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Israel tem novo governo (talvez)

Por David S. Moran

Após quatro eleições gerais em dois anos de impasse, nas quais o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu não conseguiu formar nenhum governo estável e não permitiu a outros desalojá-lo da residência oficial, nesta quarta-feira (2) o grupo opositor encabeçado pelo deputado Yair Lapid, do partido Yesh Atid (Há Futuro, em hebraico) informou ao Presidente Rivlin, no último instante do prazo de 28 dias, que conseguiu formar nova coalizão governamental.

Esta coalizão chamada pelos seus sete partidos integrantes de “coalizão de Unidade Nacional” é chamada pelos opositores do Likud com os ultra ortodoxos de “coalizão sem Bibi Netanyahu” foi formada a duras penas e se se concretizar, não terá vida fácil. Netanyahu e seu coro chamam os opositores de “governo da esquerda, com partidos antissionistas e também árabe-israelenses”.

O Likud, encabeçado pelo premier Netanyahu obteve nas eleições em março último, 30 deputados, dos 120 que integram a Knesset e, por isso, o Presidente Rivlin lhe concedeu 28 dias para tentar formar novo governo. Rivlin que já foi deputado muito ideológico do Likud desentendeu-se, como muitos outros, com Netanyahu. Mesmo sendo do mesmo partido e aparentemente sustentarem a mesma ideologia, Netanyahu se opôs a Rivlin para a Presidência da nação. Depois de sete anos de presidência, Rivlin, muito a contragosto, lhe deu a oportunidade como manda a norma.

Netanyahu que conseguiu tirar da sua frente qualquer pessoa que pudesse ameaçar sua liderança, agora teve que apelar a Bennett (seu ex-chefe de campanha) e Ayelet Shaked (sua ex-chefe de Gabinete), agora líderes do Partido Yemina (Direita) e também ao Gideon Sa’ar (dos líderes do Likud e desafeto do Netanyahu), que nas últimas eleições correu no seu novo partido Tikvá Hadashá (Nova Esperança), que contou com o apoio de Zeev Elkin, ex Ministro e confidente do Netanyahu e que foi seu Líder de bancada e da coalizão governamental. Deixou-o pelo não cumprimento de promessas dadas. Só não tentou com o ex-Ministro, Lieberman, que foi Diretor Geral do Gabinete do Primeiro Ministro. Este o deixou por rivalidade pessoal.

Netanyahu, com pavor de perder o posto e ter que enfrentar a justiça em três acusações de fraude, suborno e favorecimentos a homens de negócios, fez e ainda faz de tudo para que o governo alternativo não tome posse. Nenhuma manobra será poupada. Mesmo antes, das eleições, Netanyahu, que se considera o líder da direita israelense, teve negociações com o líder do Ra’am (abreviação em hebraico da Lista Árabe Unida) e lhe fez tantas promessas, que deixou o Netanyahu de boca aberta, quando viu o deputado árabe-israelense, Dr. Mansour Abbas, assinando o endosso do Lapid para formar novo governo. Netanyahu sempre criticou os partidos árabe-israelenses e queria através do Abbas fazer cisão na Lista Árabe Conjunta, formada por quatro partidos árabes com expressiva representação no parlamento israelense. Quando o Dr. Abbas tem negociações com os oposicionistas, o premier esquece que ele o casheirizou e deu aval legítimo ao partido islamista e passa a acusá-lo de ser antissionista.

A luta é forte e ainda não finalizada. Seguidor fervoroso do ex-Presidente americano Trump, Netanyahu não quer deixar o governo. Promove manifestações em frente às casas de deputados que quer ver desertar dos seus partidos e unir-se a ele. Na quinta de manhã, chamou os líderes dos partidos de sua coalizão, principalmente dos partidos ultra ortodoxos, que nada têm a ver com Sionismo e lhes incentivou a trazer centenas de jovens hassidim para fazer manifestações públicas para continuar no governo.

O homem trágico nesta história é Yair Lapid, o líder do partido Yesh Atid. Ele que foi um apresentador na TV, escreveu livros, formou um novo partido do nada em 2012, sem políticos, juntou homens e mulheres de vários setores, representantes do centro israelense e logo obteve 19 cadeiras no Knesset, o segundo maior partido. Em 2015, fez uma aliança com o partido do Bennett e foi nomeado no governo do Netanyahu para ser o Ministro da Fazenda. Em dois anos, tirou Israel de um buraco orçamentário. Cortou verbas, tipo “bolsa familia” de familias de “haredim” que têm muitos filhos e queria implementar a lei para que seus jovens servissem o exército como os demais. Netanyahu se opos e Lapid se demitiu.

Lapid, o Hamlet da história, fez aliança com o recém-criado partido Kachol-Lavan (Azul e Branco) do ex-Comandante das Forças Armadas, Benny Gantz. Para substituir o Netanyahu cedeu ao Gantz para fazer o rodízio na chefia do governo, embora tivesse partido maior.

Nestas eleições, Lapid com 17 deputados, entendeu que teria que fazer grandes concessões. Concordou em dar a primazia para Bennett que tem apenas uma bancada de seis deputados.

Agora que anunciou ao Presidente de Israel que conseguiu formar coalizão governamental, sua tarefa será talvez mais árdua. Netanyahu, como já descrito, faz de tudo para quebrar a coalizão, não só com promessas a possíveis desertores, mas também com protestos e ameaças. Todos têm guarda costas e até juizes e a presidenta da Suprema Corte.

Se for empossado, o novo governo, Bennett servirá dois anos e depois o Lapid nos dois últimos anos. Só que dois anos na política israelense é uma eternidade. São sete partidos que o constituirão. Da direita, de religiosos, do centro, de leigos, de esquerda, inclusive o Trabalhista (sete deputados), Meretz (seis) e os quatro deputados da Lista Árabe Unida.

As brigas internas e as chantagens poderão infernizar a todos, até o ponto que não poderão mais. Aí vai prevalecer o benefício pesosoal ou do Estado. Se for o pessoal, em breve poderemos nos encontrar em mais uma rodada – a quinta – de eleições. O que estes partidos tão diferentes um do outro ideologicamente, têm em comum é tentar acabar com o governo liderado por Netanyahu, que está repleto de acusações de aproveitamento do poder e de corrupção.

Toda esta trágica saga poderia ser evitada, se o primeiro ministro Benjamin Netanyahu deixasse outro politico do seu próprio partido, o Likud, assumir o comando da agremiação. Nenhum politico boicota o Likud, mesmo que não apoie sua ideologia. Simplesmente, não querem a politica do Netanyahu. Até ser empossado o novo governo, se ainda tiverem 61 deputados apoiando, o premier, Netanyahu fará de tudo para que isto não aconteça.

Lapid, que já declarou no passado, que Israel deveria ter governo de até 18 ministérios, teve que aceitar as pressões de demandas e o novo governo a ser formado terá 28 Ministérios. A boa nova para os igualitários é que pela primeira vez terá grande representação femenina, oito ministras e também vice-ministro de partido árabe. Ademais, o primeiro ministro será Naftali Bennett, do Yeminá (Direita), religioso nacionalista.

Um comentário sobre “Israel tem novo governo (talvez)

  • O primeiro ministro e Naftali Bennett, do Yeminá (Direita), religioso nacionalista. Boa piada!! !!! De Religioso e nacionalista nao tem nada! So de ego e estupides se aliar com partidos que visam a destruicao de israel com o RAM(arabe) e Meretz (extrema esquerda)!!!

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