Israel e a lembrança do Holocausto-Shoá
Por David S. Moran
Logo depois de Pessach (Páscoa), que é a festa da libertação da escravidão dos judeus no Egito, vêm alguns dias sombrios, nos quais Israel se cobre de luto, que culminam com o dia mais feliz da história moderna de Israel, que é o Yom Haatzmaut (Dia da Independência).
Segundo o calendário judaico, ontem (24/04) foi o Yom Hashoá ve Hagvurá (Dia do Holocausto e do Heroísmo). Na véspera, as 20:00h, no Yad Vashem com a presença do presidente Herzog, do primeiro-ministro e dignitários deu-se o início às lembranças do Holocausto, quando judeus, principalmente da Europa, passaram horrores entre os anos 1939-1945, e 6 milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas e seus colaboradores, só pelo fato de serem judeus.
Na quinta-feira (24/04), as sirenes ecoaram as 10:00h em todo o país por dois minutos, paralisando Israel. Todos compenetrados com a lembrança dos dias sombrios, que tocam a quase toda a população. Seja diretamente, dos cerca de 120.000 sobreviventes do Holocausto em Israel, seja dos parentes, amigos e/ou alunos das escolas e dos movimentos juvenis. Neste dia, todos são informados de que se houver um alarme verdadeiro, as sirenes ecoarão com sons intercalados altos e baixos.
Em todo o país há “conversas no salão” em que sobreviventes contam à plateia do que passaram durante a época do Holocausto. As rádios e TVs só transmitem relatos desta época. Nos cinemas só filmes que tratam desta nefasta época. Relembrar e Jamais Esquecer. Dia triste.
Este ano, é o 80º aniversário da libertação do famigerado campo de concentração de Auschwitz que sinaliza o fim da 2ª Guerra Mundial. Seis sobreviventes de 88 a 96 anos acenderam 6 tochas em memória aos 6 milhões de judeus assassinados. O público foi convidado a ir acender velas no museu principal do Holocausto, o Yad Vashem, em Jerusalém. Ao mesmo tempo, na Polônia milhares de pessoas vindo do mundo todo acompanharam o presidente de Israel junto com 80 sobreviventes do Holocausto e a eles foram integrados sobreviventes da tragédia do dia 7 de outubro de 2023. Eles caminharam de Auschwitz para o campo de Birkenau.
Uma semana depois, na quarta-feira (30/04) é o dia da recordação dos soldados que caíram para que Israel se tornasse uma nação livre, democrática, próspera e independente. São cerca de 25.500, que inclui os que tombaram na luta pré-independência e também inclui policiais, agentes do Mossad e do Shabak (ex-Shin Bet). Na véspera, nas escolas, os alunos, pais e convidados estatão presentes às apresentações referentes a guerra da Independência. No dia seguinte – este ano pelo calendário judaico cai no dia 1º de maio – eclode a festa do Dia da Independência, que este ano é o 77º ano, na era moderna.
Israel ainda sofre de grave preconceito e luta pelo seu reconhecimento do mundo árabe e muçulmano. Israel sofreu o maior e mais doloroso ataque desde a Segunda Guerra Mundial, no dia 7 de outubro, de 2023 e esta guerra ainda continua. Nas mãos da organização terrorista Hamas estão 59 israelenses, entre vivos e mortos. As ondas de antissemitismo aumentaram muito nesta época no mundo e são consequências de financiamento de países como o Catar, entre outros.
Segundo dados da agência que trata dos sobreviventes do Holocausto, a Claims Conference, no mundo vivem cerca de 200.000 sobreviventes do Holocausto, espalhados em 90 países. A maioria vive em Israel, 110.100 pessoas, nos Estados Unidos, cerca de 34.600, nos países da antiga URSS, cerca de 25.500. Na França são 20.000, na Alemanha, 12.500, no Brasil cerca de 250 e na Argentina 170 sobreviventes. Há mais de 1.400 com a idade de 100 anos e mais. Dado pessoal, minha mãe, a Senhora Hana Markovits, que era sobrevivente dos campos de Auschwitz e Ravensbrück de quase 105 anos, faleceu em São Paulo, no dia 07/12/2024. Assim, com o passar do tempo, as “vítimas testemunhas” dos horrores do nazismo vão diminuindo e daqui a alguns anos só poderemos saber desta época através de livros e pesquisas.