mais um lugar como o túmulo de Ester […] vamos transformá-lo em um consulado da Palestina e vocês verão o cumprimento desta promessa”, declararam.
Ali Malmir, o diretor escritório de turismo de Hamedan, disse que não é possível demolir o túmulo, porque existem regras específicas para edifícios do patrimônio cultural que não podem ser violadas.
Porém, o chefe do grupo Basij em Hamedan, Tayeb Frydras, respondeu à declaração de Malmir dizendo que o Irã deve mostrar seu poder e que os direitos palestinos são mais importantes do que proteger os locais culturais judeus.
A Aliança pelos Direitos de Todas as Minorias no Irã (ARAM), um grupo de vigilância com sede nos EUA que monitora os direitos das minorias no Irã, informou que as “autoridades iranianas” se juntaram ao grupo Basij, pedindo a destruição do túmulo, mas a veracidade desta declaração ainda não foi confirmada.
A Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA disse que está “preocupada” com as ameaças à tumba de Ester e Mordechai “e enfatiza a responsabilidade do governo iraniano de proteger locais religiosos”.
Jonathan Greenblatt, chefe da Liga Anti-Difamação, classificou as declarações do Basij como “nojentas”, especialmente porque o povo judeu está a semanas de comemorar o Purim, um feriado dedicado a homenagear Ester e Mordechai. “Pessoas de todas as religiões devem se posicionar, antes que essa profanação ocorra”, disse ele.
foto: mrjohncummings