Meu amigo judeu
Por Roni Szuchman
Às vezes (não poucas vezes) quando comento com um não judeu, que eu sou judeu, o mesmo vem com a frase: “Eu tenho um amigo judeu!”
Realmente não sei se a intenção é mostrar que ele (a pessoa em questão) não tem nada contra judeus. Talvez todo não judeu se sinta obrigado a ter um amigo judeu, para não se sentir culpado.
Acho que vou abrir uma agência para fornecer judeus como amigos (olha o judeu tentando lucrar em cima).
Quando me vêm com esta frase, eu só respondo: “Ah”. O que deveria responder? “Muito obrigado pelo seu esforço”? “Não me faça este favor de ter um amigo judeu! A não ser na noite de natal, por favor me convide!”
Tem alguns que pioram a situação e me perguntam se conheço o Fulano. “Claro que sim, afinal só tem dois judeus no planeta, eu e ele!”
Isso já acontecia na minha cidade natal, onde geralmente me falavam que conheciam a Sinagoga e me indicavam o local da grande Mesquita da cidade…
Agora que moro em Israel o negócio piorou (não pouco):
“Deve ser uma experiência e tanto! Quando você volta?”. Como se Israel fosse um lugar exótico para se passar uma semana.
Eu, é claro, tento me pôr no lugar e me imaginar falando com um japonês. Qual seriam os meus comentários?
“Você mora em Tóquio?”, “Você come Sushi?”, “Tem muito japonês ai?”, “E quando você volta?”, “Eu tenho um amigo japonês!”
Dica útil: Nos judeus, apesar de não acreditamos no Natal, ficamos felizes com presentes! (Mantenha feliz o seu amigo judeu!).