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Longevidade

Por Nelson Menda

Impossível discorrer a respeito da longevidade sem mencionar o personagem bíblico que teria, segundo a tradição judaica, vivido exatos 969 anos. Refiro-me a Matusalém, pai de Lamek e avô de Noé. Qual Noé? O da arca, caros leitores. Atualmente, quando se menciona o nome de Matusalém, queremos nos referir aos longevos, pessoas que vivem mais do que a média dos demais seres humanos.

Será que as pessoas estão, efetivamente, vivendo mais? Além disso, tão importante quanto viver mais, hoje em dia, trata-se de viver melhor. Um dos pontos de interrogação que cerca os tempos que estamos atravessando é a própria expectativa de vida. Refiro-me às nossas próprias vidas. Quanto tempo iremos viver? Uma das possíveis respostas se encontra no nosso entorno familiar. Quanto tempo viveram nossos pais e avós?

Com o fenômeno da longevidade na ordem do dia, torna-se difícil encontrar respostas precisas para essas questões. Muitas das doenças que ceifaram a vida de parentes e amigos são hoje perfeitamente conhecidas. O hábito de fumar, sem sombra de dúvida, pode ser incluído entre um dos fatores que abreviam, comprovadamente, o tempo de vida de seus usuários. Nesse particular, temos de levar em consideração que o aparente progresso de supostas inovações tecnológicas como, por exemplo, os chamados vapes, são, na realidade, armadilhas para enganar os incautos. Os próprios charutos, que seriam menos danosos do que os cigarros, também se encaixam nessa categoria, que podemos chamar de “me engana que eu gosto”.

Tive a felicidade de tossir convulsivamente à primeira tentativa de experimentar um cigarro, em plena adolescência. Oferecido por um amigo da mesma faixa etária. Detestei a experiência e não quis repeti-la.

Quanto às bebidas alcoólicas, nunca gostei. Nesse particular, segui os passos do meu pai, que não fumava nem bebia. Apesar disso, uma enfermidade privou-nos de sua presença, precocemente, quando poderia – e merecia – ter vivido mais. Por sorte, a enfermidade que ceifou sua vida já dispõe, atualmente, de diagnóstico e tratamento.

Todavia, ao lado dos modernos recursos terapêuticos desenvolvidos pela ciência, despontou no horizonte uma leva de negacionistas. Gente que não “acredita” na conquistas científicas, como se a ciência fosse uma questão de crença e não de árduas pesquisas e pesados investimentos em prol da melhoria das condições sanitárias dos seres humanos. Um sábio afirmou, há tempos, que “não existem doenças incuráveis, mas enfermidades para as quais ainda não se conhecem tratamentos adequados”. Concordo em gênero, número e grau.

Por falar em doenças, a todo momento podem ocorrer variações genéticas de micro-organismos, para o bem ou o mal, ao mesmo tempo em que a ciência se esmera em identificá-las para poder enfrentá-los, se for o caso, com as armas adequadas. Entre as quais não se incluem, com absoluta certeza, crendices e superstições miraculosas. Como afirmavam os mais velhos, é sempre melhor prevenir do que remediar.

Foto: Maria Moustache e outras histórias da família Menda. Minha avó paterna, Mari Calvo Menda, nascida em Idernê/Andrinopla, Turquia, que falava ladino. Ela migrou para o Brasil e morou na nossa casa, em Porto Alegre. Como autêntica sefaradi, estava sempre de bem com a vida e tinha um excelente senso de humor. Viveu até os 95 anos.

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