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Livro sobre nazismo na Líbia interessa o mundo árabe

Um novo livro que chama a atenção para o Holocausto dos judeus líbios está despertando grande interesse no mundo árabe.

Uma publicação no Facebook, no Dia Internacional em Memória do Holocausto, revelou a história do diário escrito secretamente no campo de concentração de Jado, na Líbia, por Yosef Dadush, um membro da comunidade judaica local.

O livro “O Diário Oculto do Campo de Concentração de Jado” de Shlomo Abramovich foi publicado pela Yedioth Books.

O livro revela, pela primeira vez, o diário que Dadush conseguiu escrever sob o olhar dos guardas italianos e nazistas em um campo que funcionava, em 1942, no deserto ao sul de Trípoli.

Yosef Dadush fazia anotações, todas as noites, a lápis, em papel absorvente. Por mais de sete décadas, o diário foi mantido trancado em um armário que Dadush proibiu que fosse aberto até sua morte. Demorou mais quatro anos para seu filho, Shimon Doron, decifrar o manuscrito e traduzi-lo.

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O diário dá uma ideia da rotina da vida e das atrocidades no campo, desde a retirada dos judeus de suas casas em Benghazi, passando pelo transporte para o campo de concentração e até o período de detenção no campo.

As descrições de Yosef Dadush pintam imagens de terror, fome, doença e morte mas, por outro lado, também enfatizam a retidão do andar judeu e a resistência determinada dos prisioneiros aos abusos, humilhação e perigo de morte que se tornaram sua rotina diária.

No clímax do diário, Yosef Dadush descreve o enterro improvisado de sua filha, a pequena Ada, que morreu de tifo, e  que ele realizou no coração do deserto, em um buraco que ele cavou com as mãos.

“A onda de reações me chocou e me surpreendeu”, disse o autor do livro, Shlomo Abramovich. “As reações de ódio são esperadas e suas palavras são familiares, mas é fascinante ver que há interesse no mundo árabe para uma história do Holocausto.”

O autor acrescentou: “Pesquisas históricas e centenas de testemunhos mostram que havia boas relações entre judeus e árabes em países como Líbia, Marrocos, Egito, Iraque. Já em um livro anterior que escrevi sobre os judeus da Líbia, encontrei testemunhos de muçulmanos de Trípoli e outros que viam os judeus como irmãos e se opunham aos tumultos contra eles. Agora, o regime de terror de Kadafi não existe mais e os tempos de paz caracterizarão as relações de Israel com um número crescente de países árabes”.

Foto: Centro Patrimonial de Or Yehuda. Campo de concentração de Jado na Líbia

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