Marcha da Bandeira acontece sem incidentes graves
Milhares de israelenses participaram do evento anual da Marcha da Bandeira de Jerusalém.
O desfile para o Muro das Lamentações tem como objetivo marcar a reunificação de Jerusalém Oriental e Ocidental durante a Guerra dos Seis Dias de 1967, mas ganhou notoriedade, ao longo dos anos, pelos discursos de ódio e pela violência de alguns participantes judeus de extrema direita contra os palestinos.
Este ano, apesar de de incidentes de violência e assédio por parte de participantes judeus, que entoavam cânticos e provocavam brigas com palestinos, ao atravessarem o bairro muçulmano da Cidade Velha, e das ameaças pré-marcha por grupos terroristas de Gaza, a manifestação terminou sem um grande incidente.
Dois anos atrás, o Hamas disparou uma saraivada de foguetes contra Jerusalém durante a marcha, levando a uma guerra de 11 dias entre Israel e Gaza.
O aspecto particularmente conflituoso da Marcha da Bandeira é sua rota através do Portão de Damasco e do Bairro Muçulmano, que são predominantemente usados pelos palestinos. Os críticos dizem que o comício foi planejado para provocar os palestinos, que são forçados pela polícia de Israel a fechar suas lojas para permitir a manifestação.
Como fez nos últimos dois anos, o governo Biden pediu a Israel para redirecionar a marcha para longe do bairro muçulmano. O governo anterior, mais moderado, já havia contrariado o pedido no ano passado e o atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, fez o mesmo.
Em um discurso, Netanyahu disse que garantiu que a marcha continuasse para enviar uma mensagem aos grupos terroristas de Gaza de que Israel não recuaria devido às ameaças.
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“Apesar das ameaças, e eu vou te dizer, por causa das ameaças, eu instruí a realizar a Marcha da Bandeira com seus muitos participantes no caminho original, através do bairro muçulmano”, disse Netanyahu durante um evento em Givat HaTahmoshet, marcando o Dia de Jerusalém.
Entre os manifestantes havia membros da coalizão, incluindo o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.
Cerca de 3.000 oficiais da polícia, que Ben-Gvir supervisiona, foram mobilizados dentro e ao redor da Cidade Velha para proteger a marcha.
A polícia disse que prendeu 10 pessoas antes mesmo do início formal da manifestação, às 16h, incluindo vários ativistas de esquerda que bloquearam temporariamente uma rodovia da Samaria e Judeia, fora de Jerusalém, tentando impedir que os colonos participassem da marcha. Várias outras pessoas foram detidas por provocar palestinos, disse a polícia.
A maioria dos participantes eram adolescentes religiosos, muitos dos quais vieram de ônibus dos seminários. Rotas separadas foram designadas para homens e mulheres para evitar danças mistas.
Nem todos os participantes da Marcha da Bandeira aprovam a rota do comício, e alguns preferiram evitar a parte que passa pelo Bairro Muçulmano, tomando um caminho alternativo aprovado pela polícia através do Bairro Armênio para chegar ao Muro das Lamentações.
Alguns evitaram completamente o comício nacionalista e participaram da nona Marcha das Flores anual pela Cidade Velha no início do dia.
Centenas de pessoas distribuíram flores aos moradores dos bairros muçulmano, cristão e armênio para espalhar uma mensagem de “amor, inclusão e solidariedade”. O grupo de coexistência Tag Meir, que organizou a Marcha das Flores descreveu a Marcha da Bandeira como “racismo e incitamento”.
Houve dezenas de incidentes de violência dentro e ao redor da Cidade Velha à medida que a tarde avançava. Um grupo de participantes arremessou pedras, garrafas de água, mastros de bandeiras e outros itens contra uma multidão de repórteres majoritariamente muçulmanos posicionados acima do Portão de Damasco.
Eles também agitaram bandeiras na frente das câmeras, xingando repórteres. Entre as dezenas que jogaram os objetos, havia vários que agitavam a bandeira negra da organização racista Lehava.
Várias brigas eclodiram entre adolescentes nacionalistas religiosos e adolescentes palestinos na Cidade Velha antes da manifestação, com a polícia chegando ao local logo em seguida e levando os palestinos para longe dos becos bloqueados para a marcha.
O deputado Yitzhak Kroizer, do Otzma Yehudit, disse ao The Times of Israel que a marcha é sobre “aplicar a soberania a todas as partes de Jerusalém” e celebrar a reunificação da cidade.
“Na Marcha da Bandeira demonstramos nossa felicidade pela reunificação de Jerusalém, a capital eterna do povo judeu, comemoramos com as massas do povo judeu e declaramos ‘o povo judeu vive’”, disse Kroizer, que estava acompanhado de seu duas filhas pequenas.
Kroizer disse que não tolera cantos provocativos e racistas que são comumente cantados no evento, mas insistiu que tais incidentes “não eram a essência” do evento.
Também se juntaram à Marcha da Bandeira legisladores do outro partido de extrema-direita da Knesset, o Sionismo Religioso, liderado por Bezalel Smotrich.
No início da manhã, legisladores do Likud e um ministro de Otzma Yehudit junto com cerca de 1.200 judeus visitaram o ponto crítico do Monte do Templo.
As visitas foram criticadas pelos Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Egito como provocações desnecessárias que arriscam inflamar ainda mais as tensões entre israelenses e palestinos.
O Monte do Templo é o local mais sagrado para os judeus, sendo o local dos dois templos bíblicos, enquanto a Mesquita Al-Aqsa no Monte é o terceiro santuário mais sagrado do Islã, transformando a área em uma importante fonte de tensão no conflito israelense-palestino. Muitos muçulmanos negam qualquer conexão judaica com o local e veem toda a presença israelense ali como uma provocação.
Imagens postadas online por um ativista na manhã de quinta-feira mostraram um grupo judeu orando abertamente no Monte do Templo, contrariando entendimentos informais segundo os quais os judeus podem visitar o local em determinados horários, sob restrições estritas e por uma rota predeterminada, mas não para rezar lá.
Embora não tenha havido grandes incidentes em Jerusalém Oriental ou na Samaria e Judeia, centenas de palestinos protestaram contra a Marcha da Bandeira ao longo da fronteira de Gaza e bandeiras palestinas foram penduradas na cerca da fronteira.
Fonte: The Times of Israel
Foto: Polícia de Israel
Participei da marcha das bandeiras e não vi nenhum incidente, nenhuma provocação e nenhum canto “racista” ou contra os palestinos. O que vi foi uma multidão alegre e pacífica com um único objetivo de comemorar a reunificação de Jerusalem.